A corrupção
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- Gilvan Rocha
- 26/07/2010
Existe um discurso corrente de que viveríamos bem não fosse tanta corrupção. Em nome do combate à corrupção, alguns demagogos se deram muito bem, a exemplo de Jânio Quadros com sua vassoura e Fernando Collor se apresentando como o "Caçador de Marajás".
É verdade que a corrupção representa uma sangria de recursos que poderiam ser usados para o melhor atendimento das inúmeras necessidades sociais. Mas, não é verdade que viveríamos bem não fosse o cancro da corrupção.
Lancemos mão de um recurso didático. As drogas, tão nocivas à saúde e à sociedade, dividem-se em drogas lícitas e ilícitas. São drogas lícitas as bebidas alcoólicas e os cigarros de tabaco. São drogas ilícitas a maconha, a cocaína e o tão devastador crack. A primeira, a droga lícita, não sofre maiores censuras, enquanto as drogas ilícitas são alvos de cerrado combate e proibição.
Ora, quem produz as riquezas são as massas trabalhadoras e do montante que essas massas produzem uma boa quantidade é desviada para custear a corrupção e isso é totalmente ilícito.
Mas, do montante de riqueza produzida a maior parte vai para o bolso dos capitalistas que lucram, se apropriando do trabalho. E isso não é considerado roubo, é considerado lícito e amparado pelas leis vigentes, a começar pela tão badalada Constituição.
Enquanto a corrupção, que é própria do sistema capitalista, pois a ele é inerente, merece punição e acirrada desaprovação. A apropriação desvergonhada do suor e do sangue das massas trabalhadoras pela minoria burguesa, ao invés de ser denunciada e condenada, é reverenciada como testemunho de sucesso de meia dúzia de vivaldinos.
O cancro da corrupção junto com a fome, o desemprego, os baixos salários, as favelas, a violência e outras tantas mazelas são produtos do capitalismo. Portanto, o centro de nossa luta deve ser o permanente combate à verdadeira causa de nossos infortúnios.
Devemos entender que não é possível a moralização do capitalismo caso tenhamos claro que ele não se limita a um país, ele é universal. Minimizemos assim, os discursos moralistas, pois insuficientes.
Gilvan Rocha é presidente do Centro de Atividades e Estudos Políticos – CAEP.
Blog: http://www.gilvanrocha.blogspot.com/
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Comentários
Partindo do trecho tirado do artigo, a corrupção é um subproduto do sistema monetário, ela é um efeito e não uma causa, a função central do governo é inventar uma legislação regulatória para lidar
com o funcionamento da sociedade. Idealisticamente, os interesses gerais do povo
seriam a prioridade número um do governo. Infelizmente, como mostra a história,
não é esse, e raramente foi, o caso.
Antes, o governo como o conhecemos é na realidade uma "empresa-mãe" para
todas as outras corporações ativas dentro da economia de um país. Isso, é claro,
faz sentido uma vez que o valor de uma nação é de fato determinado pela condição
de sua economia. Isso significa que o governo tem um "grande interesse" na
situação econômica de sua nação, mais especificamente um interesse naqueles de
sua própria classe – a abastada classe alta.
Um "interesse" ou uma pessoa ou grupo tendo algo a ganhar ou perder devido
a uma decisão governamental é uma estrada de duas vias. Um político pode
receber "contribuições" em dinheiro de uma companhia que ele favorece em suas
decisões, enquanto a companhia ganha assim pelas decisões que ele tomou a seu
favor.
Na América, lobbing e contribuições constituem bilhões de dólares por ano e
esse dinheiro é totalmente concebido sobre o pretexto de "colocar em ação as
agendas" das partes contribuintes. Os EUA são o país mais privatizado do mundo.
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