Correio da Cidadania

Troppo tarde, PT

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Com a proximidade das eleições e por conta dos escândalos que cercam a Petrobrás, o PT redescobriu sua porção antiprivatista. É certo que os tucanos e a mídia que os instrui e lidera, e a mão grande e visível mercado, querem a liquidação da empresa. Os desvios que pretendem apurar são um biombo que, de tão transparente, revelam tudo.

 

Não é de se acreditar que haja alguém tão idiota a ponto de se comover com as “preocupações” do PSDB, DEM, PPS, PP, SDD et allia com a estatal. Como não é possível confiar em quem leiloou Libra, a maior reserva mundial de petróleo, se meteu no jogo do mercado internacional e ficou com um mico chamado Pasadena. Foi buscar lã e acabou sendo tosquiada.

 

Troppo tarde, PT.

 

Foram-se os dias em que o Partido dos Trabalhadores e a esquerda que em torno dele gravitava ainda resistiam à transição conservadora. Aqueles dias, tão lá atrás, quando o partido ensaiou ser corajoso e se opôs ao Plano Real, porque entendia, acertadamente, que o Plano era a adequação necessária do país para as “reformas” neoliberais que logo viriam.

 

Inês se foi.

 

Despediu-se na “Carta aos Brasileiros”, a renúncia definitiva a qualquer veleidade revolucionária, se ainda remanescesse. Parece fácil dizer, mas a realidade é tão simples assim: social-liberalismo sim, pelo socialismo, não. Ponto final.

 

Declarações de Paulo Maluf em uma recente entrevista à TV Brasil, para alguns caricata, simples bazófias e desclassificações da espécie, na verdade refletem de forma chocante o que foram e o que são esses descaminhos. O criador do cemitério de Perus, onde eram “desaparecidos” militantes políticos assassinados pela ditadura, vítimas do esquadrão da morte de Fleury, do DOI-CODI de Brilhante Ustra e indigentes, saudou o “aggionarmento” do PT e as ações dos governos do partido na área econômica, conformadas às expectativas (e exigências) do mercado. O talvez maior larápio de dinheiro público no Brasil exultou-se com a “modernidade” petista. Que epitáfio mais adequado?

 

(Constrangedor, mas revelador, foi o aparecimento do senador Suplicy fazendo uma pergunta sobre... o Programa de Renda Mínima. Deus misericordioso!).

 

Com diz o povo, o que não tem remédio, remediado está.

 

 

José Benedito Pires Trindade e Otto Filgueiras são jornalistas, sendo que Otto esta lançando o livro Revolucionários sem rosto: uma história da Ação Popular.

Comentários   

0 #2 o tão difícil óbvioLuiz Ramires 02-06-2014 12:59
É incrível como nos tempos de maior acirramento a coisa mais difícil de entender é o óbvio. parece que pra alguns o abandono da luta de classes, das mobilizções e o pragmatismo sem fim das alianças que só servem pra fortalecer a direita nao tem limites. e ai vao desviar o foco pra suposta incompetencia alheia em fazer melhor. nota-se que alguns nao percebem nada nas novas dinamicas de luta que tem surgido, as novas forças e disposições, que claramente pretendem atropelar a ex-querda e seus acordos de parasitagem do poder. uma pena, pois alguns bem intencionados (creio que nao mtos mais) vao ficar pra trás em suas velhas leituras de conjuntura, depois nao terão espaço pra pautar nada nas ruas. paciencia, mas felizmente começou a transiçao para uma luta de classes sem o ex-partido no comando. a esse, só restará os acordos com as forças conservadoras e um retrato cada vez mais deprimente da traição e colaboração de classes.
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0 #1 aposentadojovino moura filho 30-05-2014 18:38
que pobreza de análise sobre as dificuldades da atuação nos dias atuais de qualquer partido e esquerda. Apresentem-nos exemplos reais de projetos revolucionários que estejam realizando algo inovador no âmbito do socialismo. Pobre esquerda que não tem competência de construir alguma saída viável para os dias atuais. Não vale "sonhar" sem compromisso algum...
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