Cuba, sim, a despeito do massacre
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- Milton Temer
- 16/03/2010
Cuba certamente não é um paraíso. Não é, nem poderia ser, por definição, materialização de uma utopia - a dos "nostálgicos de 68". Mas daí ao que vem sendo concluído por importantes cabeças pensantes, na seqüência da recente vista de Lula a Havana, vai uma distância considerável.
"Ditadura sanguinária" que "reprime toda espécie de oposição"; que "tortura presos políticos"; tudo isso eu levaria em conta se, como preliminar, juntamente com as denúncias, chegassem fotos e textos sobre manifestações massivas de opositores ao regime. Com o correspondente contraponto de ‘caveirões’ circulando ostensivamente pelas ruas, em cobertura a policiais robocopizados agredindo a multidão corajosa, ansiosa por liberdade e pelo fim do comunismo na Ilha.
E, diabos, não vejo nada disso... Se fotos existem de repressão e tortura absolutamente sem controle em Cuba, mesmo com pouca divulgação e informação sobre os detalhes do que ali aparece, elas vêm da agressiva e ilegal base norte-americana de Guantánamo. É ali que estão os presos políticos submetidos às maiores barbáries, comprovadas por depoimento e denúncias de suspeitos, cuja inocência se comprovou exatamente pelo que resistiram na tentativa de lhes arrancar confissões.
Ah, mas os opositores internos não têm condições de organizar manifestações em função do poderoso aparelho de repressão do Partido Comunista Cubano.
Essa baboseira só pode ser dita por quem se deixa conduzir pelo mais vulgar senso comum, sem um mínimo de curiosidade sobre a tradição do povo cubano de alcançar seus objetivos libertários em guerras civis memoráveis, com destaque para as da Independência. Sem a mínima curiosidade sobre sua tradição em não se curvar, mesmo nos momentos de maior força de suas ditaduras.
Manifestações massivas, de centenas de milhares de participantes, ocorrem em Cuba, e com freqüência, por conta de outros motivos, Ou melhor, outro motivo, no singular: o arrogante e repulsivo comportamento dos governos norte-americanos em relação ao regime cubano.
Financiando e promovendo atos de terror contra aviões civis, tentativas de assassinatos de dirigentes ou sabotagem de pólos industriais e agrícolas.
O que, objetivamente, se constata sobre Cuba é que existem de fato opositores. Mas, todos, com capacidade de se comunicar com o resto do mundo, sem ninguém lhes criando estorvo para contatar correspondentes estrangeiros que constantemente os procuram. Aliás, a imprensa brasileira é pródiga nesse mister. Qualquer foca de cabeça ‘higienizada’ por eficientes lavagens cerebrais, em suas investidas sobre a Ilha, tem muito mais preocupação e êxito em buscar e conversar sem nenhum problema com esses opositores do que em buscar entrevistas com autoridades governamentais, ou com membros e responsáveis pelos Comitês de defesa nacionais - instituições de bairros que as tentativas fracassadas dos Estados Unidos de promover invasões e sabotagens obrigaram o Partido Comunista a organizar em todo o país.
Não vou afirmar, repito, que não se cometam exageros nessa defesa institucional. Até porque ninguém controla a totalidade dos ‘guardas da esquina’. Mas entrar no cantochão dessa discurseira repetitiva, sem base no concreto, que transforma qualquer preso comum em mártir a partir de se afirmar "preso de opinião", com a palavra aceita sem qualquer investigação mínima dos fatos concretos, que é inaceitável. Só pode vir por absoluta má-fé no combate ideológico contra uma experiência que, apesar de todos os problemas materiais que enfrenta, continua a contar com o apoio da imensa maioria da população local. E nos obriga a recordar a passividade e a omissão que marcaram esses meios de comunicação, hoje apóstolos da liberdade, diante das ditaduras que assolaram o continente durante décadas da segunda metade do século XX.
O apoio ao regime em Cuba certamente não é fácil de ser aceito para as potências ocidentais, conservadoras ou ‘social-democratas’ vendidas e dominadas pelo famigerado ‘mercado’. Esses exemplos de civilidade que se calam diante de barbaridades que verdadeiras ditaduras praticam quase quotidianamente contra seus cidadãos, porque essas são suas subservientes aliadas - Egito, Jordânia e Arábia Saudita, apenas para citar as dos países árabes que traem seus irmãos palestinos. Ou, mais precisamente, diante das barbaridades que, dentro de suas próprias fronteiras, contra imigrantes quase sempre tratados como lixo da sociedade classista.
Não é fácil ser aceito por esses governos, ditos democratas, hipócritas diante das atrocidades que são cometidas pelo regime sionista que mancha as tradições nobres do judaísmo na condução do governo expansionista de Israel, em sua ocupação terrorista da Palestina.
Estrebuchem, porque essa onda vai passar. Os governantes dessas democracias do grande capital vão passar. Essa onda reacionária que tenta criminalizar as experiências transformadoras da América Latina vai passar.
E Cuba vai continuar.Milton Temer é jornalista e diretor-técnico da Fundação Lauro Campos.
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Comentários
Não sou \"çabio\", nem sábio, sou apenas um ser humano preocupado com os direitos fundamentais de todos.
Não sou \"agente provocador\", nem de primeira, tão pouco chegarei a \"quinta categoria\". Provocador é quem não respeita a forma de pensar de um outro ser humano. Tenho certeza que apesar da dita não \"afeição à gramática\", o não provocador entendeu perfeitamente como se deve respeitar os Direitos Humanos de todos. É bom compreender o que é Democracia, Liberdade, Estado de Direito e, acima de tudo, respeito ao próximo, pois só assim os homens e mulheres se sentirão livres, fraternos, iguais e seguros. O resto é oportunismo, ainda que seja ditatorial, em termos ideológicos, é claro!
\"Honestidade intelectual e senso comum\" seria comungar dos seus posicionamentos idológicos? Não me responda.
Advertir, quando fiz o meu modesto comentário, que não é necessário ser especialista em Ciência Política para se manifestar sobre questões de Direitos Humnos, principalmente quando se trata de Liberdade de Expresão, Liberdade de Ir e Vir etc.
Não me comporto como um "agente provocador de quinta categoria", pois não mereço qualquer retribuição por ocasião de manifestar os meus pensamentos. Sou livre, porque posso exercer os meus direitos fundamentais, apesar das incompreensões. No mais é coisa para intelectual de primeira grandeza.
Que pena que a minha formação é na defesa e na promoção dos Direitos Humanos. Entenda como quiser. Pense do seu jeito, pois tenha certeza que eu entendo o seu ponto de vista.
Ponto final!
Então, sob a ótica do senso comum, deveria o "çabio" diletante refletir sobre como pode ser possível a um pequeno estado, pobre, perseguido por 60 anos pelas forças hegemônicas do capitalismo internacional e seus satélites, manter-se por mais de cinquenta anos, sem que haja uma plataforma de legitimidade e consentimento da sociedade que o constitui?
E pare de desempenhar o papel de agente provocador de quinta categoria!
Será bem-vinda uma visita à Cuba, manifestando posição contrária ao seu regime político? Não somos contrários ao regime político cubano, que se diz socialista, apenas manifestamos o nosso posicionamento quanto ao desrespeito aos direitos fundamentais da pessoa humana. Acredito que é não necessário ser um especialista em História das Civilizações ou Ciência Política para podermos nos posicionarmos sobre determinado assunto, principalmente quando se trata dos Direitos Humanos de todos. Voces já pensaram como é participar de uma Assembléia Popular e não poder discordar dos superiores? Voces gostariam de ser "patrulhados" no seu dia-a-dia? Um cidadão cubano não pode se ausentar do seu país sem ter que prestar contas às suas embaixadas (ou embaixadores). Voce gostaria de passar por isso?
Olha, Senhores Especialistas, Os Direitos Humanos de todos nós se baseiam, se assentam, se sustentam, os quatro pilares (valores, princípios): Liberdade, Igualdade, Fraternidade e Segurança. A fragilidade do exercício de qualquer um deles afetam sensivelmente
a dignidade humana. Estou falando que sem LIBERDADE (de poder se reunir; expressar os seus pensamentos, as suas opiniões; escolher o seu próprio modo de vida) não há como falar em povo livre.
Nem só de comida, de pão, de diversão vive o homem. O Homen vive principalmente de vida, e vida é liberdade.
Hélio Mendes Cazuquel, Presidente da Fundação Instituto de Direitos Humanos. 71 - 3335-5709
Imaginemos que, após terem derrubado o ditador Fulgêncio Batista – marionete dos governos dos EUA -, os cubanos tivessem sido deixados livres para que pudessem seguir seu caminho, autonomamente, como é direito de qualquer povo. Certamente, as condições em que estariam vivendo hoje seriam muito melhores. Aí está o grande problema: isto serviria como um poderoso e quase irresistível incentivo para que outros povos também se aventurassem na tentativa de escapar ao jugo do império estadunidense. Algo impensável para um império. Então, os governos dos EUA teriam que fazer de tudo para por abaixo a Revolução e em não conseguindo, passariam a fazer de tudo também para inviabilizá-la, para que não desse certo. Assim, eles devem continuar fustigando o povo cubano. Fizeram isso com os nicaragüenses durante quase dez anos e, infelizmente, tiveram êxito.
Pode acontecer de um dia desistirem do cerco a Cuba, mas, acredito, não será de forma espontânea. A pressão de todos os povos do nosso planeta, inclusive do estadunidense, será essencial para que o Império desista e deixe o povo cubano livre. Por isso, artigos como este devem ser divulgados ao máximo
Vou remeter o artigo a todos os correspondentes do meu catálogo de endereços. Peço a todos que vierem a lê-lo que façam o mesmo, ajudando a multiplicá-lo, de forma a que possamos levar um pouco de verdade e de esclarecimento às pessoas que estão imersas num mar de manipulações e mentiras propagados pela avassaladora máquina de propaganda do Sistema de Poder que domina os Estados Unidos e a maior parte do planeta.
Viva Cuba!! Viva o povo cubano!!
Cuba certamente não é um paraíso. Existe algum país que o seja ?
Respeito aos direitos humanos. Citem um único país que não tenha atentado contra os direitos humanos em algum momento de sua história e inclusive agora ?
Nós sabemos muito bem ,que se fossem levados a visitar Cuba ,representações de favelados , desempregados , os desassistidos dos países do mundo , dificilmente não concordariam que gostariam de que em seus países existisse um sistema político , social e econômico como o de Cuba.
Já se disse em outros artigos que a constituição garante ao povo cubano uma participação na política que causa inveja a qualquer cidadão comprometido com o socialismo e a democracia. Lá existe o Poder Popular, com suas assembléias locais, municipais, provinciais e nacional. Mas tem um detalhe , eles escolhem seus melhores para representá-los , bem como , tem também o poder da revogação da representação. Um exemplo – artistas como Pablo Milanes e Silvio Rodrigues já foram escolhidos como representantes populares.
O resto é blá blá blá blá !!!!!
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