Inelegível é pouco
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- Gabriel Brito, da Redação
- 30/06/2023
Chegou ao fim o julgamento de Jair Bolsonaro no TSE por abuso de poder político e uso indevido de meios de comunicação com vistas à sua reeleição. Por 5 votos a 2, o pior sujeito político da história do Brasil está proibido de se candidatar a qualquer cargo político até 2030.
A sexta-feira, 30 de junho, fica marcada como uma vitória na história da construção da democracia no país, forma política que ainda precisa contar com realizações de diversos tipos para se consolidar.
Bolsonaro é uma prova de fogo para a democracia liberal brasileira. Tal forma de representação política vive processo de erosão no mundo inteiro. Os dilemas não são apenas nossos e o fenômeno do capitão fascista não foi raio em céu azul nesses tempos de crise permanente do capitalismo e suas sociabilidades.
Esta perspectiva serve para manter a percepção de que o estrago foi grande demais e não pode ser esquecido. Deixar Bolsonaro oito anos sem poder concorrer, mas com o direito de colocar a cara em eventos públicos, encontros de empresários, estádios de futebol e assim se validar como um ícone, manter viva a chama da extrema-direita e sua fraudulenta retórica antissistema, é um risco imenso que não podemos correr.
É necessário pressionar pela agilidade na apreciação de todos os crimes que Bolsonaro cometeu no exercício da presidência. O golpe de Estado de 8 de janeiro e a barbárie da pandemia não podem, ambos, passar para as páginas da história como capítulos que terminaram sem vilões devidamente identificados e punidos pelo sistema. É, inclusive, questão de sobrevivência para este mesmo sistema.
Foram 700 mil mortes oficialmente reconhecidas pela covid. Mas a subnotificação e mortes por outras causas evitáveis, que um sistema de saúde sabotado por seu negacionismo não pode evitar, totalizam outras 400 mil mortes acima da curva demográfica recente. O epíteto genocida não é vão. Bolsonaro e sua índole asquerosa deixaram morrer em massa. De propósito. Isso não pode passar.
Cabe às instituições e a todos os autodeclarados democratas e respeitadores dos direitos humanos mais básicos não perder tal horizonte de vista. Só haverá vitória definitiva com a prisão de Bolsonaro.
Eticamente falando, os militares e responsáveis mais diretos pela catástrofe sanitária da pandemia também devem ir para trás das grades. Responsabilizar altas patentes pelo 8 de janeiro e processar todos os indiciados pelo relatório final da CPI da Covid também são tarefas inegociáveis da sociedade civil dita democrática.
A ameaça fascista não acabou. Não combatê-la com toda a ênfase e deixar claro que essa categoria de escroques e vigaristas políticos tem perna curta – e muitos deles ainda estão no congresso, assembleias legislativas, executivos estaduais e municipais em busca de nova maquiagem – é um recado à população de que o sistema segue inconfiável e no fim todos se adaptam.
As declarações de Bolsonaro logo após a condenação são alertas suficientes. Continuará mentindo e excitando suas bases. Isso pra não falar da flagrante má fé que sustentou os votos de Raul Araujo e Kássio Nunes Marques pela sua absolvição.
Para garantir que personagens como Bolsonaro e a escória que embarcou em sua aventura sejam definitivamente neutralizados é necessário que a democracia seja mais que uma letra fia. Ela precisa se materializar na vida objetiva e cotidiana de cada brasileiro. Exige toda uma agenda de políticas públicas que não poderão ser postas em prática enquanto sabotadores e delinquentes tiverem tamanho poder político e influência social.
A prisão é o único destino aceitável para o pior ser humano já nascido neste território. Tenhamos juízo.
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