Correio da Cidadania

Golpe = Poder

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Golpe é conquista do poder. Nem mais, nem menos. Uma vez no poder, nenhum golpista está afim de abandoná-lo. A luta permanente é por sua manutenção.

 

O senador Requião diz que, com mudança na política econômica e proposta de plebiscito para novas eleições, Dilma pode voltar. Darcy Ribeiro preferiria “ser um democrata derrotado que um golpista vencedor”. Mas quantas pessoas no senado estão à altura ética de Darcy?

 

Por outro lado, que adianta Dilma voltar, termos novas eleições, se os derrotados mais uma vez não se conformarem com a derrota? Lembremos que Lula e Marina lideram e iriam para o segundo turno. Aceitar a derrota é o pilar número um da democracia eleitoral que, se não for respeitada, não há ordem que se estabeleça.

 

Se o golpe for consumado, as piores consequências virão depois do desfecho, em agosto.

 

Uma vez empoderados, vão dirigir todas suas foices sobre os direitos dos trabalhadores, alguns já sinalizados: mudanças na aposentadoria dos rurais; idade igual para aposentadoria de homens e mulheres aos 75 anos; redução nos direitos previdenciários dos professores; ataque à saúde pública, à educação pública, à política do salário mínimo, inclusive desvinculação do mínimo como piso da previdência.

 

A última proposta é que a jornada diária de um trabalhador seja de 12 horas, como nos tempos da revolução industrial. Será que estamos regredindo aos séculos 17 e 18?

 

O rombo fiscal já foi ampliado de 97 bilhões de reais (Dilma) para 170 bilhões (Temer). Segundo a insuspeita Kátia Abreu, 50 bilhões apenas para bancar o golpe. Para 2017, novo rombo de 160 bilhões e aumento de impostos para mais arrecadações.

 

Não é só na dimensão social que as perspectivas são abissais, mas também na estratégia global de retorno à dependência dos Estados Unidos e de privatização do pouco que restou.

 

A verdade é que o quadro político brasileiro é o mesmo do século 20. A velha política agoniza, mas a nova não nasceu. Novos paradigmas só podem ser vistos em iniciativas populares – como o da Convivência com o Semiárido -, na construção de uma economia ecológica, nas organizações sociais, nos ambientalistas, na emergência das comunidades tradicionais, nos que exigem ética na política. Mas esses são quase invisíveis e só podem ser vistos por quem vasculha o tapete social pelo avesso.

 

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Roberto Malvezzi (Gogó) possui formação em Filosofia, Teologia e Estudos Sociais. Atua na Equipe CPP/CPT do São Francisco.

 

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