Correio da Cidadania

Uma tragédia anunciada: a democracia sob ataque

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Tenho insistido que se encontrava em andamento a organização de um golpe contra a República Federativa do Brasil. A ação golpista foi estimulada, de forma direta ou indireta, pelo antigo inquilino do Planalto e contou com a conivência de autoridades do Distrito Federal. Deixemos claro: não se trata de um ataque ao governo do PT. Não! O governo não é do PT nem da ampla frente democrática estruturada para vencer o extremismo de direita no país e eleger Lula presidente da República.

Neste domingo, o Brasil e o mundo assistiram atônitos ao desprezível e covarde ataque praticado contra as instituições que alicerçam a democracia brasileira, com o objetivo de destituir o governo da República Federativa do Brasil, democraticamente recém-eleito. Assim, a ação perpetrada por esses extremistas fanáticos foi um ato terrorista organizado contra o Estado de Direito, contra a democracia, contra a Constituição Federal, enfim, contra o Brasil. Certamente, alguns poderão questionar, por motivos diversos, o emprego do termo terrorismo, contudo o que ocorreu, neste domingo em Brasília, foi um ato terrorista e é assim que deve ser tratado.

Sublinho que o novo governo ainda não tem o controle pleno da máquina administrativa e das diferentes polícias, mas observo que lhe faltou uma postura mais vigorosa para desbaratar o golpe mais do que anunciado. Deve ser enfatizada a leniência e a conivência do governo do Distrito Federal, a quem compete zelar pela segurança de Brasília. Em decorrência, após os devidos trâmites legais, é necessária a sua responsabilização pela omissão e inadmissível cumplicidade. 

O ataque terrorista aos prédios do Congresso Nacional, do Palácio do Planalto e do Supremo Tribunal Federal eram perfeitamente previsíveis e evitáveis. Não pode haver tergiversação sobre os atos criminosos praticados contra o Estado e o povo brasileiro.

O momento é grave e é imperioso que sejam adotadas medidas enérgicas para a defesa do Estado Democrático de Direito e para a imediata punição de todos os responsáveis por esses atos terroristas, sejam eles atores diretos dos eventos ou sejam aqueles que os estimularam e os financiaram.

Não é possível tolerar essas ações de cunho fascista que atentam contra a democracia e o regime legalmente instituído ou o país rumará para o caos social e para um previsível conflito civil armado. Conclamo a todas e a todos para uma ampla mobilização nacional em defesa da democracia.

Basta! Ditadura nunca mais! Democracia sempre!

Sidnei Munhoz é historiador e autor de Guerra Fria, História e Historiografia.
Publicado originalmente em Tá por dentro.

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