Bravos combatentes
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- Gilvan Rocha
- 13/06/2013
Tomando-se conhecimento da história do movimento socialista no Brasil, vamos encontrar a participação de figuras dotadas de extrema determinação. A começar pelos anarquistas que se fizeram presentes no início da organização política dos trabalhadores, fundando sindicatos e jornais operários. Além de organizar e dirigir vários movimentos grevistas, esses anarquistas, vindos, em maior parte, como imigrantes europeus, deram fartos exemplos de abnegação e, sobretudo, de consciência anticapitalista.
Em decorrência da Revolução Russa, em 1917, surgiu aqui uma nova literatura socialista, então chamada de marxismo. Parte dos militantes anarquistas procurou conhecer as obras de Marx, Engels, Lênin, Rosa Luxemburgo, Trotsky, tidos naquela ocasião como expoentes desse novo pensar político.
Alguns desses anarquistas aderiram ao marxismo e fundaram uma revista chamada “Movimento Comunista” e, posteriormente, isto é, em 1922, fundaram o Partido Comunista do Brasil, cujo perfil era o anticapitalismo. O caráter marxista desse partido era bastante precário e, mal haviam se afastado do anarquismo, e já, em 1928, foi imposta por Moscou uma política que se distanciava do anticapitalismo, tanto na teoria quanto nos métodos, assumindo uma postura nacional reformista.
O recém-nascido PC do Brasil afastava-se do socialismo para empunhar uma “nova teoria” da revolução brasileira, calcada no binômio: país dependente e dotado de restos feudais. A partir dessa premissa, a revolução no Brasil dar-se-ia através de duas etapas: a etapa democrática burguesa, que promoveria a libertação nacional e levaria a cabo um elenco de reformas, destacando-se a reforma agrária, como medida para expurgar os presumidos “restos feudais”. Consumada a primeira etapa, poder-se-ia passar para a revolução socialista.
Tratava-se de uma formulação desprovida de fundamentos, entretanto, muitas pessoas aderiram de corpo e alma a esse pensamento político e se dispuseram a oferecer o melhor de suas vidas para a consecução desses objetivos. O PCdoB converteu-se em um partido nacional-reformista e, apesar do equívoco, conseguiu atrair bravos e devotados militantes.
Assim foi que figuras, dentre outras, como Mário Alves, Joaquim Ferreira, Davi Capistrano, Apolônio Carvalho e o bravo dos bravos Carlos Marighela se imolaram em nome do mais profundo, porém imperceptível para eles, equívoco. Foram soldados convictos a serviço dos interesses de Moscou que não eram, desde muito, os interesses da revolução socialista.
Gilvan Rocha é presidente do Centro de Atividades e Estudos Políticos – CAEP.