Olimpíadas da corrupção NÃO!
- Detalhes
- Jean Carlos Novaes e Paulo Silveira
- 17/06/2015
Os movimentos sociais e as manifestações realizadas no ano de 2013 nos evidenciaram que, quando deixamos de lado as diferenças e nos unimos em torno de nossas semelhanças, produzimos cidadania e, com a cidadania, conquistamos nossos direitos. Foi assim que barramos o aumento das passagens e em 2014 estudantes cotistas e de baixa renda das universidades públicas e estudantes prounistas conquistaram o passe livre na cidade do Rio de Janeiro. Foi assim que denunciamos a corrupção que existia nas ações referentes à Copa do Mundo da FIFA de 2014, ganhando repercussão internacional a ponto de o ex-presidente da CBF estar preso na Suíça. Foi assim que reunimos milhões pelas ruas de nossa cidade, o que por si só já é a maior de todas as conquistas.
É chegada a hora de nos unirmos de novo e mostrarmos que a cidade é NOSSA e que o atual prefeito, Eduardo Paes, não pode entregá-la aos empresários que financiaram sua campanha eleitoral, sob o pretexto de se tratarem de obras para a realização das Olimpíadas Rio2016.
Bilhões de reais de dinheiro público que poderiam estar sendo aplicados em moradia, saúde, educação etc. são jogados pelo ralo e/ou transferidos para empresas por conta das Olimpíadas, além de crimes ambientais, desrespeito aos direitos humanos etc.
A população é ignorada e tratada como se fosse lixo pelo poder público. As supostas “parcerias público-privadas” são realizadas na calada da noite, sem nenhuma licitação ou contrato assinado entre as empresas e o poder público. O resultado é que não sabemos, nem a população nem os vereadores, quais os termos desses “acordos” que o prefeito Eduardo Paes está selando com as empresas partícipes, em nome da população da cidade do Rio de Janeiro.
Diga-se de passagem, em sua grande maioria são empresas doadoras de campanha e, “coincidentemente”, processadas na Operação Lava a Jato.
Crimes ambientais são praticados em toda a Cidade, a todo momento, com as empresas e a prefeitura desrespeitando a legislação federal, a estadual e até mesmo a municipal, sem submeter os “projetos olímpicos” aos indispensáveis estudos de impacto ambiental e às audiências públicas.
Remoções ilegais de diversas comunidades são feitas com a violação de direitos humanos matando, roubando e ferindo de morte a dignidade de milhares de famílias cariocas. No total, mais de 100 mil cariocas estão sendo atingidos por desapropriações e remoções praticadas com a utilização de pressão psicológica, uso indevido da força física e da guarda municipal - desrespeitando, de novo, as leis, pois não é atribuição da guarda municipal promover remoções - submetendo cidadãos à humilhação e opressão.
Violação de leis, de direitos e prejuízos econômicos em nome das Olimpíadas!
A cidade está cada vez mais sendo segregada, elitizada, violentada, com seu patrimônio natural em franca deterioração, pela perda de áreas verdes, lagoas, rios e mares poluídos. A população de baixa renda nunca foi tão marginalizada, excluída e massacrada pelo Estado e os governantes nunca foram tão audaciosos e descarados em seus esquemas de corrupção.
A retomada da cidade já começou na organização da sociedade, seja na Vila Autódromo, na Vila União de Curicica, no Ocupa Golfe, no Golfe Para Quem?, no Ocupa Marina, nas Assembleias Populares da Cinelândia, do Largo do Machado, do Méier, nos Coletivos de Resistência, nos Coletivos de Mídia Independente, nos Coletivos Vinhetando, Projetação e Artísticos, nos Garis em Luta, nos Bombeiros, nos Professores, nos movimentos Chega de Descaso, Respeito é Bom e Eu Gosto, MUDI - Movimento de Moradores e Usuários em Defesa do Iaserj/SUS, Viva Hoje, Comitê Popular Rio Copa e Olimpíadas, dentre tantos outros de igual importância e significado.
Temos que nos unir e no próximo dia 5 de agosto (início da contagem regressiva para os Jogos Olímpicos Rio 2016) mandarmos um claro e inequívoco aviso para o prefeito Eduardo Paes e sua turma de que a cidade do Rio de Janeiro não é um lugar sem dono, sem princípios, sem cultura, em que cada um faz o que que. Temos de deixar claro que essa cidade tem dono, sim, e somos nós, seus cidadãos!
Assim, nossa proposta não é a de produzirmos necessariamente um único evento no dia 5 de agosto, mas que façamos eventos diversos a retratarem a cultura e a demanda de cada um de nós, mas que ao mesmo tempo conversemos de tal forma que nos integremos e nos fortaleçamos, dando um sentido comum às nossas ações, nos fortalecendo e criando uma base de apoio para as lutas que se seguirão.
Olimpíadas da Corrupção NÃO!
Queremos moradia, saúde e educação!
FORA PAES!
Jean Carlos Novaes é do movimento Ocupa Golfe; Paulo Silveira é do movimento “Respeito é BOM e eu gosto”.