A bomba ou a vida!
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- Raymundo Araujo
- 29/09/2010
Escrevi este artigo em 23/12/2007. Hoje, penso que a bomba que vai mudar o mundo, ou ao menos estabelecer um combate mais acirrado ao Império, será a do Irã. Vai ser duro, mas antes da desativação de TODAS as bombas atômicas do mundo não há como reprimir o desejo e a autonomia do governo iraniano.
Ao artigo:
Escrevo este artigo em função de mais um desses abaixo-assinados internéticos que me chegou, solicitando que a própria sociedade européia seja contra a bomba atômica... dos países europeus.
Compartilho com vocês um pensamento que tem me assaltado ultimamente sobre o uso da energia nuclear.
Na década de 70 achávamos que algo estava por vir, algumas experiências políticas e sociais ainda não tinham sido experimentadas e fracassadas, o desastre ambiental em curso ainda não tinha suas definitivas cartadas expostas na mesa.
A globalização e a nova fase do capitalismo (o neoliberalismo) apenas se esboçavam. O capitalismo de Estado soviético começava a ser questionado e o capitalismo de Estado chinês apenas engatinhava, para ser esta merda que é hoje.
As lutas pacifistas e focos de reação às ditaduras persistiam. A contracultura ainda vicejava e rompia cercas das mídias, conquistando amores, corações e mentes.
Ainda não havia a hegemonia absoluta dos EUA, comandando o mundo. O efeito estufa, ao invés de constatado era denunciado.
O Oriente Médio não estava sob intervenção militar ocidental, apenas digladiavam-se entre eles. A Índia e Israel ainda não tinham a bomba atômica, nem tampouco o Irã ameaçava fazer a sua. Não havia bombas atômicas espalhadas em dezenas de repúblicas pseudo-autônomas, como são as ex-URSS.
Hoje, os conflitos estão deflagrados. Muito acirrados, prenunciando uma era de incertezas e muito lucro gerado sob a falácia da despoluição do planeta, pela reconstrução de países devastados por guerras de ocupação e pela fabricação de armamentos, preservando o desenvolvimento desigual e exploração de 90% da população pelos restantes 10%, e com um poderio militar, bélico e geopolítico difícil de combater - ao menos só com papo.
Tínhamos um sonho e a sensação de ser possível chegarmos ao século XXI com algumas importantes mudanças operadas através da persuasão, apoiada em uma grande força mobilizadora da população e com algum apoio de forças populares, militarizadas até.
Nada disso aconteceu!
Deflagrou-se a internacionalização da guerra imperialista, de conquista de povos e fontes de energia. O conflito ideológico acirrou-se, com grandes desvantagens para os que almejam justiça e algo mais do que a mediocridade geral. A pasteurização cultural é a norma. A centralização da mídia em oligopólios é o que temos.
A população do chamado primeiro mundo está armando e elegendo governos de direita e de acordo com o seu domínio militar do mundo. Não acho mais que irão, por força de abaixo-assinados, modificarem suas posições.
Um país como a Venezuela, oponente dos EUA, se não tiver armas, sucumbirá à ocupação militar estadunidense e de aliados. Sob os nossos protestos e abaixo-assinados, veremos guerreiros contra o império serem assassinados. Apenas isso. E pensaremos neles no Natal, entre perus e rabanadas.
O Brasil, loteado e ocupado que está por interesses de oligopólios nacionais e estrangeiros, representantes das mais nojentas elites mundiais, não se libertará no papo. Infelizmente.
Visto isso, penso que eu trocaria as setenta usinas nucleares para geração de energia elétrica que o Lulla acaba de anunciar pelo início da confecção de nossa bomba nuclear, para que possamos defender nossa população e nossas riquezas da cobiça das elites internacionais e nacionais. E com o compromisso de só usá-la caso algum país tente nos invadir.
O custo ambiental do poluente enriquecimento do urânio, necessário nas duas opções, seria muito mais baixo no caso da bomba atômica. O risco de uma grande centralização do controle da Energia Elétrica seria muito menor se optássemos pela bomba atômica e não pelas usinas nucleares. E os riscos de acidentes, infinitamente menores...
Portanto, romantismos à parte, ficar pedindo para a sociedade reacionária da Europa que deponham as armas, estando eles interessados nas riquezas do Oriente Médio, Ásia e da América Latina, me desculpem, mas é muito pueril.
Sou mais a favor que proponhamos a construção de nossa própria bomba atômica, para fins pacíficos, de defesa de nossa própria sobrevivência, anti-invasão.
Mas não para defender o Brasil de uma suposta invasão pela, pasmem, Venezuela, como se atreveu a escrever um desses generais aloprados, saudosos da ditadura militar.
Precisamos é nos preparar para a invasão da Amazônia latino-americana, já em curso, atualmente articulada sob o nome de gestão internacionalizada da Amazônia, ou parecido. A preparar terreno para a utilização da força reserva dos EUA, estacionadas em 19 bases militares ianques, espalhadas em nosso continente, em algum ponto não muito distante das próximas décadas. No caso de tentarmos reagir e impedirmos o roubo e a exploração de nossas riquezas e população.
Portanto, não temos o direito da inocência. Precisamos saber quem nos ameaça, verdadeiramente. E precisamos nos defender.
Para isso, proponho que façamos um documento que seja assinado também por progressistas da Europa, EUA, Canadá, Austrália, Japão e até da China, nos encorajando a confeccionar a nossa própria bomba atômica.
Adoraria ver o Noam Chomski, o Saramago, o James Petras ‘Doris Lessing’ e até o Dalai Lama, entre outros, assinando um abaixo assinado desses.
Poderia ter um nome, este documento: ‘A bomba da paz’ (homenageando a retórica dos EUA) ou mesmo o título deste artigo, ‘A bomba ou a vida’!
Raymundo Araujo Filho é médico veterinário homeopata e quer virar barata para sobreviver à hecatombe nuclear...
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Comentários
Os EUA atrave4s dos seus B 52, transporta bombas atomicas. POis na era Palavi, os EUA tinham planos de instalar misseís nucleares no Irã.
Não sou Deus para ter ou não de perdoar ninguém. Como já te disse, lamento pelo Povo Brasileiro pela sua ignorância (= desconhecimento)de coisas básicas, como o fato de que na História Mundial DE TODOS OS TEMPOS, nunca houve nenhuma conquista do Povo sem muita luta, com sangue, suor e lágrimas, etapa superior do "papo furado", método imposto pela burguesia, igreja e pela Ex Esquerda Corporation S.A, todos mortos de medo de entregar os destinos dos Povos, ao Povo.
Política não se faz com profissão de Fé, mas sim com acompanhamento e interpretação dos fatos. O resto é covardia ou ignorância, ou os dois juntos.
O que está querendo dizer é aquela velha história do "...se queres a paz, te preparas para a guerra?"
Sei não. Sinto-me ousada querendo opinar sobre seu artigo, mas acho que o tal abaixo-assinado que mencionou no mesmo, se ainda não se encerrou, deve ser levado à frente. Eu o assinaria, se me tivesse chegado em mãos.
Não acho que devamos nos armar para garantir a paz. Bem, perdoe minha ingenuidade.
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