Correio da Cidadania

Somos todos negacionistas

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As mudanças climáticas deixaram de ser uma previsão para se tornarem uma realidade inescapável. Secas extremas, ondas de calor sem precedentes, enchentes devastadoras e a perda acelerada de biodiversidade são apenas alguns dos sinais de um planeta em colapso.

No entanto, apesar da robustez dos alertas científicos e da crescente materialização dos impactos, a inação política e econômica persiste, ancorada em um modelo de desenvolvimento ultrapassado e destrutivo.

A ciência é clara ao apontar que as mudanças climáticas têm origem antropogênica e que o uso desenfreado de combustíveis fósseis, o desmatamento e a degradação ambiental são os principais motores desse processo.

Ainda assim, interesses econômicos e políticos continuam a postergar ações decisivas para a redução de emissões e a transição para uma economia de baixo carbono.

O negacionismo explícito pode ter perdido força, mas a negligência disfarçada em promessas vazias e metas longínquas é igualmente perigosa.

Os impactos já atingem comunidades vulneráveis com força desproporcional. Povos indígenas, populações ribeirinhas, moradores de periferias urbanas e agricultores familiares estão na linha de frente dessa crise, enfrentando perdas econômicas e riscos à sua sobrevivência.

Enquanto isso, países, empresas e uns poucos multibilionários, que mais contribuem para a crise, continuam a lucrar com a destruição ambiental, promovendo soluções ilusórias como a compensação de carbono e a geoengenharia climática, sem enfrentar a raiz do problema: a necessidade urgente de reduzir a exploração predatória dos recursos naturais.

O momento atual exige decisões políticas corajosas, e essas só virão com forte mobilização social. A pressão popular é um elemento essencial para frear os retrocessos e impulsionar políticas climáticas efetivas.

Governos devem ser cobrados por ações concretas, como a eliminação dos subsídios aos combustíveis fósseis, a adoção de metas ambiciosas de redução de emissões e a transição para um modelo energético sustentável. Empresas precisam ser responsabilizadas por seus impactos e induzidas a mudar suas práticas, não apenas por meio de incentivos, mas também por regulamentação rígida.

A crise climática não é um problema do futuro: ela já está aqui e ameaça nossa sobrevivência.

A escolha entre agir ou continuar na inércia definirá não apenas o destino das próximas gerações, mas também a viabilidade da vida no planeta.

A ciência já fez sua parte. Agora, cabe à sociedade transformar o conhecimento em ação.

Henrique Cortez é jornalista e ambientalista, editor do EcoDebate, onde este artigo foi originalmente publicado.

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