Inimigos da Dilma!
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- Gilvan Rocha
- 14/09/2012
Para a senhora Dilma, ex-guerrilheira nos anos de chumbo, chamados impropriamente de Ditadura Militar, seus inimigos não são os seus torturadores e muito menos o sistema capitalista que ela procura gerenciar com toda a competência. As suas relações com as forças armadas e policiais, braços de sustentação da ordem vigente, são amistosas e até dotadas de muita cortesia. Não são, pois, as instituições de sustentação do capitalismo, nem tampouco o próprio capitalismo que são vistos como seus inimigos. Os inimigos da ex-guerrilheira são: o PSDB, o DEM e o PPS.
Contra o PSDB, ela abre a sua artilharia, partindo do pressuposto de que essa agremiação política é o inimigo principal de toda a humanidade, representante de um cruel modelo de gerenciamento do sistema, qual seja, o modelo neoliberal. Contra esse perverso modelo, uma certa esquerda de feição acentuadamente direitosa opõe, não o socialismo, mas um outro modelo de políticas econômicas, de natureza nacional-desenvolvimentista, que deverá tornar o atual sistema socioeconômico um sistema humanizado, palatável a todos os gostos – e isso é um juízo sem nenhum fundamento.
Essa dicotomia, neoliberalismo versus modelo nacional-desenvolvimentista, não passa de uma deslavada fraude política, cuja serventia é enganar consideráveis parcelas do povo, principalmente os setores tidos como mais politizados. É falso, profundamente falso, pretender que existam no âmbito do capitalismo diferenças substanciais entre o público e o privado. Esse engano advém do fato de não se entender o verdadeiro caráter de classe do Estado. No capitalismo, o Estado é um instrumento político-militar da burguesia e o que é estatal não é do povo, como tanto propala a velha esquerda direitosa que tantos serviços tem prestado ao exaurido capitalismo, que se mantém de pé sobre altos custos sociais.
Não é de estranhar, portanto, que, diante das impossibilidades de investimentos estatais nas obras de infraestrutura, o governo petista lance mão de um pacote de medidas em que a privatização ostensiva dos investimentos seja colocada como imprescindível.
Trata-se de uma circunstância imperiosa, onde as necessidades do próprio sistema determinam a conduta política a ser tomada, e a senhora Dilma não poderia fugir dessa contingência, quando sabemos que o seu governo, como todo governo no âmbito do capitalismo, está a serviço da burguesia. Ela procura levantar uma cortina de fumaça quando agride os neoliberais, enquanto resguarda os interesses maiores do capitalismo.
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Gilvan Rocha é militante socialista e membro do Centro de Atividades e Estudos Políticos. Blog: www.gilvanrocha.blogspot.com
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