O jogo bem executado
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- Felipe Feijão
- 23/12/2017
O ano finda. Ao longo de seu percurso, veio à tona uma série de dados, acontecimentos e decisões no mundo político, que agora tornam cada vez mais nítido o projeto que se tenta explicitamente desenvolver. Diante do triste cenário da política brasileira, desgastada, corrompida, como se encontra o país?
Situa-se, pois, segundo estudo publicado recentemente, entre um dos mais desiguais. Qual é, portanto, a atitude do atual modelo governamental perante o escândalo da desigualdade? O filósofo Manfredo Oliveira em texto recente expõe um panorama que explica o que aconteceu após a saída do governo derrotado.
“Isso faz aparecer a natureza do que se articulou: a junção de capitalismo selvagem de rapina e do enfraquecimento das garantias democráticas. A execução do plano foi um jogo de mestres: em nome da justiça e da moralidade, fez-se um violento ataque à democracia e às garantias constitucionais. Uma vez consumado o golpe, todos os interesses articulados partem para a rapina e o saque do espólio: vender as riquezas brasileiras - em primeiro lugar, o petróleo; cortar gastos sociais, já que o que vale primeiro é o interesse do 1% mais rico”.
Nesse sentido, qual a condição dos mais vulneráveis? “No esquecimento, na marginalidade, com salários aviltantes por serviços à classe média e às empresas dos endinheirados”, diz Manfredo. Noutros termos: essa lógica perversa, diminui ou acentua, o Brasil como espetáculo da mazela da desigualdade?
Reformas, novas propostas, se apresentam como um marco que deve ser deixado. Parece que essa avalanche de novidade, que se manifesta numa agenda neoliberal, constituída de privatizações, de valorização do tecnicismo, dentre outros males, chega para acentuar cada vez mais o escândalo da desigualdade.
Ora, o discurso reformista que claramente reivindica o progresso da nação, garantida de direitos para todos, parece não dialogar com a realidade concreta de um povo que se encontra num estado semelhante a uma desolação geral, sem a oferta de condições mínimas de vida digna. A conjuntura que vigora, aparenta estar empenhada na defesa de interesses próprios numa dinâmica de constante culto ao interesse econômico, portanto, na linha de frente do impedimento de alteração dessa situação lamentável.
Felipe Augusto Ferreira Feijão é estudante de Filosofia da UFC.