Correio da Cidadania

Como a pandemia colocou o encarceramento em massa em questão

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A pandemia coloca em discussão o modelo de encarceramento em massa adotado em diversos países, o fácil contágio dentro do insalubre sistema carcerário durante a pandemia tem feito surgir inéditas políticas de desencarceramento na Turquia, Irã, Indonésia, Estados Unidos e outros países, assim como uma série de rebeliões, greves e protestos no sistema carcerário. Neste artigo faço um resumo da reação no Brasil e no mundo que a pandemia tem provocado dentro das cadeias, e coloco a questão: deixaremos para morrer dezenas de milhares de pessoas dentro desse sistema racista – afinal a maioria da população carcerária brasileira é pobre e de descendência africana ou indígena – ou iremos conseguir impor mudanças nessa política eugenista e punitivista do Estado brasileiro, conquistando o desencarceramento?

A reação no cárcere a pandemia: rebeliões, protestos, greves e desencarceramento

Na semana anterior em que foi decretada a quarentena no estado de São Paulo, um dos primeiros setores a se movimentar por conta da pandemia no Brasil foi o sistema carcerário. No dia 16/03/2020 houve o maior levante coordenado de rebeliões nos presídios de São Paulo desde 2006, há registro de rebeliões em pelo menos 15 presídios do estado e se registra mais de mil e trezentas fugas nesse dia.

Na mesma semana, os educadores da Fundação Casa, que são trabalhadores terceirizados através de ONGs e não tem vínculo empregatício direto com o Estado, entraram em greve no dia 18/03 denunciando o risco de contágio que os educadores e os adolescentes estariam expostos com a continuidade das atividades normais durante a pandemia.