Dois discursos
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- Gilvan Rocha
- 21/08/2008
Face à realidade econômica e social que vivemos, existem somente dois discursos qualitativamente diferentes. O primeiro é o discurso da burguesia, que consiste em dizer ser o capitalismo bom, desde que gerenciado com competência, honestidade e determinação. Esse é o discurso predominante, está em todos os recantos e vai do campo aos campi. Também está na boca dos maiores partidos de "esquerda" como é o caso do PT, PSB, PC do B e PDT.
Em razão disso, a direita, ou seja, a política que não extrapola os marcos do capitalismo, é francamente hegemônica, gerando daí a afirmação de que acabou a divisão política entre esquerda e direita, pois tudo é direita, cujas frações se coligam sem nenhum pejo em torno das mais diversas candidaturas.
O segundo discurso, minoritaríssimo, parte do princípio de que as mazelas sociais, tão agravadas a cada dia que passa, têm uma única causa que se chama capitalismo. O capitalismo foi revolucionário, mas o seu caráter progressista esgotou-se com o advento do imperialismo. Movido pelo propósito único de gerar lucros para a burguesia, o capitalismo tornou-se um sôfrego destruidor de vidas.
Assim sendo, a única política que serve aos interesses da humanidade respalda-se no discurso da superação do capitalismo, que deve ser feito de forma clara e ostensiva.
Quem leva, porém, a cabo esse discurso anti-capitalista? Quem proclama vivermos um dilema: ou a humanidade destrói o capitalismo ou o capitalismo destrói a humanidade?
Pouquíssimos. Valendo registrar que, dentre esses que se assumem anti-capitalistas, muitos têm esse discurso gravado no meandro de seus cérebros, enquanto usam sua energia para brandir um "Fora ALCA e FMI", reivindicações de caráter nacionalista que o próprio sistema se encarregou de resolver.
Todos são chamados a intervir. Todos devem fazer a sua escolha: ou o discurso conservador que respeita os limites do sistema ou o discurso da transformação social.
Gilvan Rocha é presidente do Centro de Atividades e Estudos Políticos (CAEP).
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