O aproveitamento hidrelétrico da Amazônia e seus opositores
- Detalhes
- Joaquim Francisco de Carvalho
- 30/04/2011
Penso que há um problema de base na disputa entre os ambientalistas de passeata e os ecologistas-cientistas, em torno do aproveitamento racional do potencial hidrelétrico da Amazônia.
É que os ambientalistas de passeata são fundamentalistas. E fundamentalismos, assim como convicções religiosas, não são passíveis de discussão. "Religião não se discute", diz a sabedoria popular...
No entanto, ouso ponderar o seguinte: decerto os ecossistemas amazônicos são delicados. Mas é claro que vão continuar a evoluir, como vem evoluído há milênios, com ou sem a presença do homem.
E não é plausível que os ecossistemas amazônicos possam ser conservados em sua condição prístina (se é que se pode pensar em condição prístina de sistemas que, por natureza, vem evoluindo desde a origem, como são todos os ecossistemas terrestres).
Canais navegáveis, represas e até o uso turístico vão alterar a configuração atual da Amazônia – tanto quanto o fizeram as queimadas características da agricultura dos índios.
Assim, porque não aproveitar apenas 80% do potencial hidrelétrico da região, para gerar eletricidade que vai contribuir muito para melhorar a qualidade de vida de toda a população brasileira?
Os índios (que fazem parte do ecossistema) também vão continuar alterando a Amazônia, com suas queimadas e derrubadas de árvores – enquanto as hidrelétricas alagariam apenas 0,5% da área da região, aí incluído o espaço que de qualquer forma é alagado pelos rios, nas estações chuvosas.
De resto, quem está adorando a agitação das ONGs contra as hidrelétricas é o Eike Baptista, "et pour cause...". E a indústria nuclear também agradece aos "cientistas ambientais de passeata".
E nós, que também fazemos parte do ecossistema, em breve teremos belíssimas e simpáticas termelétricas a carvão e nucleares, para gerar a eletricidade que poderia ser gerada na Amazônia, de fonte renovável, limpa e muito mais econômica.
Joaquim Francisco de Carvalho, licenciado em Física e mestre em Engenharia Nuclear, foi engenheiro da CESP.
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Comentários
Não pensem que esquecí a energia eólica e o potencial das biomassas.
De fato, segundo um levantamento feito pelo Centro de Pesquisas de Energia Elétrica da Eletrobrás, em conjunto com as firmas Camargo-Schubert e True Windows Solutions, o potencial eólico brasileiro para ventos com velocidade média superior a 7 m/s é de 143,47 GW.
A interligação dos sistemas hidrelétrico e eólico permitirá que parte da energia gerada nos parques eólicos seja acumulada na forma de água nos reservatórios hidrelétricos – de modo semelhante às malhas termo-eólicas de alguns países europeus, nas quais a energia eólica permite que se economize gás natural ou óleo combustível.
Este sistema hidroeólico poderá operar em sinergia com usinas termelétricas a biomassa, pois a frota automotiva brasileira é em grande parte alimentada com etanol, forçando a produção de bagaço em escala suficiente para alimentar termelétricas de pequeno porte, totalizando uma capacidade da ordem de 15 GW a partir de 2.012, segundo a ÚNICA.
Portanto, o sistema interligado hidro-eólico-térmico (a bagaço), teria uma capacidade global de 425 GW. Como reserva de segurança, este sistema teria um pequeno parque de usinas a gás, flexíveis, que somente operariam em períodos hidro-eólicos críticos.
Por outro lado, segundo o IBGE, a população brasileira deverá se estabilizar em 215 milhões de habitantes por volta do ano 2.050, de modo que daí em diante o referido sistema integrado poderá oferecer continuamente cerca de 8.650 kWh firmes por habitante por ano, igualando alguns países de alta qualidade de vida.
Com isso, o Brasil seria o primeiro grande país a ter um sistema elétrico de fato sustentável, econômica e socioambientalmente.
Como vêm, a energia eólica é fundamental, mas o tema do meu artigo é o das hidrelétricas na Amazônia e eu não posso abordar tudo num pequeno e despretencioso artigo.
Mas o Sr. Joaquim quer chamar atenção para o poder cada vez maior do Sr. Eike Batista para impor seu interesse na produção energética. Suas empresas violadoras de direitos trabalhistas e ambientais já atuam e ninguém nada faz para impedir sua expansão destruídora!
Antes de se conseguir que se produza energia de matriz luminosa e eólica [essa ainda muito cara em relação ao que pode produzir], provavelmente ele já estará poluindo os rios amazônicos com usinas termoelétricas e nucleares.
Ninguém se preocupou em questionar a legalidade que boa parte das reservas do pré-sal fossem adquiridas por ele.
E agora? Como o povo reaverá essa estupenda riqueza, que é o pré-sal, mesmo que não seja para queimá-la?
É preciso refletir acerca dessas situações...
Basta desse conformismo, que aceita o MAL menor para não ter que engolir o MAL maior.Façamos passeatas em luta pelo BEM.
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