Correio da Cidadania

Greve dos bancários fecha a semana sem acordo

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Um balanço feito pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região mostra que 943 locais de trabalho, sendo 28 centros administrativos e 915 agências, fecharam nesta sexta-feira (16), 11º dia de greve dos bancários, na base do Sindicato (São Paulo, Osasco e Região). Estima-se que mais de 59 mil trabalhadores participaram das paralisações.

 

Nesta quinta a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) e o Comando Nacional dos Bancários se reuniram para a 8ª rodada de negociação, mas os bancos mantiveram a proposta com perda real de 2,39%.

 

“Os bancos lucram R$30 bilhões em seis meses, cobram as mais altas taxas de juros do mundo para os clientes e quando vão propor reajuste para os trabalhadores querem mudar a lógica da negociação coletiva no Brasil de forma unilateral, argumentando que temos de pensar na inflação futura. A negociação deve recompor o poder de compra perdido nos últimos 12 meses. Os juros do cheque especial subiram mais de 70 pontos percentuais nesse período e os bancários não podem ter seu salário reajustado?” questiona Juvandia Moreira, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região e uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários.

 

Taxa de Juros

 

A taxa de juros, mantida alta, encarece o crédito e contribui para inibir o consumo das famílias e o investimento das empresas, fatores necessários para a retomada do crescimento. Em junho de 2016, os juros do cartão de crédito chegam a 447,44% ao ano e os juros do cheque especial chegam a 286,27% ao ano. Os bancos e fundos de investimento são os principais beneficiários dessas elevações da Selic, já que detêm cerca de 44% da dívida pública e são altamente remunerados com a alta nos juros. O dinheiro hoje vai para pagar banqueiros e investidores.

 

O setor mais lucrativo do país negou as principais reivindicações da categoria, com o argumento de que a economia está incerta, mas só no primeiro semestre os bancos tiveram um resultado de R$ 107,2 bilhões com títulos, muito influenciados pelo elevado patamar da taxa Selic no país. Enquanto todos perdem os bancos seguem ganhando.

 

Mobilização

 

Data-base dos bancários é 1º de setembro. A categoria entregou pauta com as reivindicações no dia 9 de agosto e, após cinco rodadas de negociação com a federação dos bancos (Fenaban), não houve acordo para o índice de reajuste e demais reivindicações. No dia 30/08 os bancos apresentaram proposta com reajuste de 6,5% com R$3.000 de abono para os trabalhadores.

 

Categoria, após assembleias realizadas em todo o país no dia 01/09, rejeitou proposta e greve teve início no dia 06/09. A segunda proposta aconteceu no dia 09/09, com reajuste de 7% (com 2,39% de perda salarial) e abono de R$3.300, rejeitada na mesa de negociação.

 

Direito de greve

 

O direito de greve está previsto na Constituição Federal e prevê algumas exigências, como a publicação de aviso de greve em jornal de grande circulação. O Comando Nacional dos Bancários também encaminhou às instituições financeiras o calendário até a deflagração da greve (por lei, a greve deve ser aprovada em assembleia dos trabalhadores e, após isso, comunicada ao empregador com antecedência de 72 horas). Essas determinações da lei foram rigorosamente seguidas pelo Sindicato. Para o empregador, a Lei de Greve proíbe a dispensa de trabalhadores ou a contratação de funcionários substitutos durante o período de paralisação.

 

Dados da Categoria

 

Nos últimos doze anos, a categoria conseguiu aumento real acumulado entre 2004 e 2015 de 20,85% e 42,1% no piso.

 

Principais reivindicações Campanha Nacional Unificada 2016:


•      Reajuste Salarial de 14,78%, sendo 5% de aumento real, com inflação de 9,31%
•      PLR – três salários mais R$ 8.297,61
•      Piso – Salário mínimo do Dieese (R$ 3.940,24)
•      Vales Alimentação, Refeição, 13ª cesta e auxílio-creche/babá  – Salário Mínimo Nacional (R$ 880)
•      14º salário;
•      Fim das metas abusivas e assédio moral – A categoria é submetida a uma pressão abusiva por cumprimento de metas, que tem provocado alto índice de adoecimento dos bancários;
•      Emprego – Fim das demissões, ampliação das contratações, combate às terceirizações e precarização das condições de trabalho
•      Melhores condições de trabalho nas agências digitais
•      Mais segurança nas agências bancárias
•      Auxílio-educação

 

 

Proposta Federação Nacional dos Bancos (Fenaban): dia 09/09


Pagamento de um abono no valor R$ 3,3 mil para todos os bancários e um índice de reajuste dos salários e benefícios de 7% (perda real de 2,39%).

 

Como é hoje:

 

Piso escritório após 90 dias - R$1.976,10

Piso caixa/tesouraria após 90 dias - R$ 2.669,45

PLR – Regra básica: 90% do salário + 2.021,79 (podendo chegar a 2,2 salários) e parcela adicional: 2,2% do lucro líquido dividido linearmente entre os trabalhadores, com teto de R$ 4043,58

Auxílio-refeição: R$ 29,64 por dia

Auxílio cesta alimentação e 13ª cesta - R$ 491,52

Auxílio-creche/babá (filhos até 71 meses) - R$ 394,70

Auxílio-creche/babá (filhos até 83 meses) - R$ 337,66

 

Fonte: Sindicato dos Bancários.

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