Lógica para exclusão da Petrobras da exploração de novo petróleo é absurda
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- Plínio Arruda Sampaio
- 11/08/2008
É preciso prestar muita atenção ao balão de ensaio que o governo lançou na semana passada, já noticiado pela grande mídia.
Ministros da área energética declararam "em off" que Lula pretende excluir a Petrobras da exploração do petróleo recém descoberto na região de Santos.
Argumento: a exploração dessas áreas daria à Petrobras uma força muito grande, o que poderia levá-la a contrapor-se ao próprio governo, como aconteceu com sua congênere venezuelana PDVSA. Como a Petrobras tornou-se uma empresa mista, interesses privados passariam a influir indevidamente nas políticas públicas.
Solução: Criar uma companhia estatal para contratar a exploração dos novos poços com empresas privadas.
A Petrobras não pode explorar esse petróleo porque tem sócios estrangeiros, mas, recebendo um contrato de uma nova estatal, estrangeiros, sem um único sócio brasileiro, podem explorá-lo. Qual a lógica? Nenhuma.
Qual seria, pois, a verdadeira lógica de proposta tão absurda? Medo do governo brasileiro de enfrentar a pressão externa para apropriar-se desses recursos.
Dourando a pílula com o exemplo norueguês, afirma o senador Aloizio Mercadante em artigo ambíguo na edição da Folha de S. Paulo de 10 de agosto, pág. A3, que o Brasil deve seguir o modelo daquele país: criar um fundo estatal para gerir os rendimentos dos poços de petróleo.
Ótimo! Crie-se o fundo (ou empresa estatal, na terminologia dos "altos assessores") e entregue-se a exploração à Petrobras.
Isso sim seria o modelo norueguês. Lá, o fundo (ou empresa estatal) gere o patrimônio e a estatal – Petroro – explora o petróleo.
De acordo com a proposta, a Petrobras, que fez caríssimas pesquisas e desenvolveu a tecnologia de exploração submarina, será alijada dessa riqueza.
As forças nacionalistas precisam articular-se urgentemente para deter esse novo assalto do imperialismo. Antes de mais nada, convocar esses ministros e altos assessores, que falam em "off", para que mostrem suas caras.
O "balão de ensaio" deve ser detonado antes de tornar-se um fato consumado.
Plínio Arruda Sampaio é diretor do Correio da Cidadania.
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Comentários
E também faço um alerta: qualquer país do mundo, rico em petróleo tem essa riqueza como um patrimônio de todos. Porque no Brasil a gente tem essa dúvida?
A quarta frota americana anda rondando o Atlântico Sul. Por que será? Com a palavra o sr. Ministro da Defesa.
A preocupação do professor Plínio é uma contestação que não pode ficar apenas como uma indignada manifestação em canais que acolhem essas manifestações de soberania.
Esses gestos políticos fazem parte do jogo que Maquiavel tanto apreciaria.
Só temos uma forma de lutar contra os gigantes que enfretamos: tomando consciência para tomarmos posse do que é nosso conhecendo o VALOR REAL que isso representa, tirando a discussão da abstratação para a maioria dos brasileiros mas, muito concreta para o resto dos embatedores.
Só a imprensa tem o poder de nos informar o quanto e em que e para quem o petróleo será convertido. Escolas, hospitais, moradias, alimentação, lazer, transporte, acesso ao mundo tecnologizado e os sonhos, que estes já o temos!
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