São eles incompetentes?
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- Gilvan Rocha
- 17/08/2013
Há poucos anos, um certo intelectual “marxista-leninista-trotskista” veio a público com um artigo intitulado: “Elite Burra”. Não dizia se se tratava da elite do futebol ou do jogo do bicho. Porém, como uma certa esquerda, em consonância com a academia, tem substituído a palavra burguesia por elite, passamos a considerar que o autor, quando se referia à elite, estava falando da burguesia.
É necessário termos em consideração que a classe burguesa, nascida no seio do feudalismo, soube tanger os seus interesses com competência e habilidade. A sua primeira vitória deu-se quando, em aliança com o rei, conseguiu que fosse implantado o absolutismo que punha fim ao poder fracionado da nobreza e servia ao progresso da prática mercantil. Foi no capitalismo mercantilista que se deram os grandes descobrimentos marítimos, que enriqueceram a burguesia ligada a esses interesses.
Por sua vez, a burguesia, através de talentosos teóricos, elaborou um projeto para uma nova ordem econômica social. Esses teóricos, conhecidos como os “iluministas”, levaram à frente uma concepção de sociedade em contraposição à exaurida sociedade feudal. De posse de um projeto, a burguesia soube conspirar e estabelecer aliança política com os trabalhadores servis e o proletariado emergente, para levar avante suas insurreições vitoriosas. Conquistado o poder político, a burguesia tratou de consolidar esse poder, o que fez com bastante competência.
Instalado e universalizado o capitalismo, ele se desenvolveu em ritmo acelerado, desaguando em sua fase superior, o imperialismo, quando então foram criadas as condições objetivas para o advento de uma nova ordem econômica e social.
Em sua fase imperialista, o novo sistema socioeconômico, entrou em processo de exaustão e, hoje, atravessa sucessivas crises de caráter econômico, financeiro e social. A burguesia, através de seus políticos, mostra uma inequívoca competência em manter a nau capitalista flutuando, apesar das tormentas, enquanto goza de inegável hegemonia política.
Quem, portanto, é incompetente? Uma burguesia que cumpriu e cumpre o seu papel histórico, ou uma determinada esquerda, claramente expressiva, que só acumulou e acumula derrotas? É preciso refletirmos, com todo rigor, sobre esse questionamento e evitar resmungos ou falsos triunfalismos.
Gilvan Rocha é presidente do Centro de Atividades e Estudos Políticos – CAEP.
Blog: www.gilvanrocha.blogspot.com