Capitalismo ou o caos
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- Gilvan Rocha
- 15/10/2008
No século XIX Frederico Engels disse: "o capitalismo trouxe consigo um dilema: o socialismo ou o caos". Muito depois, Rosa Luxemburgo afirmou: "vivemos um dilema: o socialismo ou a barbárie". Hoje, diante da derrota (mesmo que não definitiva) do socialismo em escala mundial e diante da ausência de um movimento anticapitalista, que se apresente como alternativa, estamos frente a um novo dilema: o capitalismo ou o caos.
Com o imperialismo, o capitalismo entrou em processo de exaustão e eram criadas as condições objetivas para implantação do socialismo. Tal não ocorreu. O socialismo teve sua grande derrota em 1912/13 e, de lá para cá, foi levado a acumular sucessivas derrotas. Entre elas, a mais espetacular, foi a queda do Muro de Berlim e a franca hegemonia política e ideológica do capitalismo em todos os quadrantes da terra.
Hoje, exaurido, tropeçando em suas agudas contradições, o capitalismo manifesta a sua inviabilidade através da atual crise financeira. A esquerda, por sua maioria, imagina que vamos assistir a derrocada do sistema vigente através da televisão. Uma pergunta elementar, porém, deve ser colocada: quem substituirá o Grande Império? O fascismo islâmico, através do Bin Laden, Irã e Síria, que sequer têm um projeto político? Ou o capitalismo cairá nas ruas através das massas populares enfurecidas saqueando, depredando, incendiando?
Nosso grande drama, que esperamos seja momentâneo, é que não temos um movimento socialista que se proponha a substituir o capitalismo. Entre o capitalismo ou o caos, é mais sensato preferir o capitalismo que a ruína como ante-sala da tragédia total. Eis a situação que nos levou à deformação e descaracterização do socialismo em nome de um capenga "marxismo-leninismo". Uma esquerda que não soube nem sabe assumir as derrotas e fica qual náufrago desesperado a abraçar placas de isopor, como é o socialismo constitucionalista latino-americano, não poderá nos tirar desse impasse. Necessitamos, sim, de uma outra esquerda à altura do nosso drama histórico.
Gilvan Rocha é presidente do Centro de Atividades e Estudos Políticos (CAEP).
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