Correio da Cidadania

Dória e a destruição da educação durante a pandemia

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Aplicativo para aulas a distância na rede estadual de educação já ...
Na terça, dia 22 de abril de 2020, voltaram as aulas na rede estadual de ensino de São Paulo em modo de teletrabalho. Os professores precisaram baixar um novo aplicativo em seu celular pessoal (que não pode ser muito antigo, caso contrário não roda!) e dezenas de milhares permaneceram conectados na frente da telinha de um smartphone pelo menos das 8h às 16h40, com 45 minutos de almoço, com um sistema extremamente instável, travando a todo instante. Os alunos, que somam mais de 4 milhões, começaram a participar a partir desta segunda, 27.

Para além de todas as limitações de acesso, dificuldades materiais e de conexão, o Secretário de Educação, Rossieli Soares, deixou muito evidente qual é sua principal preocupação neste momento: manter o calendário escolar a qualquer custo, apesar do estado de calamidade pública e em meio a maior pandemia dos últimos 100 anos, com escalada das mortes, desemprego, fome, miséria.

A preocupação não é com a vida dos nossos alunos e de seus familiares, que vivem, em sua maioria, em condições de vulnerabilidade, passam por sérias dificuldades econômicas, sanitárias, habitacionais, alimentares e de saneamento e que, além de tudo, ainda estão sem merenda.

A preocupação tampouco é com as condições de saúde e materiais dos professores e demais servidores, que tiveram seus vale-alimentação cortados e chegaram até a perder todo o sustento por terem contratos precários com o Estado.

A preocupação não é com a formação pedagógica de nossas crianças e jovens, tendo em vista que, apesar de dizer que "a relação presencial entre professores e alunos é insubstituível", o encaminhamento prático é que as atividades por teletrabalho sigam a rotina padrão dos conteúdos curriculares e avaliações, e sejam contabilizadas todas como dias letivos comuns.

Conclusão: sem qualquer planejamento coletivo ou proposta pedagógica séria, fingimos que damos aula, os estudantes fingem que aprendem e o governo do estado terá cumprido seu papel com a "educação". Para o ex-Ministro de Temer e atual braço direito do Dória, aconteça o que acontecer precisamos manter as datas escolares intactas como se nada estivesse acontecendo. Ora, se o lema de Bolsonaro é "O Brasil não pode parar", para o seu suposto arqui-ininimigo João Dória o mote da vez é "O calendário escolar não pode parar".

No Tucanistão, a "defesa da vida" só existe enquanto um discurso retórico para se viabilizar eleitoralmente. Na realidade dos fatos, o governo paulista aproveita o momento para aumentar a jornada dos professores, a pressão, o controle, as ameaças, a cobrança e ignora que a escola pública tenha qualquer função social de amparo à vida e às comunidades diante da pandemia.

De acordo com a estratégia BolsoDória, que continua em ação, o calendário escolar "não pode parar" a fim de que um projeto de educação pública de qualidade comprometido socialmente seja de fato paralisado e desmontado.

Carolina Figueiredo Filho é professora da rede estadual paulista e militante do Coletivo Quinze de Outubro.

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