São Paulo cidade global, de Mariana Fix
- Detalhes
- 21/05/2007
Na
marginal do Rio Pinheiros pode se observar uma nova e reluzente fachada
globalizada de São Paulo: arranha-céus, shoppings, hotéis, casas de espetáculo,
empreendimentos multiuso, condomínios verticais de altíssimo padrão. Uma nova
paisagem que deve pouco ao skyline de outras cidades na rota dos
negócios internacionais.
Em São Paulo cidade global: fundamentos financeiros de uma miragem, a
urbanista Mariana Fix ajuda a compreender como surgiu esta "nova São
Paulo": as conexões entre capital imobiliário e financeiro; as parcerias
público-privadas e as novas formas de exclusão social deste modelo.
Aqui, como em outras grandes cidades do mundo, os novos circuitos do capital
financeiro estimularam o boom imobiliário, transformando edifícios em
empreendimentos com títulos mobiliários, atraentes para investidores do mercado
financeiro. Exigi-se da cidade uma rentabilidade similar a de títulos e ações,
submetendo-a à lógica do capital financeiro.
Em São Paulo, contudo, as conexões entre o mercado imobiliário e o setor
financeiro deram-se de modo diferente do que nos EUA e Europa. Sem que o
mercado imobiliário paulistano tenha de fato se internacionalizado, a
construção da face global da cidade foi sustentada principalmente por grandes
investidores brasileiros, como os fundos de pensão, a maioria deles ligados à
empresas estatais. Parcerias público-privadas garantem o reforço de caixa para os
negócios imobiliários, com um fluxo permanente de recursos públicos para o
setor privado e a concentração dos poucos investimentos disponíveis para
infra-estrutura urbana na região da Faria Lima-Berrini. O Estado é mobilizado
para transformar a cidade numa verdadeira "máquina de crescimento"
para poucos, especializada em direcionar recursos públicos para alavancar
negócios privados.
É na crise do setor que se pode ver como a produção da cidade dita global pode
levar à construção de verdadeiras edificações fantasmas. Milhares de metros
quadrados construídos e simplesmente desocupados. Enquanto isso, o processo que
dá origem a essa nova cidade exige que pobres e favelas sejam removidos para
aumentar os lucros com os empreendimentos imobiliários. Ao lado de prédios
vazios, populações inteiras são desalojadas para as periferias, na condição de
novos sem-teto, moradores em situações ainda mais precárias e desumanas.
São Paulo cidade global recebeu o prêmio de melhor dissertação
brasileira em urbanismo da Associação Nacional de Planejamento Urbano e
Regional (Anpur). O livro dá continuidade ao trabalho iniciado pela autora em Parceiros
da exclusão (Boitempo, 2001), onde Mariana analisou como foi a atuação
pública e privada na produção desse novo eixo de negócios na cidade, e suas
conseqüências sociais, como a expulsão de moradores das favelas da região do
eixo da Faria Lima-Berrini para áreas de mananciais pelo próprio poder público.
Sobre a autora: Mariana Fix é pesquisadora no Laboratório de Habitação e
Assentamentos Humanos da FAUUSP, mestre em Sociologia (USP) e doutoranda no
Instituto de Economia na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Lançamento
São Paulo
30 de maio, quarta-feira, a partir das 19h
Restaurante Soteropolitano
Rua Fidalga, 340 - Vila Madalena
Tel: (11) 3034-4881
Ficha técnica do livro
Título: São Paulo cidade global: fundamentos financeiros de uma miragem
Autora: Mariana Fix
Orelha: Francisco de Oliveira
Prefácio: Flávio Villaça
Páginas: 196
ISBN: 85-7559-089-8
Preço: R$ 38,00
Editora: Boitempo
www.boitempoeditorial.com.br