Eleição e política
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- Maria Rosa de Miranda Coutinho
- 12/05/2008
O ano que iniciamos é, sem dúvida, de grande discussão política. Um ano eleitoral que começa a demonstrar que o povo brasileiro mais uma vez vive as decepções política/econômica, mas, sobretudo, a desconfiança com sistema representativo.
Continuamos com as dificuldades sociais de outrora, como os escândalos de corrupção nas diversas regiões do país. Lamentavelmente, os estados e municípios andam comprometidos com a falta de ética e com o descaso quanto aos inúmeros problemas na saúde e educação principalmente.
A política está doente e isso graças a pouca importância dada à democracia que já estacionou, há tempos, nos antigos espaços e discursos políticos.
Embora a sociedade brasileira seja movida por um sistema político partidário, a democracia deixou de existir na verdadeira concepção da palavra, ou seja, deputados e senadores simplesmente deixaram de representar o povo para defender interesses empresariais. Assim, de acordo com Benjamim Lago no livro Curso de Sociologia Política, de 2002, houve várias definições de política na história da sociedade e os gregos tendiam a associar política à ética. Tal visão pode dificultar a percepção de procedimentos antiéticos usados no exercício do poder.
Quando se percebe através de resultados concretos a inoperância e abatimento dos movimentos populares, é possível então afirmar que a política legítima necessita urgentemente de um antídoto contra as alianças mafiosas dos políticos, contra a incompetência dos que assumem o poder e contra o discurso demagógico e cínico de muitos líderes políticos que já foram chamados de "esquerda".
Em breve veremos os partidos se articulando a respeito de seu candidato e para isso haverá ainda muito jogo de cintura e declarações acaloradas. Contudo, o povo precisa estar ciente que a política atual e a que assistiremos na próxima eleição é aquela que está doente há décadas e tem como base os conchavos políticos que estão longe de interessar às reivindicações populares.
Talvez, os políticos carismáticos sejam mais uma vez os que irão agradar a opinião pública com suas promessas de campanha. Todavia, é bom lembrarmos que a política pura e verdadeira é a que guarda na memória a história e esta, quem sabe, tem dificuldade de se impor.
Se a democracia social, política e econômica ficou para trás, a verdadeira política que já adoeceu permanecerá invisível aos olhos de quem espera muito mais do poder político, não só no Brasil, mas também na América Latina.
Dessa forma, concluímos que a política está decadente nos diferentes espaços de poder, insistindo em ignorar os interesses sociais tanto no que diz respeito a uma direção política internacional quanto numa escala menor como a administração municipal.
O voto ainda é um exercício de poder, mas este deve tomar cuidado com o poder pouco democrático.
Por outro lado, apesar das deficiências aqui comentadas, é preciso ainda acreditar numa nova prática política, que deixa o campo do fanatismo ou da criminalidade e parte para um caminho aberto ao diálogo e ao compromisso com a justiça social.
Esperamos por uma nova política: íntegra, ética e bem intencionada. Não é possível que o poder sobreviva muito tempo dentro dos moldes atuais de representatividade. Por isso, resta-nos torcer pela boa recuperação da política que adoeceu.
Maria Rosa de Miranda Coutinho é mestre em Ciências Sociais.
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Comentários
Hudson Luiz Vilas Boas
Cientista Social – Poços de Caldas
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