Correio da Cidadania

As recentes manifestações do condomínio do poder

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Tanto a direita de oposição quanto o governo de direita fracassaram em levar pessoas às ruas. O jogo do impeachment será jogado nos palácios e não nas ruas. As ruas rejeitaram o jogo.

 

De um lado, a direita de oposição começou bem o ano. Capitalizou razoavelmente a insatisfação com o governo na primeira passeata. Mas, justamente quando deveria estar no ápice, quando o impeachment aparece no horizonte possível, quando a insatisfação é mais alta, decai vertiginosamente. Por quê?

 

Primeiro, porque o impeachment começa um pouco desmoralizado. Mais pessoas querem a cassação de Cunha, o grande operador, do que o impeachment de Dilma. Depois, ao contrário do que a "liderança" pensou, a população não quer as "vitórias de gabinete", as "vitórias de jornais".

"Dane-se se o processo de impeachment corre, estou há um ano indo às ruas contra esse governo e não ganhei nada com isso".

 

Por fim, houve uma vitória daqueles que lutaram para ridicularizar tais manifestações, e é inegável. A dúvida é sobre ser desejável no longo prazo, se ajudará ou atrapalhará a mobilização social.

 

Do outro lado, a “direita do governo” pode ter "mobilizado" mais nessa semana, mas a popularidade nunca esteve tão baixa. Infelizmente, a capacidade de mobilização de CUT e cia não pode ser apartada da "contratação" de passeateiros, junto às próprias bases sociais, diga-se de passagem. Não é apenas a força da grana, mas também não existiria sem ela...

 

De toda forma, o governismo deveria estar no ápice mobilizatório, dado o receio do "golpe", porém, está bem longe disso. Ou melhor, o governismo nunca teve tão pouca potência mobilizatória e não parece que conseguirá recuperá-la.

 

Comum ao fracasso de ambos está a completa incapacidade de entender as lições recentes de mobilização de massas, em especial as de Junho de 2013. A uniformização, nas vestimentas e nas místicas, é o anti-Junho, é a antítese da diversidade essencial para compor uma multidão.

 

Os carros de sons e os balões gigantescos, pagos sabe-se-lá-como, ofuscam o cartaz individual (mas que formavam um todo ideológico e contra-hegemônico, sem dúvida, como muitas pessoas que falavam simultaneamente e notavam que estavam em sintonia, notavam que sentiam as mesmas coisas, as mesmas angústias), marca essencial de 2013.

 

Qualquer hipótese de "terceira via" precisará aprender com o sucesso de 2013 e com os fracassos, dos dois lados, de 2015. E é urgente.

 

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Caio Almendra é advogado.

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