Ao companheiro “Sicrano”
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- Gilvan Rocha
- 19/11/2010
Omito o nome do companheiro para evitar qualquer tipo de constrangimento. A verdade é que fui surpreendido pela afirmação de que eu havia declarado ser o Serra melhor do que a Dilma. Isso não é verdade. Trata-se de uma distorção. Escrevi dois artigos: um era "Entre o péssimo e o pior", e o segundo, "Trágico dilema". Nenhum dos dois artigos diz que alguém é melhor e sim que os dois seriam péssimos. E isso é diferente do que estava me sendo atribuído. A esquerda de matriz stalinista tem por hábito recorrer a distorções para desqualificar os que divergem e isso deve ser evitado.
Em segundo lugar, devemos deixar claro que o voto Dilma, Serra ou Nulo são posições de natureza estritamente tática; não é uma questão de princípio. É muito próprio da esquerda dogmática fazer confusão entre o que é tático e o que é princípio. O certo é ser inflexível nos princípios e flexível na tática. Entretanto, por desconhecimento ou má fé, inverte-se a questão, flexibiliza-se nos princípios e inflexibiliza-se nas táticas.
A maledicência de certa esquerda torna a vida política, nesse âmbito, próxima do intolerável. Esse comportamento afasta uma legião de pessoas honestas e abriga aqueles que se dispõem ao jogo sujo ao invés do embate limpo. É claro que não me atenho ao companheiro Sicrano, pois conheço muito bem o seu estofo moral, mas isso não impede que pessoas, mesmo honestas, terminem por difundir a maledicência, dando asas para os arrivistas, os insensíveis, os inescrupulosos ou mesmo aos beatos acríticos que não se tocam que as distorções, a calúnia, a má fé são grandes estorvos para uma militância revolucionária.
Repilo a insinuação de que eu tenha considerado uma das duas candidaturas do segundo turno, boa. Repeti, exaustivamente, que a disputa se dava entre a direita. Serra, a direita explícita; Dilma, a direita travestida de esquerda. Ambas as candidaturas a serviço da manutenção do capitalismo e, portanto, objeto de generosas contribuições as suas campanhas por parte do grande capital. Devemos repelir o falso dilema: neoliberalismo versus nacional-desenvolvimentismo, pois isso é uma inverdade. As candidaturas eram continuístas do Plano Real de Itamar Franco, FHC e Lula, o resto é fantasia ou má fé.
Gilvan Rocha é presidente do CAEP- Centro de Atividades e Estudos Políticos.
Blog do autor: www.gilvanrocha.blogspot.com/
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Comentários
Esse é o problema de boa parte da dita esquerda: é composta por ambidestros.
Não concordo com muitas coisas que diz o Sr. Gilvan, mas gostei deste artigo, especialmente quando fala da maledicência. Chamo de processo de queimação. Vi e fui vítima disto no movimento sindical e no partido em que milito, o PT. Não acredito que seja diferente em outros partidos de esquerda, por isso até hoje não me desfiliei. Conversando sobre isto com um companheiro dias desses, disse ele que 'queimação' é tática da direita. Gostei do que ele disse. Mas porque existe tanto na esquerda?! Não se quer ser diferente da direita?! Não se quer construir a "nova sociedade", o "homem novo"?! Ou é apenas um discurso enganador, traiçoeiro, cruel?!
Se é assim, não seria preferível ser um direitista, quer dizer, não defender mudanças, revoluções, etc.?!
A propósito, Sr. Gilvan, não foi o senhor que escreveu "E se for o Serra..."? Este artigo eu, definitivamente, não concordei.
Um grande abraço!
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