Correio da Cidadania

Estados Unidos: a exploração da política exterior

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Lidam as principais candidaturas à titularidade da Casa Branca com duas importantes questões internacionais: a expansão contínua do conflito no Oriente Médio, ao abranger nas últimas horas Líbano e Iêmen, por meio de bombardeios em dilúvios, e a duradoura confrontação no leste da Europa.

Não existe solução à vista no curto prazo em nenhuma delas. A todo momento, Washington conecta-se com Telavive em detrimento de Ramallah na primeira disputa e na segunda com Kiev em oposição a Moscou.

A duração das guerras depende do posicionamento da Casa Branca, ao ser ela a fiadora das alianças. Na região médio-oriental, a justificativa de ajuda seria o combate ao terrorismo de matiz integrista, embora o escopo da ação castrense, decorrido quase um ano de embates, se afaste cada vez mais das fronteiras do país enquanto na faixa europeia a causa se relacione com a defesa de nação invadida há mais de dois anos e meio.

No primeiro caso, a despeito da agremiação política à frente da presidência, a situação de abonação pouco se alteraria; desde a Guerra Fria, republicanos e democratas convergem grosso modo no tocante ao destino infortunado do Oriente Médio.

No segundo, ocasional substituição poderia modificar a postura dos Estados Unidos, ao pressionar a Ucrânia diante da Rússia. Não seria isso motivo de preferência da maioria dos integrantes da União Europeia ou melhor da Organização do Tratado do Atlântico Norte.

Se no futuro houver movimento diplomático de Washington distinto dos dias atuais, a inclinação autoritária de Moscou, já balizada por Pequim e Nova Déli, enfraqueceria Bruxelas. Com tal quadro, a programação de expandir a abrangência político-econômica ou militar da Europa Ocidental se prejudicaria, ao ser suspensa.

Em viagem aos Estados Unidos na semana passada, Volodymyr Zelensky encontrou-se com Kamala Harris e com Donald Trump. A democrata conduziu sua reunião com o dirigente ucraniano com mais habilidade que a contraparte republicana.

Harris levou Zelensky à pequena cidade da Pensilvânia, Scranton, local de fábrica castrense e também berço do presidente Joe Biden. Administrado por democrata, o estado é considerado como pendular na corrente eleição.

Ao reunir-se lá, Harris acena ao setor bélico e, desta maneira, procura converter a atenção dos meios de comunicação para a obtenção de votos do colégio eleitoral nos derradeiros dias da corrida à Casa Branca https://apnews.com/article/zelenskyy-ukraine-pennsylvania-ammunition-plant-c0e1fe5ebfa11ecfe92e842860e6440c .

Por outro, Trump preferiu propagandear a si mesmo, ao conduzir o dignatário estrangeiro a prédio em Nova York batizado com seu próprio sobrenome. Ao longo da campanha, ele não tem demonstrado muita simpatia pelo mandatário ucraniano, talvez por ressentimento de quando era governante - https://www.bbc.com/news/articles/c7810y11dyjo 

Os dois valem-se da política externa com o propósito de impulsionar suas candidaturas, ao invocar democracia e soberania ao redor do planeta, mas sem levar em alta conta os direitos huma  nos das populações envolvidas nos confrontos.

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Virgílio Arraes

Doutor em História das Relações Internacionais pela Universidade de Brasília e professor colaborador do Instituto de Relações Internacionais da mesma instituição.

Virgílio Arraes
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