Crimes de Lula. Com provas
- Detalhes
- Sergio Domingues
- 24/09/2016
Lula não deveria ser julgado por possuir um tríplex que ninguém provou ser dele. Há coisas muito mais graves.
Em 13/9, Joaci Cunha, professor da Universidade Católica do Salvador, apresentou a conferência “Financeirização e efeitos sobre a estrutura agrária brasileira”, durante colóquio do Instituto Humanitas Unisinos.
Segundo ele, nos últimos 50 anos, a ampliação latifundiária no Brasil ocorreu em dois momentos principais. Durante a ditadura militar de 64 e, vejam só, sob os governos petistas.
De 1967 a 1977, os generais ampliaram a área ocupada por grandes propriedades no Brasil em cerca de 70 milhões de hectares. Durante os governos Lula, ocorreu uma concentração fundiária de mais 104 milhões de hectares, afirma o professor.
Citando dados do Ipea, Cunha afirma que somente as exportações do complexo de soja se apropriaram de 129 bilhões de metros cúbicos (m³) de água, em 2013. Um volume equivalente ao consumo anual das populações chinesa e latino-americanas juntas.
Já a agricultura familiar, responde por 70% da produção de alimentos e emprega 74% da força de trabalho rural do país. Mas recebe apenas 14% do crédito agrícola nacional e ocupa 24% das terras agricultáveis.
Houve avanços, admite o palestrante, mas foram setorizados e particularizados, aumentando a diferenciação entre os camponeses.
A agricultura familiar chega a ultrapassar a produção do agronegócio na produção de café, arroz e milho. Mas em outros setores, 80% dos camponeses mal conseguem gerar renda para manter sua família. E em certas regiões, 20% deles não geram renda alguma.
Estes são os verdadeiros crimes pelos quais Lula e seus liderados devem responder diante dos tribunais da História. E há muito mais...
Mais provas
Em novembro de 2006, Lula afirmou que a questão indígena estava entre os entraves ao desenvolvimento nacional.
Esta visão se traduziu em uma política de enorme desprezo pelas causas indígenas. Quanto à homologação de suas terras, por exemplo, os governos petistas perderam para os dos tucanos pelo placar de 84 a 148, segundo a Fundação Nacional do Índio.
O outro lado dessa política foi a entrega e destruição de territórios indígenas por grandes projetos como Belo Monte e o Complexo Tapajós. Obras que faziam parte do Programa de Aceleração de Crescimento (PAC), utilizado fartamente por Lula para eleger sua sucessora.
Mas o mais grave são os seguintes números divulgados pelo Conselho Indigenista Missionário:
...foram registrados 167 assassinatos de indígenas no governo FHC, média de 20,8 mortes por ano. Já no governo Lula o número subiu para 452 assassinatos, 56,5 em média por ano, ou crescimento de 271%. Em 2011, o primeiro ano do governo Dilma, foram contabilizados 51 assassinatos de indígenas pelo CIMI e em 2012 outras 57 mortes, de acordo com a Comissão Pastoral da Terra (CPT), média de 54 mortes por ano, próxima à do governo Lula e 260% maior do que a do governo tucano.
Esses dados vergonhosos são produto direto da aposta dos governos petistas no complexo empresarial “agrominerador” dominado pelos gigantes do setor.
São crimes como esses que Lula realmente cometeu enquanto ocupou ou frequentou o Palácio do Planalto. É por eles que deveria responder. São eles que devemos lembrar para que a luta pela derrubada de Temer jamais se confunda com mobilizações pela volta do PT ao poder.
Leia também:
Reforma Trabalhista: "precisamos do contrário do que está proposto"
Sobre provas, convicções e hóspedes indesejáveis
A desigualdade e a educação depois do golpe
Estamos colhendo, exatamente, os frutos dos 13 anos de petismo no governo federal
Escola, autoritarismo e emancipação
"Dilma é responsável por todos os retrocessos que agora Temer acelera"
Da FIESP ao “baixo clero” do Congresso, Temer não conseguirá administrar as pressões ao seu redor
Acabou a lua de mel da conciliação de classes; Brasil volta à disputa aberta
Sergio Domingues é sociólogo e servidor público federal.
Blog: Pílulas Diárias.