Modelo? Que modelo?
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- Gilvan Rocha
- 27/08/2010
Há cerca de oitenta anos, a esquerda convencional, de matriz stalinista, abdicou da bandeira anticapitalista para aderir ao velho social-patriotismo da Segunda Internacional degenerada.
Com a burocratização da Revolução Russa, os interesses do Estado Soviético passaram a sobrepujar os interesses da Revolução Socialista. Nos países mais desenvolvidos, a esquerda convencional passou a defender a política de co-gestão do sistema capitalista através das famosas Frentes Populares, coligações eleitorais que reuniam partidos pretensamente de esquerda com setores de uma dita burguesia progressista.
Nos países retardatários, a esquerda convencional assumiu uma política nacional-reformista cujo esteio era a luta patriótica pela soberania e a consecução de algumas reformas que possibilitariam, num momento posterior e indefinido, que se chegasse a uma segunda etapa, a etapa da Revolução Socialista.
Assim, por longos anos, deixou-se de lado o anticapitalismo para centrar as energias contra o "inimigo comum" ao proletariado e à burguesia, que seria o imperialismo. Num primeiro momento, o imperialismo era representado pelos países centrais do capitalismo. Depois, deu-se um passo atrás no processo de degeneração política e reduziu-se a expressão antiimperialista aos yanques, supondo-se que eram eles a causa dos males sociais, e não o capitalismo.
Posteriormente, a esquerda convencional passou a denunciar um capitalismo selvagem, pretendendo que houvesse um modelo civilizado de capitalismo. Por fim, chegou a era do neoliberalismo. Tratava-se do modelo mais cruel de espoliação e isso motivou uma campanha exacerbada contra esse modelo.
Essa campanha deixava distante a necessária denúncia do capitalismo e passava-se a reivindicar outro modelo, que fosse menos cruel, e promovesse um pretenso desenvolvimento sustentável nos marcos do próprio sistema. Mas a questão não é trocar um modelo por outro. A questão é centrar a luta contra o capitalismo, independente do modelo que ele apresente.
Gilvan Rocha é presidente do Centro de Atividades e Estudos Políticos – CAEP.
Blog: http://www.gilvanrocha.blogspot.com/
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Comentários
Não cabe de fato à esquerda, que é definida fundamentalmente por uma concepção maxista.
Esquerda, a rigor, é anticapitalista e anti-imperialista.
Se não é anticapitalista, não é esquerda!
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