O Socialismo Constitucional
- Detalhes
- Gilvan Rocha
- 11/06/2008
O que é a constituição de um país? É o esteio jurídico da ordem sócio-econômica nele vigente. O país capitalista tem assegurado como princípio constitucional o respeito à propriedade privada dos meios de produção. O restante de todo o arcabouço jurídico é coadjuvante dessa premissa maior. Portanto, no capitalismo, o socialismo é inconstitucional.
Na sua história, o socialismo sofreu um terrível processo de degradação. De início, tivemos os socialistas utópicos que honraram os primeiros passos dessa proposta. O socialismo tornou-se ciência pelas mãos geniais de Karl Marx e Friedrich Engels. A eles seguiram-se figuras como Plekhânov, Lênin, Rosa Luxemburgo, Trotsky e outros de igual estirpe.
Depois disso, entramos em plano inclinado para a bancarrota. Foi a vez de termos Mao Tsé Tung, esse submarxista confuciano, praticando um arremedo de teoria que ia às raias do patético, como era sua proposta da guerra "popular e prolongada". E, bem ao gosto de um presumido nacionalismo revolucionário, tipo "pátria ou morte, venceremos", tivemos Fidel Castro com sua obra maior "A Segunda Declaração de Havana", testemunho de anti-americanismo e tão somente isso.
Em pleno século XXI, em franca exaustão do capitalismo, surge um novo "socialismo". Trata-se de um socialismo constitucional de viés nacionalista. Ele surge da eleição "livre e soberana" do coronel Hugo Chávez, na Venezuela, e se propaga pela Bolívia, Equador e, agora, no Paraguai, com a eleição do ex-bispo Fernando Lugo, ligado à Teologia da Libertação.
Diante disso, a esquerda indigente não se cansa de aplaudir essas experiências progressistas, supondo tratar-se de avanço do socialismo, o que é um profundo equívoco, pois significa desconhecer por completo a nossa necessidade histórica, qual seja, a de termos um discurso e uma mobilização de caráter explicitamente anti-capitalista.
O socialismo constitucional e nacionalista é, no mínimo, insuficiente diante das nossas gritantes tragédias.
Gilvan Rocha é presidente do Centro de Atividades e Estudos Políticos – CAEP. E-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo..
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Comentários
A partir do dia em que o povo deter o poder de fato, as coisas fluiram. O problema é quem vai dar o poder ao povo sem que ele tenha que se revoltar contra a ordem vigente atual da democracia de 4 em 4 anos somada a famosa alienação do trabalho.
Anibal Valença - Médico
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