Segurança privada invade acampamento do MST; polícia despeja e prende sem terra em Uberaba-MG
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- 19/04/2012
Cerca de 80 famílias sem terra, integrantes do MST e do Acampamento Roseli Nunes II, ocuparam a Fazenda Inhumas, no município de Uberaba, no Triângulo Mineiro na terça-feira, 17, por volta das 20 horas. Na madrugada da quarta, 18, por volta das 5 horas, um grupo de segurança privada da Empresa Máster chegou no acampamento dando tiros e semeando pânico.
A polícia florestal chegou logo após e chamou reforço. As famílias já tinham instalado as barracas de lona preta nas quais dormiram até serem despertadas por tiros dos seguranças particulares da Fazenda Inhumas. Sem mandado judicial, a Polícia Militar de Uberaba prendeu algumas das lideranças, tais como Edvaldo Soares e Adelson Luís. E levaram em ônibus da Usina Vale do Tejuco as outras famílias para a Praça Pio XII, da Igreja São José, do Bairro Gameleira, em Uberaba, onde o padre Rogério e pessoas de boa vontade estão prestando solidariedade.
Todos os Sem Terra foram revistados e suas bolsas também. Por que a PM não vistoriou os seguranças privados?
A PM alega que foi flagrante, mas isso é impossível de ter ocorrido, tendo em vista que as famílias já estavam com suas barracas feitas e bem organizadas fisicamente no imóvel.
A polícia militar cometeu abuso de autoridade, pois não tinha mandado judicial para despejar as 80 famílias. Conflito social não é motivo para prisão. Há indícios de “parceria” entre a empresa de segurança privada Máster, que atua na Fazenda Inhumas, e a polícia. Por que a PM não prendeu quem deu tiros para amedrontar os sem terra?
A Fazenda Inhumas faz parte de uma grande fazenda que foi desmembrada em três fazendas. As outras duas fazendas já estão tomadas por canavial que produz cana para a Usina Vale do Tejuco, que integra o Consórcio CMAA – Companhia Mineira de Açúcar e Álcool -, que está instalando mais outras duas Usinas na região do Triângulo.
Em Minas Gerais são mais de 10 mil famílias acampadas, onde ocorre o avanço, como um tsunami, do agronegócio, com monocultura de cana para saciar a fome dos motores da automovelatria. Assim o agronegócio liderado pela classe dominante, com apoio do Estado, vai deixando um rastro de devastação ambiental e de marginalização do povo camponês que reivindica tão somente um pequeno pedaço de terra para viver com dignidade.
Essa luta que se trava no município de Uberaba faz parte do Abril Vermelho, integra a Jornada de Lutas Nacional que cobra do Judiciário o julgamento e condenação de muitos jagunços e mandantes de massacres de sem terra que estão impunes, tais como o massacre de Eldorado dos Carajás, o massacre de Felisburgo, o massacre dos fiscais em Unaí, o massacre de três lideranças do MLST, em Uberlândia, em 24 de março último. E cobra do Governo Federal o desemperramento da Reforma agrária que está praticamente parada.
Contato para maiores informações:
Com Aguinaldo, cel.: 34 9145 2730
Frei Rodrigo Peret, cel.: 34 9167 2929.
Fonte: PSTU Uberaba.