O que salvou Lênin?
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- Gilvan Rocha
- 26/01/2011
O grande revolucionário Vladimir Lênin teria dois destinos na história. Ou ele seria, caluniosamente, apontado como agente do imperialismo alemão e traidor da pátria ou seria aclamado como herói. Tudo dependeria do desfecho do processo político em curso na Rússia. É fato que Lênin fez um acordo com o imperialismo alemão que lhe permitiu viajar no trem blindado, até a Finlândia, por onde entraria na Rússia conflagrada.
Esse acordo, é claro, tinha interesses das partes. Entretanto, eles não eram convergentes e sim divergentes. Lênin objetivava retornar à Rússia e tentar alavancar o processo revolucionário, rumo à vitória do socialismo. O imperialismo alemão pretendia que os bolcheviques de Lênin agitassem sua política contra a guerra e enfraquecessem o governo russo, com quem a Alemanha estava em guerra.
É fartamente dito que os alemães não só contribuíram com o retorno de Lênin como forneceram recursos materiais, "o ouro alemão", com o objetivo de proporcionar mínimas condições materiais para o desempenho político dos bolcheviques.
Os adversários de Lênin trataram de envidar uma campanha no sentido de mostrá-lo como traidor venal da pátria. Foi o triunfo da Revolução Bolchevique que salvou Lênin dessa tão sórdida pecha. Mas essa vitória não pode salvá-lo de ser beatificado e canonizado quando a derrota do socialismo em escala mundial e, por conseguinte, a vitória da contra-revolução, gerou uma hedionda monstruosidade, o stalinismo.
A contra-revolução instalada no seio da própria URSS, capitaneada pela sinistra figura de Stalin, sentiu a necessidade de transformar Lênin em ícone da perfeição e suas obras em "livros sagrados".
Esse processo de construir a cultura da infalibilidade, seja do Lênin e mais ainda do Partido, expressada na afirmação de que "o Partido nunca erra", tornou-se um pressuposto para a consolidação da contra-revolução stalinista que se estendeu mundo afora, através da Terceira Internacional desfigurada.
Vê-se, pois, que ambos os destinos de Lênin eram cruéis.
Gilvan Rocha é diretor do Centro de Atividades e Estudos Políticos – CAEP.
Website: http://www.gilvanrocha.blogspot.com/
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Comentários
Deste privilégio que ele foi agraciado, nenhum de nós desfrutamos....
Gostei do artigo, qualquer mitificação é conservadora.
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