As medidas de Dória no combate ao coronavírus são lentas, insuficientes e tímidas
- Detalhes
- 16/04/2020
A distância entre a política institucional e a vida real é infinita. Aproveitando-se das atrocidades do governo genocida Bolsonaro, governadores se apresentam como eficientes no combate à pandemia em seus estados. Será verdade? Óbvio que, se compararmos com os absurdos do Bolsonaro, tudo parece “muito” melhor. Até ministro que se elegeu deputado com a pauta de enfraquecer o SUS, privilegiando a medicina privada e que votou pela Lei do Teto de Gastos, agora se apresenta com jaleco do Sistema Único de Saúde e vira ídolo nacional.
No dia 2 de abril, o professor Domingos Alves, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMUSP-Ribeirão), foi entrevistado pela UOL sobre um trabalho elaborado por uma equipe de cientistas de cinco universidades brasileiras (USP, UFRJ, UERJ, UFRGS e UnB) e veiculados no site Covid-19 Brasil. Poucos deram atenção a esta entrevista.
A realidade, porém, está demonstrando que as projeções dos cientistas estão corretas. O boletim epidemiológico elaborado pelo Ministério da Saúde admite que no estado de São Paulo, principalmente na capital, a fase já é a de propagação descontrolada do coronavírus.
O professor Domingos Alves é um defensor enfático das medidas de distanciamento social. “A literatura científica e a Organização Mundial da Saúde apontam que é a única solução. Isso tem que ser seguido”.
Para ele, a cidade de São Paulo, devido à rápida evolução dos casos, já deveria estar com os aeroportos fechados “há muito tempo”. E continua: “as estradas, marginais e avenidas, como a Bandeirantes, por exemplo, deveriam estar fechadas. As medidas deveriam ser mais restritivas do que as adotadas até aqui”.
O Sindicato dos Metroviários de São Paulo tem denunciado que as medidas anunciadas pelos governos Doria e Bruno Covas são lentas, insuficiente e tímidas. Afinal, sem parar a produção e serviços não essenciais, chegaremos rapidamente à situação de caos absoluto no sistema de saúde.
Os metroviários são testemunhas que ainda tem muita gente circulando nos trens. Dados extraoficiais apontam a entrada de 550 mil usuários do dia 30 de março. Isso mesmo, 550 mil só no metrô, sem falar dos ônibus e dos trens da CPTM. Mas Dória sempre faz questão, nas entrevistas coletivas, de orientar os empresários a manter as fábricas, as obras da construção civil e outros setores funcionando. O que, na prática, dificultou as negociações de licença remunerada e férias coletivas de sindicatos com empresas.
Além disso, não tomou nenhuma medida para garantir uma renda mínima básica para os mais pobres. São Paulo é o estado mais rico do Brasil. Poderia tomar esta iniciativa para socorrer a população. Não dá para ficar esperando a “boa vontade” do Bolsonaro, afinal a todo momento este criminoso cria empecilhos para liberar os R$ 600,00 aprovados no Congresso Nacional.
Vamos continuar a campanha #PagaLogoBolsonaro, mas cobrando também que os governos estatuais e municipais façam sua parte.
Não temos tempo a perder. É preciso parar imediatamente a produção e serviços não essenciais, para que o transporte público não continue servindo de multiplicador da contaminação das pessoas.
#A vida acima do lucro!
Paulo Pasin é metroviário aposentado, do Metrô de São Paulo, e ex-presidente da Fenametro (Federação Nacional dos Metroviários).
Paulo Pasin