Que direita?
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- Gilvan Rocha
- 20/05/2011
Em reunião de representantes do PT, PSB, PC do B e PDT, alguém discursou: "precisamos estar atentos, pois a direita se prepara para voltar ao poder".
Nessa seleta reunião, outro sujeito bradou com toda força: "direita? Mas direita somos nós. Basta lembrarmos que ser direita é preservar a manutenção do sistema capitalista e é isso o que nós fazermos diuturnamente.
Talvez os senhores estejam se referindo à extrema-direita. Mas o Maluf, o Sarney, o Jader Barbalho, o Renan Calheiros, o Romero Jucá e todo o PMDB fisiológico já não estão do nosso lado? Por que pregar esse espantalho de uma direita que não passa de nós mesmos?
Falou-se na retomada do poder. É provável que isso tenha vindo de um marxista-leninista-trotskista ou de um doutor em ciências políticas da Universidade Autônoma do México, quem sabe? Fica, porém, demonstrado, que aqui não se tem a menor ideia do que seja poder.
Há cerca de dez mil anos é que surgiu a divisão da sociedade em classes e camadas sociais. Mais objetivamente: surgiu a pequena classe dos ricos e a gigantesca classe dos pobres.
Essa minoria de ricos, para se manter, tinha a necessidade de construir um aparato de poder formado por várias instituições. Esse aparato que nasceu naquele momento histórico foi o Estado.
Poder, portanto, é o Estado, e ele é produto da divisão da sociedade entre ricos e pobres e existe para garantir essa desigualdade. Nos processos eleitorais não está em disputa o poder; o que entra em disputa são as mudanças de governo, e governo não é poder.
Governo é transitório, e o poder é permanente. Assim, não conquistamos o poder, estamos apenas gerenciando os interesses do sistema. No exercício de nossa função, nós PT, PSB, PC do B, PDT, em estreita aliança com partidos fisiológicos, logramos tirar algumas vantagens, seja praticando falcatruas, seja usufruindo favores ou benesses e assim jogamos nosso papel de direitistas, enquanto a esquerda, o anticapitalismo, estão reduzidos a pequenos bolsões, ora tratando de gênero, raça, homofobia, preservação da natureza, secundarizando a luta direta e explícita contra o capitalismo".
Gilvan Rocha é membro do Centro de Atividades e Estudos Políticos – CAEP.
Blog: www.gilvanrocha.blogspot.com/
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Comentários
Não são apenas os socialistas que são de esquerda...
Uma ideologia reformista também pode ser considerada de esquerda. Pode até ser taxada de esquerda burguesa ou pequeno-burguesa, mas também é esquerda.
É claro que a direita é a favor da manutenção do sistema capitalista, mas também existe a esquerda capitalista, como eu já disse, a social democracia.
Os socialistas só têm uma parte forte do sindicalismo urbano dos trabalhadores intelectuais, como os professores, a parte combativa do movimento estudantil e os movimento sociais próximos das ongs dos Direitos Humanos.
Em suma, a parte da população urbana mais esclarecida, intelectualizada.
A vanguarda da luta contra o capital não está nesses movimentos.
Portanto, organiza-se os movimentos que se consegue no momento liderar.
Abraços
Fábio.
Evidente que a luta anticapitalista, ou póscapitalista faz parte do âmbito da esquerda, mas 'inferir' que "governar em um sistema capitalista" seria direita por si só é de dar dó!
Basta usar a História, ou os exemplos históricos de todos os que, em algum momento ou de alguma forma (como URSS ou Cuba)ao menos tentaram superar o sistema capitalista. Seriam eles também 'representantes da direita' por terem tomado o poder, apoderando-se dos Estados?
E ainda pior - ignora até a 'origem' dessa divisão, lá na Revolução Francesa, época em que sequer o capitalismo estava completamente formado, nos moldes como o conhecemos atualmente.
Depois ainda reclamam dessa esquerda 'sectária e paradoxalmente elitista' representada pelo PSOL e demais continuar tão restrita...
Feliz o país que tem uma esquerda tão viva e atuante como a do PT, PCdoB, PSB, PDT - ao menos é o que temos visto nos governos Lula e Dilma.
O POVO (em especial os pobres) agradece!
1) O Ovo da Serpente
2)O sétimo Selo
Na certeza de que, o que vemos hoje NÃO É MERA COINCIDÊNCIA, mas sim produto pensado e acabado.
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