Correio da Cidadania

Yashin e o clone

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Agora vem o pau. Da mídia comercial que apoiou a seleção brasileira e ganhou muito dinheiro com a Copa. Da classe média reacionária que berrou Prá Frente Brasil e da própria burguesia, como se não tivessem nada que ver com a corrupção da CBF, da FIFA, da derrota de 7 a 1 para a Alemanha e de 3 a 0 para a Holanda.

 

Quanta hipocrisia.

 

O técnico Luiz Felipe Scolari, depois de apoiado por todos por ter escalado Bernard no lugar de Neymar, foi responsabilizado pela tragédia.

 

A direita, encabeçada pelos tucanos, vai tentar derrubar o governo petista, de comunistas de logotipo e outros mais. Ou alimentar a esperança de um segundo turno nas eleições presidenciais, com Aécio Neves, do PSDB ou o novo verde, Eduardo Campos, do PSB.

 

Mas futebol é assim. Se tivesse ganhado da Alemanha e depois a final, o governo federal e principalmente o PCdoB iam tentar capitalizar a conquista do hexa. Talvez desse certo por algum tempo, a exemplo do que fez a ditadura em 1970.

 

Agora, com a derrota na Copa, o clone de tucanos, petistas chapa branca e comunistas de logotipo, está mais próximo do fim.

 

De roldão, foi derrotada também a política de administrar o capitalismo “distribuindo renda”, mas na verdade cevando e engordando banqueiros e grandes capitalistas com os juros altos do Banco Central.

 

A burguesia, incluindo os tucanos reacionários, vai fomentar e tentar capitalizar a revolta nas ruas, que vai aumentar. Por isso, marxistas e comunistas precisam ter lucidez e, embora enfraquecidos, não devem recuar. Continuar criticando essa gente, mostrando ao povo que o capitalismo só provoca crises e a infelicidade da população trabalhadora. Lutando para construir, com sacrifício, o partido da classe operária, o poder operário e popular. E lembrando, em alternativa aos negócios do futebol no capitalismo, de Lev Yashin, goleiro russo e o melhor de todo os tempos.

 

Era conhecido no Brasil como Aranha Negra e Pantera Negra, na Europa, porque jogava de preto. Foi o único goleiro do mundo a ganhar a Bola de Ouro da France Football, prêmio para o melhor jogador da Europa, em 1963. Quando se aposentou, em jogo-despedida de 1971, a FIFA resolveu homenageá-lo com uma medalha de ouro especial.

 

Embora não tenha sido eleito o melhor goleiro em uma Copa do Mundo, a FIFA voltou a homenagear Yashin, em 1994, quatro anos após sua morte, batizando com seu nome o prêmio dado oficialmente ao melhor goleiro de uma Copa. O troféu Lev Yashin seria posteriormente renomeado para Luva de Ouro.

 

Yashin defendeu o Dínamo de Moscou por 22 anos, onde ingressou em 1949. Pela Seleção Soviética, jogou as Copas do Mundo de 1958, 1962, 1966 e 1970, sendo o único jogador do país a ter ido a quatro Copas.

 

Recebeu também a medalha de ouro nas Olimpíadas de 1956, na Eurocopa 1960 e defendia pênaltis sem dar rebote. A seleção de futebol soviétiva foi a primeira do mundo a enfrentar Pelé e Garrincha, o goleiro salvou-a, levando apenas dois gols. Os brasileiros marcariam cinco contra a França e outro tanto contra a anfitriã Suécia.

 

Yashin se aposentou com 42 anos, em 1971, passando a treinar equipes juvenis e a trabalhar como professor de educação física, além de ter participado das comissões técnicas do Dínamo e da seleção.

 

Em 1984, teve de amputar uma perna por causa de um problema circulatório. Dois anos depois, sofreu um AVC e morreu em 1990, com câncer de estômago. E morreu pobre. Mas seu nome ficou registrado na história do futebol como o maior e melhor goleiros de todos os tempos.

 

Em uma eleição realizada em 1998 pela FIFA, Yashin foi escolhido o goleiro do século 20. Posteriormente, em 2004, foi eleito o melhor jogador russo dos 50 anos da UEFA.

 

A importância do futebol para o Aranha Negra ficou evidenciada em uma referência que fez a uma das maiores conquistas da história da humanidade, quando disse que "a alegria de ver Yuri Gagarin no espaço só é superada pela alegria de uma boa defesa de um pênalti".

Militante do Partido Comunista da URSS,  fã do futebol brasileiro e do goleiro Gilmar, Yashin jogou 812 vezes, sendo que 326 pelo Dínamo de Moscou na liga soviética, 78 pela sua seleção nacional. Defendeu 150 pênaltis e ficou 270 jogos sem levar gol.

 

Sabia que o futebol era apenas um esporte e que o capitalismo faz do futebol e de todo o esporte um negócio como outro qualquer, para explorar na sua usura do lucro.

 

Leia também:

‘Dizer agora que a culpa é toda da CBF seria hilariante, não fosse ofensa à inteligência’ – entrevista com o historiador Marcos Alvito, um dos fundadores da Associação Nacional dos Torcedores.

*Otto Filgueiras é jornalista e está lançando, pela editora Caio Prado Junior, o livro Revolucionários sem rosto: uma história da Ação Popular.

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