Barack Obama
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- Gilvan Rocha
- 20/01/2009
Vivemos, indubitavelmente, em estado de completa orfandade política. O discurso dos dois mundos, o mundo do mal, ocidental e capitalista, e o mundo do bem, onde jorraria leite e mel. O mundo socialista foi por água abaixo depois de ser amplamente agitado em todos os quadrantes da terra como se fosse verdade, como se não houvesse de fato, um só universo de caráter inequivocamente capitalista.
Para acalentar a velha esquerda de matriz stalinista, formada de ingênuos, equivocados e fraudadores, eis que surge para consumo latino-americano o "socialismo do século XXI", o socialismo constitucionalista de acentuado conteúdo nacionalista, o que seria uma mera gracinha, não fosse sinal de acentuada esclerose política.
O mundo político parou. A velha esquerda, sem discurso, sussurra sua alegria. Barack Obama, senador negro e de ascendência muçulmana derrotou a extrema direita nas últimas eleições norte-americanas. Sinais dos tempos, murmuram os possuídos de impotência política que ardem de ódio ao Império, sem mover, no entanto, uma palha contra o capitalismo do qual esse império é produto. Caso o poder capitalista fosse realmente branco, os negros não galgariam postos de confiança dentro do sistema, como desfruta, por exemplo, a Condolezza Rice.
Para esse sistema, acima de credos religiosos, raça, cor, sexo, está o sagrado direito à propriedade privada e o lucro para poucos. O resto são nuances de natureza subalterna e os exemplos que a história nos fornece são abundantes, a começar pela África do Sul que saiu das mãos dos brancos para governos negros sem que o sistema sofresse nenhum abalo.
O fato é que vivemos um drama profundo pela ausência de um movimento anticapitalista à altura de nossas necessidades históricas e, em decorrência disso, muitos buscam nutrir-se de migalhas e fantasias. Substancialmente, Obama é uma dessas migalhas, tendo em conta os verdadeiros interesses da humanidade.
Gilvan Rocha é Presidente do Centro de Atividades e Estudos Políticos – CAEP.
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Comentários
Penso que estamos em um momento difícil e como dizia Lenin o momento mais difícil de ser Socialista é este, onde há um enorme refluxo, porém é de fundamental importância a chama ficar ascesa pois um dia ela poderá queimar forte e vigorosa.
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