Turismo eleitoral, partidos fakes e compra de votos ameaçam a democracia em Ilha Comprida
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- Marcus Pontes Caduti
- 23/07/2024
Ilha Comprida, uma pequena cidade litorânea no estado de São Paulo, tem se tornado o centro de atenções devido a práticas eleitorais duvidosas que colocam em xeque a integridade democrática local. A cidade, que segundo o censo de 2022 do IBGE possui 13.436 habitantes, enfrenta um cenário eleitoral no mínimo peculiar: o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) registra 13.538 títulos eleitorais na cidade, superando o número de moradores.
Durante as eleições municipais, Ilha Comprida testemunha um fenômeno conhecido como "turismo eleitoral". Diversos relatos indicam a chegada de eleitores que não residem na cidade, com ônibus fretados vindo de regiões distantes como o interior de São Paulo, Paraná e Santa Catarina. Este movimento levanta sérias suspeitas sobre a legitimidade do processo eleitoral, já que muitos desses eleitores podem estar votando ilegalmente para favorecer determinados candidatos.
Há cabos eleitorais que só aparecem na cidade de quatro em quatro anos. Um deles é fazendeiro em Santa Catarina e Goiás, mas a população desconfia que ele é laranja de algum poderoso da cidade e pode estar fazendo parte de um grande esquema de corrupção em Ilha Comprida. A cidade é administrada pelo mesmo grupo político há 32 anos, que finge uma rivalidade para enganar o eleitorado.
A prática de compra de votos é outra preocupação constante. Informações locais sugerem que a troca de benefícios por votos é uma tática comum, exacerbando a desconfiança na transparência das eleições. Além disso, circulam na cidade rumores de que um ex-prefeito exerce um controle significativo sobre 12 partidos políticos, consolidando um poder que muitos consideram excessivo e antidemocrático. Esse contexto justifica a insistência de partidos da direita em ter voto impresso, que permitirá verificar em quem cada eleitor votou. As urnas eletrônicas garantem o sigilo absoluto e assegura que a certeza de voto de um determinado eleitor só o próprio terá.
Especialistas alertam que tais práticas minam a confiança pública nas instituições democráticas e podem perpetuar ciclos de corrupção e má gestão. Para os moradores de Ilha Comprida, essas eleições se tornaram um jogo de interesses, onde a voz genuína da população é sufocada por manipulações externas e internas.
Em resposta a essas denúncias, organizações de fiscalização eleitoral e direitos civis têm intensificado esforços para monitorar e denunciar irregularidades. A presença de observadores independentes e a adoção de tecnologias de verificação são algumas das medidas sugeridas para garantir a lisura do processo eleitoral. Importante que essas organizações fiquem atentas nas eleições municipais em Ilha Comprida, acompanhando de perto tudo que rola desde a pré-campanha. Diversos grupos de WhatsApp, Facebook e Telegram já estão com cabos eleitorais e pré-candidatos fazendo campanha eleitoral desde abril.
A violência verbal e ameaças de agressão contra a integridade física e até a vida de pessoas são constantes nesses grupos nas redes sociais. Num passado próximo, houve casos de assassinatos motivados por desavenças na política.
Enquanto a cidade se prepara para as próximas eleições, a esperança de muitos moradores é que a verdade prevaleça e que as práticas ilegais sejam finalmente erradicadas. Somente assim, acreditam eles, Ilha Comprida poderá trilhar um caminho mais justo e democrático, onde cada voto conte de fato para o futuro da comunidade.
Marcus Pontes Caduti é caiçara e membro da associação de pescadores artesanais da ponta norte de Ilha Comprida.
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