Do pioneirismo à acomodação: o Brasil dos criminosos e dos omissos
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- Ricardo Mezavila
- 17/12/2020
O Brasil sempre tratou com pioneirismo a vacinação em massa. A primeira vacina introduzida em terras brasileiras chegou em 1804, a antivariólica, sendo passada de um braço para o outro, entre os africanos escravizados, no navio que cruzou o Atlântico de Lisboa até a Bahia e depois para o Rio de Janeiro.
Os ensaios com vacinação BCG no Brasil se iniciaram em maio de 1925, com a administração de uma cultura de bactéria (BCGs provenientes do Instituto Pasteur) presenteada por Júlio Elvio Moreau, bacteriologista uruguaio.
A Fundação Ataulpho de Paiva fabrica a vacina BCG no Brasil, que imuniza contra a tuberculose e pode ser encontrada em postos de saúde em todo o país, além de clínicas de vacinação particulares.
O Complexo Tecnológico de Vacinas do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz) garante a autossuficiência em vacinas essenciais para o calendário básico de imunização do Ministério da Saúde.
Um século depois e diante de uma pandemia que já dura 9 meses, com mais de 180 mil mortes, o governo brasileiro, eleito por uma maioria de trogloditas ruminantes, nega a ciência e criminosamente trata a vacinação com escárnio.
O governo negligenciou milhões de reais em testes do Coronavírus que foram jogados no lixo por má gestão. Bolsonaro, como sempre, politiza o uso da vacina e faz guerra com os governadores enquanto a população fica à mercê de um governo genocida, que usa a vida das pessoas como parâmetro para fazer política.
O Ministério da Saúde apresentou um Plano de vacinação com atraso de meses e, mesmo quando elaborado, foi apresentado incompleto sem previsão de datas e com sinais de crime de falsidade ideológica e fraude processual, com avais positivos de cientistas que sequer fizeram parte do Plano.
O Ministro do Supremo Ricardo Lewandowski, intimou o Ministério da Saúde a apresentar em 48 horas, as perspectivas de data de início e término da vacinação não previstas no Plano.
O governo Bolsonaro comete mais um crime de uma série, protagonizado pela organização criminosa sediada em Brasília. As instituições e a mídia estão nas mãos de pessoas que querem preservar o presidente enquanto a agenda neoliberal estiver sendo mantida.
O que espanta é a acomodação e omissão de políticos da esquerda, com exceção de um ou outro, das organizações civis, dos sindicatos, dos movimentos populares que assistem a tudo e não fazem nada, enquanto o Datafolha esfrega na nossa cara que 37% aprovam Bolsonaro e 52% o isentam pelas mortes na pandemia.
As ruas não estão vazias, a população não tem condições mínimas para respeitar a quarentena, vamos transformar isso em luta, colocar a máscara e ocupar as ruas pedindo impeachment e Fora Bolsonaro.
Ricardo Mezavila é cientista político.