Correio da Cidadania

Aliada a Bolsonaro, Frente Parlamentar da Agropecuária reelege 52% na Câmara

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Fiel da balança durante os últimos dois governos, a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) terá de se reinventar para manter o status de bancada mais poderosa da Câmara após obter seu pior resultado eleitoral desde sua fundação oficial, em 2002.

Entre os 233 deputados da frente eleitos em 2014, 81,1% (189) tentaram a reeleição. Desses, só 98 conseguiram manter a cadeira na Câmara, equivalente a 51,8% dos candidatos ruralistas. O número é inferior aos 117 deputados que compunham a FPA em 2006, quando o grupo ganhou estrutura própria e firmou-se como a face mais organizada da bancada ruralista, que inclui ainda outras frentes setoriais.

Na última legislatura, a FPA foi responsável por mais da metade dos votos que, por duas vezes, frearam o avanço das denúncias de corrupção contra o presidente Michel Temer (MDB-SP), além de compor 49,6% dos votos que derrubaram Dilma Rousseff (PT-MG) em 2016.

Mas apesar do revés nas eleições de ontem – que seguiu uma tendência geral de “renovação” do Congresso, considerada a maior dos últimos 20 anos – os ruralistas mantêm sua força. Controlando 19% dos votos na nova composição da Câmara, a Frente Parlamentar da Agropecuária fechou apoio a Jair Bolsonaro (PSL) na disputa presidencial. Anunciado no dia 2 de outubro, o acordo teve participação direta da presidente da FPA, a deputada federal Tereza Cristina (DEM-MS), reeleita para seu segundo mandato.

Ruralistas perdem vagas em todos os estados

A ascensão de políticos ligados ao ‘bolsonarismo’ e à bancada da bala – 52 deputados eleitos somente pelo PSL – abriu menos espaço a candidaturas ruralistas. No Mato Grosso, dos 5 deputados ligados à FPA que disputavam a reeleição, apenas Carlos Bezerra (MDB) teve sucesso. Ele será acompanhado por José Medeiros (Podemos-MT), que deixou o Senado para voltar à Câmara.

Ficarão de fora lideranças importantes do setor, como o ex-presidente da FPA Nilson Leitão (PSDB-MT) e Adilton Sachetti (PRB-MT), indicado pelo ministro da Agricultura Blairo Maggi como seu sucessor. Ambos foram derrotados na disputa pelo Senado. Assim como a Câmara, o Senado apresentou uma queda do número de representantes da FPA. Atualmente com 23 senadores integrantes da FPA, a nova legislatura terá somente 14 nomes no início do novo mandato.
No Paraná, dos 17 ruralistas que se candidataram, só 8 voltarão à Câmara.

Saem Alfredo Kaefer (PR-PR) e o ex-ministro da Justiça, Osmar Serraglio (MDB-PR). Outro estado que perde força é o Rio de Janeiro. Lar dos “ruralistas sem terra“, o Rio teve somente 3 signatários da FPA reeleitos e passou da 5ª para a 12ª posição entre os estados com mais membros na frente.

Dona da maior bancada ruralista do Congresso, com 32 membros, Minas Gerais perdeu mais da metade de seus membros. Dos 26 que concorriam à reeleição, apenas 14 tiveram êxito, número que ainda mantém Minas na frente do ranking.

Ficaram para trás nomes importantes como Carlos Melles (DEM-MG), principal representante do lobby do café, e outro ex-presidente da FPA, Marcos Montes (PSD), que deixou a Câmara para concorrer a vice-governador na chapa de Antonio Anastasia (PSDB).

Quem ganha força na atual configuração é o Rio Grande do Sul, que passa a ter o segundo maior número de membros na bancada. Junto com Goiás, Maranhão e Alagoas, o estado teve os maiores índices de manutenção de deputados. Dos 14 gaúchos da FPA que disputaram as eleições ontem, 10 seguem em Brasília em 2019, incluindo representantes da ala mais virulenta da bancada ruralista, como Alceu Moreira (MDB-RS), Jerônimo Goergen (PP-RS) e Covatti Filho (PP-RS). Promovido a senador, Luiz Carlos Heinze (PP-RS) é outro que ganha projeção.

A ascensão dos gaúchos ocorre em paralelo com a queda dos paulistas, que não costumam fazer parte da FPA. Reeleito para mais um mandato, Arnaldo Jardim (PPS-SP) deve continuar presidindo a Frente Parlamentar pela Valorização do Setor Sucroenergético. Dos 70 parlamentares paulistas que assumem em 2019, dez fazem parte da ‘bancada da cana‘, incluindo Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), deputado federal mais votado no país. Já entre os signatários da FPA, apenas 9 foram eleitos.

Veja abaixo como fica a composição da Frente Parlamentar da Agropecuária na Câmara por Unidade da Federação:

Minas Gerais (de 32 deputados em 2014, para 14 em 2018):

Bilac Pinto (DEM)
Diego Andrade (PSD)
Domingos Sávio (PSDB)
Fábio Ramalho (MDB)
Julio Delgado (PSB)
Leonardo Monteiro (PT)
Lincoln Portela (PR)
Marcelo Álvaro Antonio (PSL)
Marcelo Aro (PHS)
Misael Varella (PSD)
Newton Cardoso Jr (MDB)
Paulo Abi Ackel (PSDB)
Weliton Prado (Pros)
Zé Silva (SD)

Rio Grande do Sul (de 16 para 10 deputados):

Afonso Hamm (PP)
Afonso Motta (PDT)
Alceu Moreira (MDB)
Covatti Filho (PP)
Giovani Cherini (PR)
Heitor Schuch (PSB)
Jerônimo Goergen (PP)
Márcio Biolchi (MDB)
Onyx Lorenzoni (DEM)
Osmar Terra (MDB)

São Paulo (de 18 para 9 deputados):

Alexandre Leite (DEM)
Baleia Rossi (MDB)
Bruna Furlan (PSDB)
Eli Corrêa Filho (DEM)
Fausto Pinato (PP)
Gilberto Nascimento (PSC)
Guilherme Mussi (PP)
Paulinho da Força (SD)
Vicentinho (PT)

Paraná (de 21 para 8 deputados):

Hermes Parcianello (MDB)
Luciano Ducci (PSB)
Luiz Nishimori (PR)
Ricardo Barros (PP)
Sando Alex (PSD)
Sérgio Souza (MDB)

Bahia (de 13 para 7 deputados):

Claudio Cajado (PP)
Felix Mendonça (PDT)
João Bacelar (PR)
José Rocha (PR)
Sérgio Brito (PSD)
Uldúrico Júnior (PPL)

Goiás (de 11 para 5 deputados):

Célio Silveira (PSDB)
Flávia Morais (PDT)
João Campos (PRB)
Lucas Vergílio (SD)
Magda Mofatto (PR)

Pará (de 10 para 5 deputados):

Delegado Éder Mauro (PSD)
Elcione Barbalho (MDB)
Hélio Leite (DEM)
Paulo Bengtson (PTB)
Priante (MDB)

Outras UFs, com, no máximo, 3 deputados ruralistas:

Alan Rick (DEM-AC)
Jéssica Sales (MDB-AC)
Arthur Lira (PP-AL)
Marx Beltrão (PSD-AL)
Nivaldo Albuquerque (PTB-AL)
Silas Câmara (PRB-AM)
André Abdon (PP-AP)
Domingos Neto (PSD-CE)
Genecias Noronha (SD-CE)
Evair de Melo (PP-ES)
Paulo Foletto (PSB-ES)
Sergio Vidigal (PDT-ES)
Andre Fufuca (PP-MA)
Cleber Verde (PRB-MA)
Hildo Rocha (MDB-MA)
Juscelino Filho (DEM-MA)
Dagoberto Nogueira (PDT-MS)
Tereza Cristina (DEM-MS)
Carlos Bezerra (MDB-MT)
Jose Medeiros (Pode-MT)
Efraim Filho (DEM-PB)
Hugo Motta (PRB-PB)
Wellington Roberto (PR-PB)
Gonzaga Patriota (PSB-PE)
Átila Lira (PSB-PI)
Julio Cesar (PSD-PI)
Áureo (SD-RJ)
Soraya Santos (PR-RJ)
Sóstenes (DEM-RJ)
Walter Alves (MDB-RN)
Lucio Mosquini (MDB-RO)
Edio Lopes (PR-RR)
Shéridan (PSDB-RR)
Celso Maldaner (MDB-SC)
Peninha (MDB-SC)
Professor Pedro Uczai (PT-SC)
Laercio Oliveira (PP-SE)
Carlos Henrique Gaguim (DEM-TO)
Dulce Miranda (MDB-TO)
Vicentinho Junior (PR-TO)


Bruno Stamkevicius Bassi é jornalista. Matéria retirada do site De Olho no Ruralistas.

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