A “Loura” não é má
- Detalhes
- Gilvan Rocha
- 15/06/2009
"Loura" é como a prefeita de Fortaleza é chamada, carinhosamente, pelos mais próximos dela. Ultimamente, temos ouvido alguns xingamentos e o argumento de que ela já não é a mesma Luiziane do tempo em que era funcionária da Emlurb, líder estudantil, vereadora, deputada estadual.
Há muito, o PT endireitou. Mas a "loura" pertencia a uma facção petista que se opunha a esse endireitamento. Tratava-se de uma militante aguerrida, de uma parlamentar combativa.
Quando havia manifestações populares bradando por direitos, lá estava a "loura" com seu discurso veemente em defesa do povo explorado pelo capitalismo, mas que ela imaginava ser pelo governo de plantão, erro comum do seu partido e assemelhados.
Também nas greves de trabalhadores em defesa dos seus direitos, ela lá estava apoiando-os na luta considerada por demais justa.
Tudo isso, porém, mudou e mudou muito, quando a nossa heroína passou para o outro lado do balcão e deixou de ser uma parlamentar livre das amarras, tornando-se gestora da desigualdade, isto é, quando assumiu um posto cuja tarefa é executar políticas do interesse da burguesia, próprias da função de governo, nesse sistema. Não só foi a "loura" que mudou de lado. Junto, ela arrastou um contingente de militantes para auxiliá-la nesse perverso papel de gestora da desigualdade, convertendo muitos desses militantes em meros office-boys e office-girls do capitalismo.
Isso, porém, não implica em dizer que a "loura" e seu séquito tornaram-se gente má. É verdade que alguns estão deslumbrados e até se locupletam com as benesses da posição que ocupam. Contudo, essa não é a regra, pois, o que os move é a vaidade do convívio e os afagos que o sistema matreiramente lhes dispensa - e esses são os tropeços da história.
Ontem, combatentes aguerridos; hoje, cooptados pelo jogo do capitalismo.
Gilvan Rocha é presidente do Centro de Atividades e Estudos Políticos – CAEP.
{moscomment}
Comentários
Nós temos sempre de observar que o oprimido guarda também ele um opressor dentro de si, como bem falava o educador Paulo Freire. Isto exige de nós uma participação co-gestionada no poder, para o quê temos de provocar a pauta democrática, e não esperá-la.
Abçs.
Assine o RSS dos comentários