Correio da Cidadania

‘Entre Kadafi e a OTAN, Líbia está na iminência de uma tragédia’

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Com o agravamento da crise política da Líbia, que agora sofre intervenção militar da OTAN, sob o forte jugo dos EUA e dos principais países europeus, o Correio da Cidadania entrevistou o jornalista Jose Arbex Jr., para tratar do país de Kadafi e de toda a região, abalroada por revoltas populares a partir de diferentes valores estratégicos para os donos do mundo.

 

Para o também professor da PUC e um dos editores da revista Caros Amigos, a situação líbia chegou a um estágio no qual resta a tragédia pela frente, pois qualquer dos lados em batalha não tem a mínima pretensão de atender à totalidade dos interesses do povo deste país. No que se refere ao excessivo foco do Ocidente e da mídia sobre a Líbia, enquanto outros países passam pela mesma onda de protestos e violência, registrando centenas de mortes, Arbex volta a atacar o imperialismo e suas ambições econômicas. Afinal, a Líbia é fundamental supridora de petróleo, especialmente para a Europa.

 

De acordo com Arbex, acima de tudo está em jogo a situação da economia mundial, que pode sofrer outro duríssimo golpe em meio a uma já quase incontornável crise econômica. Com o prolongamento dos conflitos e a ameaça a regimes fantoches (como a ‘imprescindível’ monarquia da Arábia Saudita), o fluxo e o preço do petróleo podem ser radicalmente atingidos.

 

Diante da importância geopolítica da região e da necessidade de líderes nacionais submissos, Arbex aponta para a perspectiva de uma mudança política controlada em direção a qualquer esboço de democracia - na Líbia e em todo o Norte da África e Oriente Médio.

 

Correio da Cidadania: Como avalia o atual momento das revoltas populares no Oriente Médio e no Norte da África, afetando toda a comunidade árabe e a geopolítica local?

 

José Arbex: Uma avaliação correta de tais conflitos tem de levar em conta a situação financeira e econômica mundial, por uma simples razão: essa é uma região que abastece o mundo de petróleo, um ativo fundamental pra movimentar a economia internacional. Ora, num quadro em que essa economia mundial ainda tenta debelar a crise de 2008, com passos muito claudicantes nesse sentido - bastando ver a crise da Grécia, as situações absolutamente periclitantes em Portugal e Espanha ou mesmo dentro dos próprios EUA –, pode-se ver que um distúrbio nesse momento no fluxo de petróleo, ou boatos que gerem pânico sobre isso, aumentando o preço do barril, incide diretamente na economia mundial.

 

Alguns economistas, aliás, dizem que 10 dólares de aumento no preço do barril acarretam a diminuição de 0,25% do PIB mundial. Portanto, é óbvio que, se essa situação continuar do jeito que está, prolongando-se por muito tempo, vai explodir a economia mundial, pois esta não agüenta segurar o preço do petróleo acima dos 120 dólares, como já está hoje.

 

Dessa forma, a crise dos países árabes tem significação planetária. E é isso que está em jogo no momento: não a crise da Líbia, do Egito, do Bahrein, nada disso, mas sim a situação da economia mundial.

 

Correio da Cidadania: Em que a situação líbia se diferencia dos casos egípcio e tunisiano?

 

José Arbex: Focando no Egito, o caso mais exemplar, tem uma diferença brutal, que é a seguinte: o exército egípcio é fonte de orgulho nacional, foi formado com base no nasserismo, de Gamal Abdel Nasser, fundador do pan-arabismo, surgido em 1956 depois da vitória dele e de seu povo pela nacionalização do Canal de Suez, o que ocorreu em julho daquele ano. Depois, França e Inglaterra armaram uma ofensiva pra retomar o canal, Nasser armou a população egípcia, foram para o combate e as forças conjuntas de Israel, França e Inglaterra foram derrotadas. Isso deu ao exército e a Nasser uma reputação ímpar de liderança e representação do espírito árabe no Egito e Oriente Médio.

 

Depois disso, foi derrotado na Guerra dos Seis Dias, também criou um governo autoritário etc. Mas o que interessa é que o mito Nasser sobreviveu ao político. O mito é mais forte que o político, sendo que o exército carrega essa mística, com a mitologia de ser aliado do povo. Desse mito, o exército tira o grande prestígio do qual desfruta, o que explica por que não quis atirar nos manifestantes nos protestos que derrubaram o regime, uma vez que tal prestígio lhe confere muito poder. O próprio Hosni Mubarak era militar e da turma do Nasser. Portanto, tal prestígio fez com que, de certa forma, a nação egípcia ficasse mais coesa em torno do exército. Isso deu uma unidade para o movimento no Egito que não existe na Líbia.

 

Lá é o contrário. Na Líbia, o Kadafi tomou o poder numa situação de guerra de tribos - existem pelo menos 140 tribos na Líbia. O Kadafi conta com o apoio de uma parte delas e a oposição com outra parte; ele tem o exército líbio, mas também uma força paramilitar de 10.000 homens que controla diretamente. Assim, na Líbia não existe coesão nacional. Além do mais, a Líbia é uma junção de três regiões (sendo a Cirenaica a que mais tem petróleo) que jamais foram completamente integradas como um único país. Não é o que acontecia no Egito, onde a situação é radicalmente diferente.

 

Aliás, não creio que a situação tenha chegado ao final no Egito, as contradições continuam. O Mubarak na verdade não foi tirado do poder. Já não é o presidente, mas está é passando uma temporada de férias na casa da praia. Não aconteceu nada com ele, não houve punição, todo o aparato construído por ele segue intacto e, mais cedo ou mais tarde, seu nome voltará à pauta das manifestações. A situação não foi resolvida, mas é fundamentalmente diferente da existente na Líbia.

 

Correio da Cidadania: O que pensa da decisão de intervenção militar tomada pela ONU, e apoiada, entre outros, por EUA, França e Inglaterra, escudados pela OTAN?

 

José Arbex: Sou absolutamente contrário. Penso que qualquer ser humano minimamente informado sobre o status do mundo tem que ser contra. A idéia de que a OTAN está lá para fins humanitários só pode ser piada. Até dias atrás o Kadafi era tido como amigo dos países da OTAN; o Tony Blair foi visitá-lo, Berlusconi também. O Kadafi tem vários interesses em empresas multimilionárias européias, nos EUA e, ademais, a partir de 2005, após conversas com o Bush filho, abriu a Líbia para a Exxon, a Brittish Petroleum, Texas Petroleum, ENI, enfim, várias grandes empresas petrolíferas desses países, além de ter aberto o país à indústria térmica estadunidense e também às empreiteiras, inclusive brasileiras.

 

Dessa forma, a Líbia se transformou num parque de diversões das transnacionais, com o Kadafi lá. Portanto, essa idéia de que a OTAN está lá para defender os interesses do povo líbio é uma bobagem que não resiste à mínima memória histórica. Nos países em que a OTAN intervém, é massacre atrás de massacre. Por isso sou totalmente contra a intervenção, o que não significa que apóio o regime de Kadafi.

 

Acho que esse regime é o fim do mundo; como disse, ele transformou o país em um parque de diversões de transnacionais, o que me leva a dizer que a Líbia está na iminência de uma tragédia. Quero dizer que, qualquer seja a solução, não há no horizonte visível, em minha opinião, alternativa alguma que atenda aos interesses reais do povo líbio. Se a OTAN ‘ganhar’ e ficar por ali, será uma tragédia; e se o Kadafi ganhar; será outra tragédia.

 

Qualquer que seja, a solução será trágica ao povo líbio. Somos obrigados a dizer, mas é fato, não vejo nenhuma solução e não creio que ela passe por alimentar a ilusão de que as tropas da OTAN vão virar tropas da madre Teresa de Calcutá e vão ficar dando comida e assistência social e médica à população.

 

Correio da Cidadania: Diante dessa conhecida abertura total do país às empresas transnacionais, como fica o argumento de algumas correntes progressistas e de esquerda que se colocam contra a intervenção militarista na Líbia, sob a alegação de que o ditador Kadafi foi durante muitos anos um opositor dos interesses norte-americanos na região, tendo inclusive adotado uma política econômica na contramão do neoliberalismo? Não soa anacrônico hoje tal argumento?

 

 

 

José Arbex: Exatamente. Houve uma transformação gradual, lenta e irresistível do regime do Kadafi a um governo francamente alinhado com os países da OTAN. Não dá mais pra tratá-lo como se fosse o antigo Kadafi. É um equívoco de boa parte da esquerda mundial, principalmente do Chávez, defendê-lo dessa forma.

 

Correio da Cidadania: O que diria com relação à posição de abstenção do Brasil na votação da ONU quanto à intervenção militarista na Líbia?

 

José Arbex: Bom, o Brasil mantém sua tradição de tentar uma solução pelo diálogo, sem entrar em confronto direto com o imperialismo, como foi feito no caso das instalações nucleares do Irã.

 

Eu a considero uma posição interessante no sentido de que pelo menos – pelo menos – o Brasil não está fazendo eco ao imperialismo, dizendo ‘sim, senhor’. Claro que há outros interesses nessa posição, mas ao menos não é somente abaixar a cabeça e abanar o rabo para o imperialismo.

 

No entanto, está muito longe do que podia ser. O Brasil hoje tem condições, ou teria, de fazer denúncias da política de pilhagem da OTAN e da intervenção imperialista nos países onde ocorre tal pilhagem. O Brasil poderia assumir uma posição diplomática muito mais forte do que costuma assumir.

 

Dessa forma, não fico na posição de elogiar a política externa brasileira e avaliá-la como antiimperialista, porque não é. Mas existem essas nuances, nem tudo é preto ou branco, temos de enxergar esses aspectos. E a posição brasileira tem a nuance de que, pelo menos em um aspecto, é interessante.

 

Correio da Cidadania: E por que um foco tão direcionado e intenso do mundo todo em direção à Líbia, quando sabemos que outros países na região vivem momentos tensos e de dura repressão aos rebeldes, como Bahrein e Iêmen, Síria, Arábia Saudita, somando centenas de mortes também?

 

José Arbex: Porque há uma razão de ordem prática e outra de ordem estratégica. Qual é a de ordem prática? As exportações de petróleo da Líbia pra Europa despencaram brutalmente. Alguns falam em 50%, mas outras fontes falam em 25%. Ou seja, a Líbia está exportando muito menos petróleo à Europa em meio a esses conflitos. E eles estão apavorados, pois dependem do petróleo líbio e não têm como recompor as reservas.

 

Essa é, portanto, a razão de ordem prática, a premência de tempo de retomar logo o fluxo. E a questão de ordem estratégica é exatamente pelo fato de o regime do Kadafi ter uma história anterior distinta dos demais países da região – Emirados Árabes, Arábia Saudita etc. Se a OTAN conseguir sufocar a rebelião na Líbia - onde supostamente haveria uma camada da população que visa a transformação antiimperialista, capaz de ter uma ideologia mais alternativa - e controlar o país, estará dado o recado aos demais países árabes: "olha, cuidado, mesmo na Líbia, conseguimos controlar a situação, então se cuidem".

 

Por isso penso que a Líbia virou um ponto chave na região toda. Se avaliarmos os outros países mencionados, onde há uma repressão brutal, como o Bahrein, veremos que quem promove a repressão é a Arábia Saudita, que ultrapassou suas fronteiras e está fazendo o serviço sujo por ali. E a Arábia Saudita ocupa uma posição absolutamente estratégica na história toda.

 

Correio da Cidadania: Por quê?

 

José Arbex: Primeiro porque a monarquia saudita é guardiã dos locais sagrados do Islã. É lá onde estão Meca, Medina, os principais templos da religião islâmica... E é a primeira vez que a monarquia saudita se mete numa situação desse tipo, em que suas tropas estão matando muçulmanos. Isso é gravíssimo. Imagine como está a comunidade muçulmana mundial nesse momento ao saber que a maior guardiã dos principais locais sagrados do Islã está matando islâmicos em nome de interesses petroleiros. Isso provoca um desgaste de legitimidade para a Arábia Saudita muito grave, do ponto de vista do imperialismo, porque a Arábia sempre foi sua incondicional aliada.

 

E, além disso, a Arábia Saudita é o único país que detém reservas e meios técnicos para manter o fluxo de petróleo para a Europa e o resto do mundo, mesmo que sequem todas as outras fontes.

 

Portanto, a Arábia Saudita é vital, não pode estourar nada lá, se não, ferrou. Creio que é até por isso que as notícias sobre esse país são divulgadas em pílulas, mantidas em low-profile, como se não interessassem.

 

Correio da Cidadania: Considerando ser a Líbia um país não unificado, composto por diferenciadas tribos e regiões em um extenso território, como já salientado, não se abre uma possibilidade considerável de cisão do país em pelo menos dois?

 

José Arbex: Creio que a OTAN pode trabalhar tal possibilidade, até para assegurar o controle das regiões mais ricas em petróleo. É uma possibilidade estratégica que a OTAN pode estar levando em consideração. Existem especialistas que já dizem isso, que uma das estratégias da OTAN seria tentar dividir a Líbia em três regiões, pegar aquela mais rica em petróleo e deixar as outras duas entregues ao caos.

 

Correio da Cidadania: Fazendo da Cirenaica um Bahrein?

 

José Arbex: Provavelmente.

 

Correio da Cidadania: Diante de tudo que foi dito, desse desgaste que certamente abriu os olhos de enorme parte do público para o despotismo que reina de forma generalizada na região, como deve caminhar o conflito em sua opinião de agora em diante? Há indício de evolução para algum tipo de processo ‘revolucionário’?

 

José Arbex: Sim, o processo revolucionário está em curso. O problema é que não há uma direção, ninguém sabe pra onde está indo essa onda toda. Não existe uma força organizada que dê o norte, mas a revolução está acontecendo.

 

Eu lembro como exemplo o que aconteceu na Argentina em 2001. Havia senhoras de classe média, bem vestidas, saindo às ruas, o povo enfrentando a polícia, saqueando supermercado, tirando presidente da Casa Rosada no chute etc... E depois de tudo, o que aconteceu? Acabou acontecendo que, por falta de uma direção que dissesse o que fazer, voltou ao poder o peronismo, o Kirchner. Quer dizer, o anticlímax! O povo faz tudo, a revolução, tira os caras do poder, mas não tem direção e aparece o Kirchner pra pegar a cocada.

 

Eu acho que são processos assim que tendem a se desenrolar no Oriente Médio e no norte da África, com uma diferença: o petróleo. Na Argentina, não havia a "urgência" de resolver o assunto como ocorre nos países árabes agora. Porque o petróleo do mundo está nesses países e, em função disso, a crise não pode se arrastar por tempo indeterminado. Esse é o dado de urgência que torna a crise de agora mais dramática.

 

Correio da Cidadania: Há pouco tempo, nos dias que cercaram a queda de Mubarak no Egito, entrevistamos a historiadora Arlene Clemesha, que afirmou acreditar na tendência de se caminhar para "democracias representativas" na região. Você concordaria com tal análise a essa altura?

 

José Arbex: Não acredito nisso. Acho que a Arlene se deixou levar muito mais por otimismo, o wishful thinking. Nem no Egito creio nisso. Creio que o que ela disse resultou mais de um desejo de ver as coisas assim do que dos dados da realidade. Para se chegar a uma democracia representativa, precisa-se, no mínimo, de órgãos de representação razoavelmente legítimos, uma população que participe da vida pública e seja respeitada como opinião pública...

 

Correio da Cidadania: Condições totalmente inexistentes em tais países...

 

José Arbex: Em todos esses países. Aliás, até no Brasil. Eu sou daqueles que pensam que o Brasil está muito longe de ser uma democracia representativa, liberal ou o que o valha. Temos uma aparência de democracia representativa, eleições, não sei o que, mas entre a aparência e o fato... Não dá pra chamar de democracia um país com a desigualdade econômica do Brasil. E no Egito, quando vão começar a resolver isso?!

 

Dessa forma, penso que a Arlene está muito mais agindo por otimismo do que fazendo a análise mais realística do que ocorre por lá.

 

Correio da Cidadania: Dessa forma, para a população conseguir se organizar e participar de fato da vida política de seus países, um longo e incógnito caminho teriam ainda que ser percorridos?

 

José Arbex: Vai custar caro. Até porque, como eu disse, o Hosni Mubarak não saiu do poder. Está lá ainda.

 

Correio da Cidadania: Qual seria a saída por você considerada ideal, aquela que a comunidade internacional deveria adotar, considerando a atual situação geopolítica e a extensão já atingida pelos conflitos?

 

José Arbex: Comunidade internacional quem? Quando falamos em comunidade internacional estamos nos referindo a quem exatamente?

 

Correio da Cidadania: Digamos que, num exercício de idealismo, a uma comunidade internacional que buscasse a saída adequada e justa. Aquela que atuaria no interesse dos povos.

 

José Arbex: É que essa expressão eu não consigo levar a sério... Não consigo entender o que significa, não sei o que é. Eu penso que existem interesses internacionais solidamente estruturados. Interesses internacionais financeiros, banqueiros, petrolíferos, da indústria de armamentos. E tem a classe trabalhadora, o povo, que passa fome no Oriente Médio, com preços de alimentos cada vez mais extorsivos...

 

Quanto ao interesse dos povos, ele consiste em fazer cair essas ditaduras todas e varrer o imperialismo. Mas a perspectiva de que isso aconteça sem uma direção real é muito wishful thinking.

 

Correio da Cidadania: Finalmente, o que esses momentos iniciais do governo Dilma te dizem da nossa nova diplomacia relativamente à anterior?

 

José Arbex: Trata-se em parte do que já falei. Não vejo muitas modificações. Aliás, nem em relação ao governo FHC acho que houve grandes mudanças na diplomacia.

 

O Itamaraty mantém uma certa tradição de formulação de política externa dentro daquilo que se chama de pragmatismo. O que eu considero uma grande porcaria, mas é assim.

 

Por exemplo, o que pouca gente sabe é que, quando houve um boicote do petróleo para a Venezuela, assim que o Chávez ganhou as eleições, o Fernando Henrique determinou o abastecimento de petróleo brasileiro para a Venezuela, para evitar o desabastecimento deles. Foi o FHC que fez isso. Uma atitude que decorre da tradição do Itamaraty, que eles chamam de pragmatismo ou coisa assim.

 

Não creio que teve nenhuma grande mudança.

 

Valéria Nader, economista, é editora do Correio da Cidadania; Gabriel Brito é jornalista.

 

Leia mais:

 

‘Revoltas árabes tendem a resultar em democracias participativas, já um grande avanço’ - entrevista com a historiadora Arlene Clemesha, chefe do Centro de Estudos Árabes da USP.

 

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