Solidariedade à CNBB
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- 23/10/2018
“Nas horas de Deus, amém”, musicou meu irmão de música e caminhada Zé Vicente, tomando a expressão do meio do nosso povo.
Diante da irracionalidade Jesus se calou. Era a hora das trevas.
“O ódio é um fardo pesado demais para se carregar. Decidi ficar com o amor”, alertou Luther King.
Pois bem, os ataques à CNBB não se deram apenas na fala de Bolsonaro, dizendo que a Conferência é a “parte podre da Igreja”, junto com o Cimi (Conselho Indigenista Missionário). Nem apenas por aquele homem agredindo as pessoas na porta da sede da CNBB em Brasília.
Mas é de forma contínua, por um massivo envio de e-mails, de telefonemas, por outras mídias sociais. Agridem também os padres nas missas e houve ameaça de jogar bomba na sede. Já foi constatado que parte do ataque provém de um robô situado em Portugal.
É para intimidar e conseguem seu objetivo com as telefonistas, as recepcionistas, todos e todas que tem a tarefa do contato mais imediato com o público.
A preocupação fundamental é o que vai acontecer com os indígenas, os quilombolas, as periferias geográficas, físicas, sociais e existenciais de nosso país, caso a tendência eleitoral se confirme.
Mas, o pior mesmo é a punhalada pelas costas, daqueles que “comem o mesmo pão”, dos irmãos de episcopado. O que Dom Orani fez com a CNBB é inominável. Fico imaginando a amargura de Jesus ao mergulhar o pão no vinho e oferecer a Judas. O traidor comia do mesmo pão e bebia do mesmo cálice.
Seria bom que os bispos que são solidários a seus irmãos pudessem fazer ao menos uma carta de solidariedade à Conferência. Também nós, do povo de Deus, à semelhança da Ampliada das CEBs, podemos estar presentes.
É hora de nos solidarizarmos com essa “parte podre da Igreja”, afinal, eu faço parte dela. A solidariedade, ainda que frágil, às igrejas periféricas, que circulam pelas selvas da Amazônia, pelos interiores do sertão nordestino, pelas periferias das grandes cidades. Aí reside aquele pequeno resto, fiel ao melhor do Evangelho, ainda que tantas vezes também pecadora e machucada, como diz o Papa Francisco, também ele recebendo uma enxurrada de ataques de brasileiros.
Lembremo-nos que ao final de tudo só restam Deus e o amor prático que tivemos em vida pelos irmãos mais necessitados e pelo cuidado com a Criação que Deus nos deu para “cultivarmos e guardarmos”.
Roberto Malvezzi é agente pastoral na região do Semiárido.
Roberto Malvezzi (Gogó)
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