Correio da Cidadania

Eleição e política

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O ano que iniciamos é, sem dúvida, de grande discussão política. Um ano eleitoral que começa a demonstrar que o povo brasileiro mais uma vez vive as decepções política/econômica, mas, sobretudo, a desconfiança com sistema representativo.

 

Continuamos com as dificuldades sociais de outrora, como os escândalos de corrupção nas diversas regiões do país. Lamentavelmente, os estados e municípios andam comprometidos com a falta de ética e com o descaso quanto aos inúmeros problemas na saúde e educação principalmente.

 

A política está doente e isso graças a pouca importância dada à democracia que já estacionou, há tempos, nos antigos espaços e discursos políticos.

 

Embora a sociedade brasileira seja movida por um sistema político partidário, a democracia deixou de existir na verdadeira concepção da palavra, ou seja, deputados e senadores simplesmente deixaram de representar o povo para defender interesses empresariais. Assim, de acordo com Benjamim Lago no livro Curso de Sociologia Política, de 2002, houve várias definições de política na história da sociedade e os gregos tendiam a associar política à ética. Tal visão pode dificultar a percepção de procedimentos antiéticos usados no exercício do poder.

 

Quando se percebe através de resultados concretos a inoperância e abatimento dos movimentos populares, é possível então afirmar que a política legítima necessita urgentemente de um antídoto contra as alianças mafiosas dos políticos, contra a incompetência dos que assumem o poder e contra o discurso demagógico e cínico de muitos líderes políticos que já foram chamados de "esquerda".

 

Em breve veremos os partidos se articulando a respeito de seu candidato e para isso haverá ainda muito jogo de cintura e declarações acaloradas. Contudo, o povo precisa estar ciente que a política atual e a que assistiremos na próxima eleição é aquela que está doente há décadas e tem como base os conchavos políticos que estão longe de interessar às reivindicações populares.

 

Talvez, os políticos carismáticos sejam mais uma vez os que irão agradar a opinião pública com suas promessas de campanha. Todavia, é bom lembrarmos que a política pura e verdadeira é a que guarda na memória a história e esta, quem sabe, tem dificuldade de se impor.

 

Se a democracia social, política e econômica ficou para trás, a verdadeira política que já adoeceu permanecerá invisível aos olhos de quem espera muito mais do poder político, não só no Brasil, mas também na América Latina.

 

Dessa forma, concluímos que a política está decadente nos diferentes espaços de poder, insistindo em ignorar os interesses sociais tanto no que diz respeito a uma direção política internacional quanto numa escala menor como a administração municipal.

 

O voto ainda é um exercício de poder, mas este deve tomar cuidado com o poder pouco democrático.

 

Por outro lado, apesar das deficiências aqui comentadas, é preciso ainda acreditar numa nova prática política, que deixa o campo do fanatismo ou da criminalidade e parte para um caminho aberto ao diálogo e ao compromisso com a justiça social.

 

Esperamos por uma nova política: íntegra, ética e bem intencionada. Não é possível que o poder sobreviva muito tempo dentro dos moldes atuais de representatividade. Por isso, resta-nos torcer pela boa recuperação da política que adoeceu.

 

Maria Rosa de Miranda Coutinho é mestre em Ciências Sociais.

 

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Comentários   

0 #2 Democracia Representativahudson luiz vilas boas 14-05-2008 12:10
Não tenho em grande estima a democracia representativa, no entanto dentro da atual conjuntura acho importante fortalecer não os partidos , mas sim suas diretrizes programáticas através do que chamo de voto coerente. Ou seja, a adoção de listas fechadas para o legislativo, a verticalização nas eleições federais e a ligação direta entre o voto para o legislativo e o executivo. Por exemplo se voto na lista do partido X a deputado federal, meu voto ao executivo nacional é diretamente transferido ao candidato daquele partido ou coligação. As exceções claro, ficariam por conta dos partidos que não tivessem candidatos ao legislativo ou ao executivo. Ainda é fundamental separar eleições de âmbito estadual das de âmbito federal. É pouco? Sim é muito pouco, mas já seria um avanço dentro da atual confusão política em que vivemos.

Hudson Luiz Vilas Boas

Cientista Social – Poços de Caldas
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0 #1 O fim das instituiçõesMaia 13-05-2008 11:33
O artigo da Maria Rosa é cheio de boas intenções mas peca por não ser radical. A Política na atualidade não é uma questão de moralidade, mas de ética. E assim, os Partidos, como estão estruturados, todos só existindo no período eleitoral, não "sabem e não tem instrumentos" adequados mais, pra voltarem a exercer um papel que já exerceram. O que temos que discutir é como o índivíduo deve se reunir na atualidade para se contrapor a esses "pseudos coletivos" que não mais o representam. E isso não se dará só com o voto. E chego a pensar que o voto é o que torna legal a ilegalidade da representatividade partidária. Assim, vamos ter que inventar novos instrumentos do "fazer político".
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