Belo Monte: resposta do Brasil à OEA é vergonhosa
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- Telma Monteiro
- 04/05/2011
Faltou maturidade ao governo no trato com a OEA.
Atônita com a atitude do Brasil frente às recomendações da OEA sobre Belo Monte, acabo de levar um grande susto com a retaliação de Dilma Rousseff em retirar a contribuição anual à organização. Todos os membros da OEA contribuem anualmente para manter sua estrutura. Não que isso vá acabar com a OEA. Mas a atitude do Brasil tem um significado vergonhoso.
Fiquei então pensando se Dilma, durante a ditadura, quando presa e torturada, na solidão de sua cela, exausta e sofrida, teria ansiado por um organismo internacional que intercedesse por ela e por aqueles que sofriam com a violação dos direitos humanos.
Assim como fez a Comissão de Direitos Humanos (CIDH) da OEA em favor dos indígenas do Xingu, para resguardar seus direitos ao consentimento livre, prévio e informado.
Estranho, pois, que o governo brasileiro tenha uma atitude tão ou mais xenófoba que as dos militares brasileiros da ditadura, algozes autoritários. Aqueles militares que esbravejavam e que esbravejam ainda, caquéticos hoje, contra uma ridícula ameaça americana de conquistar a Amazônia e as suas riquezas naturais.
No entanto, o que consta é que os que querem explorar as riquezas naturais da Amazônia são as nossas próprias empresas estatais consorciadas com as grandes empreiteiras, com mineradoras ávidas, com bancos públicos, privados e holdings internacionais. Belo Monte significa uma montanha de dinheiro, ou a Vale não estaria agora interessada.
Com tudo isso o Brasil, não este maravilhoso dos brasileiros, mas aquele dessa presidente autoritária e arrogante, está dando mostras contundentes de que não tem maturidade para integrar o tal Conselho de Segurança da ONU, tão almejado. Quem não respeita os direitos humanos e desse crime é apontado pública e internacionalmente não pode ser levado a sério.
Será que Dilma Rousseff e entourage estão esquecendo como sofreram horrores na ditadura? Será que estão fazendo uma releitura da dita ao ignorar o clamor dos indígenas do Xingu e agora o grito dos Munduruku do Tapajós?
O governo, a AGU, suas excelências no Congresso, estão agindo, no caso da OEA e Belo Monte, com visível medo de que essa Medida Cautelar proferida pela CIDH se transforme em um precedente. Levando-se em conta tudo que está planejado nas obras tenebrosas do PAC, dá para entender o temor.
Telma Monteiro é ativista sócio-ambiental e pesquisadora na área de energia e infra-estrutura na Amazônia.
Blog: http://telmadmonteiro.blogspot.com/2011/04/belo-monte-resposta-do-brasil-oea-e.html
Twitter: https://twitter.com/TelmaMonteiro
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Comentários
A questão de medo dos militares de uma suposta tomada da nossa Amazônia não passa de engôdo. Eles sempre cumpriram ordens americanas e o projeto SINVAM que é manipulação americana teve muito progresso na gestão tucana formada por elitilosos que defendem o entreguismo e vivem com a mentalidade retógrada.
Os nativos estão se dizimando não há uma década pra cá. Faz muito tempo que sua população vem diminuindo. O que temos é muita terra pra pouco índio e muito desenvolvimento encalhado.
Se não há desenvolvimento, há críticas. Se há desenvolvimento, desocupados com a realidade senta a pua.
Lógico que medidas preventivas devem ser tomadas. Medidas preventivas não significa embargos daquilo que nos trará progresso e condições melhores no futuro.
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