Bravatas norte-coreanas
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- Gilvan Rocha
- 05/04/2013
De forma aparentemente assustadora, o governo norte-coreano aponta as suas armas para a Coréia do Sul e para os EUA, dizendo-se disposto a atacar esses alvos. Tudo leva a crer que as bravatas norte-coreanas não passam de bravatas, e que seu objetivo tem realmente outros alvos, quais sejam: atender aos ímpetos belicosos de alguns de seus obtusos generais e tentar algumas vantagens econômicas a partir de suas chantagens.
Em situação deveras delicada fica a velha esquerda, de matriz stalinista, que se sente no dever de justificar e defender os inúmeros e constantes crimes cometidos, ontem e hoje, em nome do comunismo. A imagem lançada pelo governo norte-coreano, com os seus soldados erguendo, de forma sincronizada, os braços em tom de ameaça, evidencia o caráter fascista daquele governo.
Mas não é somente a defesa do Estado policial fascista da Coréia do Norte que eles, equivocadamente, defendem. Escondem o genocídio praticado no Camboja, em nome do comunismo, sob as mãos assassinas de um psicopata, o sinistro Pol Pot. Escondem o destino que teve a guerra heroica de libertação nacional do Vietnã, quando se tornou mais um exemplo da capitulação ao capitalismo, verificando-se a existência de propagandas ostensivas nas ruas da capital e de outras cidades vietnamitas de produtos das multinacionais, inclusive de cartões de créditos. Evidência total de que a brava luta dos vietcongues não resultou em nada mais do que um capitalismo de Estado.
Já se disse que a “verdade é revolucionária”, porém o stalinismo-trotskismo não cessa de praticar a mentira histórica como se ela pudesse servir à causa socialista. Nós, socialistas revolucionários, fiéis aos princípios reais do socialismo científico, devemos refutar tais posturas, que têm servido apenas para alimentar com fatos o discurso reacionário da burguesia imperialista. A burguesia não precisa inventar, basta expor as deformidades que se apresentam sobre o rótulo do comunismo para manter distantes legiões de pessoas intimidadas.
As práticas de intolerância e a inequívoca existência do capitalismo de Estado, vestindo uma roupagem enganosa ou assumindo o carimbo do marxismo-leninismo, têm se prestado a contribuir com nossas sucessivas derrotas. E, assim sendo, precisamos urgentemente nos depurar das mentiras, dos equívocos praticados em nome do comunismo, tornando essa palavra um estigma, pois é fartamente enlameada com os exemplos negativos que são exibidos, como é o caso mais agudo do fascismo norte-coreano.
Gilvan Rocha é presidente do Centro de Atividades e Estudos Políticos – CAEP.
Comentários
Classificar de fascista tal governo extrapola até os comentaristas burgueses.
Antes de se considerar socialista, pior, marxista, deveria conhecer os precedentes históricos da Coréia e chegar ao recente estado de coisas. Nenhum poder se mantém tanto tempo, como o da RPCN a custa da força e de fascismo. Deveria ler as reflexões do líder revolucionário Comandante Fidel Castro sobre o assunto e tomar uma lição de história e socialismo, antes de propalar tanta besteira e prestar, assim, um enorme serviço ao imperialismo!
Serve esta de protesto e indignação pelo artigo que serve para confusão e levar água ao moinho dos inimigos da Humanidade!
Se é verdade que há capitalismo de estado na China e no Vietnam, então, se socialistas, é preciso lembrar que há luta de classes (há dialética) - e especialmente no caso da China estamos falando da classe trabalhadora que movimenta a economia mundial.
Se fica claro que essa classe tem grande importancia, e que o resultado dessa luta de classes pode representar o futuro da economia mundial e por que não do socialismo, então é de estranhar essa falta de cuidado e posicionamento minimo da esquerda ocidental com o extremo oriente. Já era o momento de ter visões minimamente claras sobre o significado das coréias, de sua unificação, do Japão, do sudeste asiático, do Estado Chines, dos antagonismos entre esses países, das forças internas envolvidas, dos pesos e contrapesos, da possibilidade das classes trabalhadoras transcenderem os antagonismos nacionalistas e começarem a pensar um movimento trabalhista asiático - é dificil e até utópico, mas já é uma perspectiva concreta que pode ser trabalhada teórica e praticamente pela esquerda mundial.
Evitemos mais uma tragédia vapitaneada pelo EUA - Páis da industria da Guerra...
O dever de evitar uma guerra na Coreia
Faz alguns dias me referi aos grandes desafios que hoje a humanidade enfrenta. A vida inteligente surgiu no nosso planeta há cerca de 200 mil anos, salvo novas descobertas que demonstrem outra coisa.
Não confundamos a existência de vida inteligente com a existência da vida, que, desde suas formas elementares no nosso sistema solar, surgiu há milhões de anos.
Existe um número praticamente infinito de vida. No trabalho sofisticado dos mais eminentes cientistas do mundo se concebeu a ideia de reproduzir os sons que se seguiram ao Big Bang, a grande explosão que ocorreu há mais de 13.700 milhões de anos.
Seria esta introdução demasiado extensa não fosse para explicar a gravidade de um fato tão incrível e absurdo como a situação criada na Península da Coreia, em uma área geográfica onde se agrupam quase 5 dos 7 bilhões de pessoas que neste momento habitam o planeta.
Trata-se de um dos mais graves riscos de guerra nuclear depois da Crise de Outubro, em 1962, em torno de Cuba, há 50 anos.
No ano de 1950, se desatou ali uma guerra que custou milhões de vidas. Fazia apenas 5 anos que duas bombas atômicas haviam explodido sobre as cidades indefesas de Hiroshima e Nagasaki, as que em questão de minutos mataram e irradiaram sobre centenas de milhares de pessoas.
Na Península Coreana o general Douglas MacArthur quis empregar as armas atômicas contra a República Popular Democrática da Coreia. Nem sequer Harry Truman o permitiu.
Segundo se afirma, a República Popular da China perdeu um milhão de valentes soldados para impedir que um exército inimigo se instalasse na fronteira deste país com a sua Pátria. A URSS, à sua vez, forneceu armas, apoio aéreo e ajuda tecnológica e econômica.
Tive a honra de conhecer Kim Il Sung, uma figura histórica, notavelmente valente e revolucionária.
Se lá estourar uma guerra, os povos de ambas as partes da Península serão terrivelmente sacrificados, sem benefício para nenhum deles. A República Democrática da Coreia sempre foi amistosa com Cuba, como Cuba tem sido sempre e seguirá sendo com ela.
Agora que demonstrou seus avanços técnicos e científicos, lhe recordamos seus deveres com países que foram seus grandes amigos, e não seria justo esquecer que tal guerra afetaria de modo especial mais de 70% da população do planeta.
Se um conflito desta índole estourar, o governo de Barack Obama em seu segundo mandato ficaria sepultado por um dilúvio de imagens que o apresentariam como o mais sinistro personagem da história dos Estados Unidos. O dever de evitá-lo é também seu, e do povo dos Estados Unidos.
Fonte: Prensa Latina
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