Estados Unidos: o pêndulo aos democratas
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- Virgílio Arraes
- 26/09/2024
Transcorre o tempo eleitoral em benefício da candidatura da Casa Branca, uma vez que o entusiasmo cresce entre os democratas à medida que se estagna entre os republicanos. A desistência de Joe Biden proporcionou a mudança de quadro.
O desempenho decepcionante de Donald Trump no debate da noite de 10 de setembro diante de Kamala Harris, confiante e também exultante, desestimula o desafiante até agora a apresentar-se em outro embate na televisão, fator de repercussão ampla na sociedade por desdobrar-se seu teor nos demais segmentos de difusão. Bastante compactado, o conteúdo pode difundir-se de maneira muito acelerada, ao alcançar milhões e milhões de visualizações em dias nas redes sociais.
A pouco mais de um mês da votação do turno único, centram-se as duas tradicionais agremiações a arrebatar a mente da parcela indecisa do eleitorado, em especial a dos estados apelidados de pendulares, em decorrência da possibilidade de deslocar-se em cada um deles a vontade popular ora para a candidatura republicana, ora para a democrata.
O número de unidades da federação classificado nessa perspectiva varia a cada quatriênio. Hoje em dia, são sete: Arizona, Carolina do Norte, Georgia, Michigan, Nevada, Pensilvânia e Wisconsin. Juntos, somam noventa e três votos. No pleito de 2020, os democratas perderam apenas em um: o da Carolina do Norte.
No momento, vigora o pragmatismo político porque basta obter a maioria simples; a partir disso, conquista-se a delegação estadual e, deste modo, aufere-se a totalidade da representação – no país, são 538 votos no colégio eleitoral, de sorte que 270 asseguram o êxito, a despeito das cédulas registradas nas urnas populares.
Vencer em Nova York com cinquenta e um por cento ou, por exemplo, com setenta e seis por cento é amealhar o mesmo total do sufrágio. No entanto, existem dois estados com contagem diferenciada: Maine e Nebraska cujos respectivos votos (quatro e cinco) dividem-se por distritos - https://www.archives.gov/electoral-college/allocation.
Nos Estados Unidos, diferente do Brasil, não há a rigidez constitucional na fixação de cadeiras na Câmara dos Deputados, visto que, após a realização do censo nacional por decênio, revisa-se a distribuição – a próxima alteração ocorrerá somente no pleito de 2032 - https://www.archives.gov/electoral-college/allocation
Kamala Harris lidera as últimas pesquisas, embora com margem apertada sobre Donald Trump. Apesar da consolidação da tendência de sucesso, isso não significa favoritismo firmado por causa da configuração do sistema eleitoral, a da fragmentação, e da inexistência de obrigatoriedade de comparecimento às urnas, algo nem sempre observado.
Nos pendulares, a postulante democrata superaria o adversário na maioria, porém, a margem se expressa de forma reduzida. Assim, os dois aspirantes à presidência da República têm de dedicar redobrada atenção a este reduzido grupo de estados.
A debilidade política de Biden aparenta não afetar Harris ao passo que Trump não tem como afastar de si próprio sua personalidade composta de controvérsias, inclusive as do campo judicial. Portanto, sopram os ventos a favor do Partido Democrata, malgrado não desembocar em bonança para a população em geral.
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Virgílio Arraes
Doutor em História das Relações Internacionais pela Universidade de Brasília e professor colaborador do Instituto de Relações Internacionais da mesma instituição.
