Katia Abreu mantém Minc no Ministério
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- Raymundo Araujo Filho
- 08/06/2009
A política brasileira está tomada por trapalhões e trapalhonas. E o pior é que são escassas as propostas que realmente defendam o povo brasileiro da rapinagem nacional e internacional.
Senão, vejamos: Minc foi chamado para o Ministério do Meio Ambiente para apagar o fogo causado pela saída traumática da senadora Marina Silva. Esta se deixou emaranhar no falso discurso de que Lulla bancava as suas propostas, ficou 5 anos freando e amortecendo as críticas que foram feitas (fora as omitidas) à natureza não-ambientalista, mas predadora e desnacionalizante do (des)governo Lulla.
Foram 5 anos de derrotas e achincalhes ao ambientalismo. Retornou ao cenário político, incentivado por intervenções desastrosas do próprio Lulla, a idéia de que o Ecologismo é pelo atraso (embora haja muitos que se dizem ecologistas que parecem querer confirmar esta tese).
Marina Silva saiu do governo, já muito tarde e completamente achincalhada até pelo Mangabeira Unger, além de dona Dilma. Levou os setores ambientalistas de justas reivindicações e alertas para uma defensiva que não se via há mais de uma década.
Permitiu, assim, a continuidade da cooptação daqueles que estão sempre prontos a servirem de algodão entre cristais, desde que com projeção política garantida. Os famosos "vaselinas". Aliás, a meu ver, a ministra Marina Silva manteve como assessor mais forte um destes, hoje no PV neoliberal, para onde penso que vai a ex-ministra, logo ali na frente. Será que Chico Mendes vai vir puxar as pernas dela à noite? Merecerá, se for mais para a direita ainda do que já foi, apoiando Gabeira e o PSDB nas eleições passadas.
É neste cenário que aparece Minc como solução, não para o impasse ambiental, mas para a fachada do governo Lula.
O primeiro fato causado com a assunção de Minc ao ministério, deixando uma desconhecida e sem preparo político como secretária de meio ambiente no Rio de Janeiro, foi o pedido de demissão do presidente da FEEMA, Axel Grael, que ao menos é um executivo sério, e com Minc conseguia impor algumas coisas a Sergio Cabral. Com esta nova secretária, os interesses ambientais foram engolidos, causando a saída de Grael.
Minc no ministério, como primeira medida que assinou, liberou a polêmica, senão criminosa, construção de Angra 3. Isto é, o ministro Minc foi o pai de uma usina nuclear contra a qual teve pautada, e como tema principal, toda a sua trajetória política, inclusive internacional. Nesta época, passeavam em mar brasileiro e dentro da Baía de Guanabara os navios americanos de propulsão nuclear, proibidos a este trânsito por Lei do Departamento Estadual Carlos Minc, atual ministro Minc. Assim, vimos logo a que veio como ministro: contemporizar.
Notadamente, embora sempre elogiando sua antecessora, fez questão de mostrar que muitas operações estavam vagarosas por falta de pulso administrativo. Bateu bem com as mãos na água da bacia, até fazendo bonitos arco-íris, mas competência e firmeza no principal não teve.
Perdeu todas, até agora. Municípios foram liberados da moratória da madeira, bois apreendidos foram comprados por frigorífico perdoado de alta multa (R$ 38 milhões) pelo Minc. Assinou tudo o que um ministro do meio ambiente não devia assinar, inclusive elogiou o Projeto de Lei aprovado no Congresso que legaliza a grilagem. Comprou uma briga com o MST, quando deveria atacar o INCRA (o que não pode, por ser governo).
Após estas trapalhadas, criou arestas midiáticas com vários ministros, com a tática de tentar se fortalecer na opinião pública, para se proteger.
Só que Lula é Rei. E está se lixando com macaquices ‘Minkianas’. Desde que não o atrapalhe. Então, preparava-se para enquadrar o ministro em regra, colocando-o subserviente ao seu comando entreguista, o que Minc aceitaria, como acaba de aceitar o "enquadramento" (como ele mesmo chamou). Quem sabe até seria demitido? Acho que não, afinal Minc é conhecido "conciliador" quando é para se preservar politicamente, e de ser ministro não vai largar assim de bandeja.
Minc, então, radicaliza o discurso pondo em sua alça de mira os setores mais atrasados que temos, como são os chamados ruralistas, mas que eu chamo é de latifundiários mesmo. Fustigou bastante, talvez até já vendo seu cargo voando, indo então para o ataque e pela "esquerda", ao menos nas palavras.
A senadora Kátia Abreu, muito reacionária e mandona, além de destemperada e amesquinhada (ao meu ver, é lógico), morde a isca, cai na rede e polariza com Minc. Quem é que não quer ter uma destas a lhe contestar?
E ainda por cima, mesmo sendo uma líder da oposição de direita a este governo, embora com Lula tenham conseguido tudo, até o que FHC negara, ou não pudera fazer, a sua classe é conhecida como insaciável. Querem sempre mais. Mais que tudo até. Mas como eu ia escrevendo, esta senadora "instrui" ou "manda" o presidente Lula destituir seu ministro do meio ambiente meio abusado (só nas palavras).
Ora! É tudo o que Lula não pode fazer, a esta altura. Isto é, ser pautado pela líder da direita no senado. Assim, a máscara de Lula cairia de vez, em situação pré-eleitoral em que as aparências antidireitistas têm de ser mantidas. Só as aparências.
Assim, a senadora Kátia Abreu, ao "instruir" o presidente contra o qual faz oposição sistemática e bem de direita, talvez possa ter, na verdade, impedido até uma possível demissão do Minc (é só uma hipótese) ou, ao menos, um enquadramento mais forte, que lhe deceparia qualquer reação, pois, se sair do ministério, volta a ser apenas um deputado estadual, pois para a secretaria dificilmente voltaria. Afinal "Rei posto, Rei morto".
Lula é careta, conservador e reacionário, mas não é bobo. Se a senadora Kátia tivesse lido Maquiavel, eu até poderia pensar que ela fez de propósito, querendo manter este fraco Minc no ministério, a berrar, mas fazendo o que Lula manda. E, como sabemos, Lula só manda besteira e tem contemplado muito esta gente.
Mas, pelo que vejo, dona Kátia Abreu queria mesmo a tal demissão, aliás burramente, pois, com um ministro Minc mais desmoralizado do que já é (politicamente falando), estariam todos liberados para ferrar o Brasil, sem sequer algum esbravejo ou muxoxo ministerial. No fundo, e fazendo uma corruptela para ilustrar tal fato político, a senadora Katia Abreu "amamentou" o Minc. E este leitinho, ao menos, lhe deu sobrevida no ministério, quem sabe até se incompatibilizar para o período eleitoral de 2010. Êta leitinho forte este da senadora!...
Aqui no Brasil, até Maquiavel bate na trave neste Fla-Flu de retranqueiros que se tornou a política brasileira.
Raymundo Araujo Filho é médico veterinário homeopata. Este texto é uma "homenagem" ao Dia Mundial do Meio Ambiente, em 5 de junho de 2009.
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Comentários
Tens toda a razão! Um governo que coloca o próprio Collor como cabeça da gestão da maior verba deste governo que é o PACS, que se aboleta com Sarney, Renan, Barbalho, Delfin, Robertto Jefferson e toda a direita que tinha sido derrotada eleitoralmente pelo Povo Brasileiro, além de distribuir benesses a torto e a direito, que corrompeu e foi corrompido, que desnacionaliza nossas riquezas de forma avassaladora, que tripilca as divida interna, que nada faz além de algumas esmolas sociais que não dá futuro a ninguém a não ser aos candidatos, que aprova a MP da Amazônia, que corta 60% do PRONERA, que nada faz pela saúde pública, que prepara-se para entregar o Pré Sal aos estrangeiros, e que anestesia o Povo com mentiras midiáticas em mais de 5 mil órgãos de comunicação, realmente um presidente destes não precisa que eu escreva Lula com dois LLs.
Suas políticas o identificam por si só.
Recomendo a leitura de artigo, disponível no link
titaferreira.multiply.com/
market/item/1223 (Cidadão Kane Abençoa Lulla), aliás também publicado aqui no Correio. Talvez voltes a ler a Veja.
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