Bloqueio a Cuba
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- Gilvan Rocha
- 21/10/2013
A ausência do livre debate impede que tenhamos uma visão clara da realidade política que atravessamos. Em nome do “marxismo-leninismo” e do “trotskismo”, lendas e mentiras foram ditas. As distorções chegam ao ridículo. Um exemplo disso está nos discursos em que as culpas dos insucessos são debitadas ao inimigo. Esse ridículo se resume em dizer: “não vencemos porque o inimigo não permitiu”.
Vimos por ocasião do golpe contrarrevolucionário de 1964, no Brasil. Sob o titulo “o golpe nasceu em Washington” dizia-se que, em caso de conflito armado, naquela ocasião, os ianques desembarcariam e impediriam qualquer êxito revolucionário. Diziam: o inimigo rasgou a Constituição e atropelou a legalidade, assim, ele era culpado de não ter dado certo o projeto da conquista pacífica do socialismo.
O mesmo argumento foi apresentado em relação ao golpe chileno de 1973, afirmando-se que o insucesso do “socialismo”, ali, deveu-se ao papel da CIA. Esquecem que as tropas ianques desembarcaram no Vietnã com oitocentos mil homens e desfecharam vários bombardeios e, mesmo assim, não impediram os vietcongues da vitória.
Outro ridículo do discurso da “esquerda direitosa” dá-se em torno do bloqueio econômico a Cuba. Mais uma vez culpa-se o cruel inimigo de não colaborar com o processo de construção de um projeto socialista. Porém, cabem algumas indagações: quando se viu Cuba, através de seu governo monocrático, fazer algum apelo dirigido aos trabalhadores da América do Norte? Por que esses trabalhadores não impediram que se desse o bloqueio a Cuba?
Não nos consta nenhum apelo, nenhum manifesto dirigido ao povo ianque. Aliás, Cuba nunca conseguiu ultrapassar os limites do “pátria ou morte, venceremos” e o discurso mais avançado, produzido neste meio século, “A Segunda Declaração de Havana”, se volta contra o imperialismo ianque e nenhuma palavra diz sobre o imperialismo canadense, italiano, francês, inglês... O que demonstra um reducionismo do conceito de imperialismo.
Por essas razões é que o capitalismo, apesar das crises, mantém a hegemonia política. Precisamos de uma esquerda anticapitalista em palavras e ações, e devemos repudiar o desvio nacionalista, decorrente da substituição do princípio da luta de classes, para se assumir o dogma de que a contradição maior está entre nações opressoras e nações oprimidas.
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Gilvan Rocha é presidente do Centro de Atividades e Estudos Políticos – CAEP.
Comentários
Eu respondo: NENHUM. A mensagem sequer chegaria aos destinatários.
O Gilvan fala como se vivêssemos num mundo onde não existe a supremacia militar dos EUA e basta boa vontade para fazer a revolução socialista.
Se é tão fácil assim, vai lá e faz!
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