E se for o Serra?
- Detalhes
- Gilvan Rocha
- 06/10/2010
Depois de muita arrogância, a Dilma não logrou vitória no primeiro turno. Haverá, portanto, um segundo momento em que a disputa estará polarizada entre a candidata forjada pelo Lula e o candidato José Serra. Não há diferença substancial entre essas duas candidaturas. Ambas merecem toda confiança do sistema capitalista, pois a ele se propõem servir com toda presteza. Não é por acaso que a campanha da Dilma Rousseff tem sido alvo das maiores contribuições financeiras, o que faz de sua campanha a mais rica de todas.
Mas uma questão se coloca para todos nós que nos propomos a fazer uma reflexão, ou seja, parar para pensar. Será que na hipótese de José Serra presidente as centrais sindicais e estudantis haverão de ser desengessadas? Será que os sindicatos abandonarão o seu comportamento estritamente burocrático e governista, para ganharem as ruas em defesa dos direitos dos trabalhadores e na luta contra o sistema capitalista? Será que haveremos de sair da imobilidade política em que o governo Lula jogou todo o movimento de massa?
Há que pensar! De repente, uma legião imensa de militantes da esquerda convencional, formada pelo PT, PCdoB, PSB, poderá se ver na condição de desempregada, o que possibilitará tornar-se insatisfeita e, aí sim, se propor a procurar os trabalhadores, os estudantes, o povo em geral, para ganhar as praças e ruas em nome de uma cerrada oposição ao governo direitista do sr. José Serra.
Cabe pensar. Qual mais prejudicial à causa da libertação dos explorados e oprimidos no sistema capitalista: a direita desnudada ou a direita travestida de esquerda, conforme vem ocorrendo através do governo Lula? Não diz o povo que o pior inimigo é o falso amigo? Não dá pra perceber que, "nunca na história desse país", a burguesia gozou de tantas vantagens, privilégios e, sobretudo, tranqüilidade, uma vez que o governo Lula, a preços módicos, logrou cooptar as centrais sindicais e estudantis e uma massa de miseráveis a troco de migalhas?
Direita versus direita é o que teremos. Cabe escolher qual candidato é, taticamente, preferível.
Gilvan Rocha é presidente do Centro de Atividades e Estudos Políticos – CAEP. Blog: http://www.gilvanrocha.blogspot.com/
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Comentários
Não. Admito que existem críticas, mas o PT, o Governo Lula, foi um avanço importantíssimo. Em minha cidade também foi. É indubitável.
A propósito, enviei para o email deste Correio o chamamento de Aldir Blanc para Plínio e Marina. Para apoiarem Dilma neste segundo turno.
Não sei ainda a resposta.
Acompanho o PT aqui em Varginha há 24 anos. Não há entreguismo não. Há coantradições. Quem não as teria?! Os diletantes anarquistas ou extremistas de esquerda?!
Não companheiros, nesta hora é Dilma, não há que pensar.
Aqui em Varginha, mil vezes o PT, com todas as contradições, do que a direita que eu sei do que é capaz.
Quem veio para cá não faz muito tempo não tem noção do que esta direita aqui, ou em qualquer lugar, é capaz.
Tenho dito.
Se for o Serra, os movimentos sociais, sindicais e estudantis cooptados serão desengessados para fazer a campanha: Lula 2014. Só!
O que você apresenta como uma possível "opção tática" pelo PSDB não passa do mais puro e duro apoio à direita. Me entristece que a esquerda rachada em pequenos partidos sem representatividade esteja assumindo essa postura inconsequente. O enfraquecimento do PT pode, sim, representar o desmanche do aparato pelego-sindical que engessou os trabalhadores. Isso, porém, não quer dizer que a eleição de um néo-liberal burguês vá facilitar a mobilização. Pelo contrário. Fortalecer a direita é ir na contramão da história. O PSDB já emplacou deputados e governadores em importantes estados e, ao contrário do que se pensa, não é um inimigo mais fácil de enfrentar do que o PT. Tampouco os quadros dos partidos coligados que você citou se mobilizaroão e "saírão as ruas". Aliás, muito menos as massas o farão. Do contrário, só se sentirão cada vez mais impelidas a defender a representatividade burguesa, apoiando os "Tiriricas" de PR e outros.
Enfim, acabaram-se os pontos corridos. Agora é mata-mata. Ou se fica do lado dos movimentos sociais que, bem ou mal, se beneficiaram do governo Lula, ou se apóia a antítese da esquerda. E aproveito para, a despeito de desagradar ou não quem dirige o site, citar a fala do candidato Aloízio Mercadante, no debate dos presidenciáveis da Globo: "O PT fez uma escolha histórica". Pode ter sido um erro, mas foi uma escolha. Uma escolha que tirou 26 milhões de trabalhadores da linha da pobreza. Bem ou mal, essa escolha, depois de 500 anos de espoliação, já foi pelo menos um passo nessa caminhada em que todos nós acreditamos. Que todos pensem nisso antes de apoiar a direita como "opção tática", porque, afinal, se todos os italianos tivessem ouvido Gramsci, Mussolini não teria subido ao poder.
o Serra se elegendo, aqueles que pensam terão oportunidade de surgir como os ideólogos salvadores dos frascos e comprimidos. A frase correta e´: o Serra se elegendo, aqueles que PENSAM QUE NEM VOCÊ, IMAGINAM QUE TERÃO oportunidade de surgir como os ideólogos salvadores dos frascos e comprimidos.
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