Correio da Cidadania

Manifestações em apoio a Dilma

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A passeata, com milhares de pessoas, saiu do Largo da Batata no final da tarde do dia 20 de agosto e chegou triunfante na Avenida Paulista, no começo da noite. Tanta gente quanto no dia 16, na manifestação pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff.

 

Mas a manifestação do dia 20, favorável ao governo petista, estava dividida. Ocorreram manifestações em várias capitais do Brasil e naquelas em que o governo federal tinha hegemonia prevaleceu o apoio ao mandato de Dilma Rousseff, das suas conquistas e contra o pretenso golpe de direita.

 

Já em outras capitais, São Paulo em particular, parte importante dos manifestantes bradava contra o ajuste fiscal de Joaquim Levy, ministro da Fazenda do governo petista e contra a agenda Brasil do presidente do Senado, Renan Calheiros. Ele inclusive formalizou em documento suas propostas, que segundo Bruno Elias, secretário nacional de movimentos populares do PT, “reúne um amontoado de propostas neoliberais que apontam para retirada ou restrição de direitos sociais, trabalhistas, previdenciários, indígenas e ambientais”.


A agenda inclui propostas de revisão de marcos jurídicos de licenciamentos ambientais e de áreas indígenas, para incentivar “atividades produtivas”. Reúne ainda propostas como a criação de uma Instituição Fiscal Independente e a aprovação de uma Lei de Responsabilidade das Estatais, com o objetivo de esvaziar o controle público sobre a economia e sobre áreas estratégicas do Estado brasileiro.


Em meio “a propostas de tributação sobre heranças e repatriação de ativos financeiros no exterior, aponta mais uma vez para os trabalhadores a conta da crise, sugerindo a ampliação da idade mínima para a aposentadoria e a cobrança de procedimentos no SUS, de acordo com a renda”.


Na verdade, houve um golpe do governo petista em conluio com banqueiros, empresários do agronegócio e grandes capitalistas, representados pela grande mídia conservadora, a FIESP e outras entidades patronais. E pararam de falar em impeachment de Dilma.

 

Claro que na manifestação da direita, no domingo retrasado, houve até torturadores como Carlinhos Metranca, aplaudido na avenida Paulista novamente.

 

Ele fazia parte do esquadrão da morte, deveria estar cumprindo prisão perpétua, mas como a transição conservadora não contemplou o julgamento de bandidos como ocorreu na Argentina e em outros países, desfilou democraticamente.

 

Embora um golpe de direita esteja descartado no momento atual, é bom ficar atento. Infelizmente, os tucanos como Aécio Neves, FHC e mesmo José Serra estão fortalecendo a extrema-direita. Não são fascistas, particularmente José Serra, que já teve posição combativa em relação aos governos de FHC, quando criticava as elevadas taxas de câmbio, de juros e a desindustrialização.

 

Mas é muito ambicioso, gosta do poder e tinha como objetivo de vida virar presidente da República. Mesmo pessoas que o apoiavam, como o comunista Armênio Guedes, criticavam a sua ambição.

 

O PCB não participou da manifestação e divulgou nota habilidosa:

 

“Compreende a iniciativa de movimentos sociais e de setores da esquerda governista que participarão dos atos convocados para o dia 20/08. A pauta destas manifestações é o enfrentamento à ofensiva da oposição de direita e em defesa dos trabalhadores contra o ajuste fiscal e os cortes impostos pelo governo Dilma”.

 

Também é alvo dos protestos o acordo por cima em torno dos pontos da chamada Agenda Brasil, apresentada pelo presidente do Senado e aceita pelo governo, acordo este que impõe medidas ainda mais duras contra os trabalhadores e a população brasileira. Por fim, os movimentos reafirmam a necessidade de uma mudança profunda e radical em favor dos trabalhadores.

 

Segundo o PCB, “infelizmente, estes setores não foram e não serão capazes de neutralizar a tendência dominante de transformar essas manifestações em atos de defesa do governo Dilma, relativizando seu conteúdo crítico, pois governo e direção do PT jogam peso no sentido de atenuar os elementos de crítica ao ajuste, enfatizando a luta pela chamada ‘legalidade democrática’”.

 

Diz ainda a nota que “o governo Dilma já operou o acordo por cima para se salvar, pacto que foi referendado pelos Nacional, ao preço de aprofundar ainda mais os ataques aos trabalhadores, aos povos indígenas, ao meio ambiente e a toda a população, destruindo o caráter público do SUS e avançando na política de cortes de verbas, que já atingem mortalmente a educação pública e as políticas sociais”.meios de comunicação, incluindo a Rede Globo e o Financial Times, assim como as poderosas organizações empresariais FIRJAN e FIESP. E trabalha para sacralizá-lo com o Congresso

 

Segundo o PCB, “participar de manifestação de apoio ao governo neste momento é dar legitimidade ao acordo que já está em andamento, como ocorreu com o respaldo dado à presidente por estes mesmos setores nas últimas eleições”.

 

Por isso disse o PCB que não participaria dos atos chamados para o dia 20: “A pauta de luta contra o ajuste e os ataques aos trabalhadores terá de seguir para além desta data, nas greves em curso e naquelas que emergirão, na luta pela terra e pela moradia, na luta pela saúde e a educação pública e gratuita de qualidade, acumulando para a construção do Poder Popular, verdadeira alternativa à crise conjuntural e ao poder burguês”.

 

Estas lutas serão, necessariamente, contra o governo Dilma e seus aliados de direita. O PCB era a única agremiação que não estava na manifestação.

 

Nota:

 

Jorge Almeida, dirigente da Ação Popular Socialista (APS), foi à manifestação do dia 20 de agosto, mas questionava a estória de golpe da direita contra o governo petista.

 

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Otto Filgueiras é jornalista e está lançando o livro Revolucionários sem rosto: uma história da Ação Popular.

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