A foz do Amazonas e a transição energética
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- Roberto Malvezzi (Gogó)
- 22/06/2023
A indústria petroleira continua viva e impactante. Desde que se perfurou o primeiro poço de petróleo na Pensilvânia em 1859 (Edwin Drake), a luta por seu controle domina a humanidade. Nos movemos na era do petróleo, ou dos combustíveis fósseis, desde toda a indústria automobilística, passando pelo gás de cozinha, chegando a centenas de produtos derivados de petróleo que estão em nosso cotidiano.
Porém, a energia não veio só. Com ela vieram as guerras, as conquistas, as ditaduras, os golpes de estado, o controle das fontes energéticas pelo braço militar em todo o planeta. Foi quando muitos povos perceberam que “essa riqueza era uma maldição”. Não tiveram mais paz para viverem as suas vidas.
Agora estamos em outra época. Percebeu-se que a queima dos combustíveis fósseis não só impacta os ambientes e as populações locais, mas todo o planeta Terra, a nossa Casa Comum. Arrancado das camadas profundas da Terra, é liberado na atmosfera em forma de CO2 quando queimado para efeitos de combustível. Pior, ele não retorna para o seio da Terra, mas se acumula na atmosfera, incrementando o efeito estufa e todas as consequências das mudanças climáticas.
Por isso, junto com o desmatamento, a principal proposta de controle das mudanças climáticas, pelo menos sua mitigação, passa pela transição energética, para energias menos poluentes, que continuam impactando em nível local, mas impactam menos a atmosfera terrestre.
Portanto, vem a descoberta do petróleo na foz do Amazonas, assim como na foz do São Francisco. E, novamente, os argumentos são os mesmos, isto é, “não se pode perder essa riqueza, o petróleo é fundamental na transição energética, vamos destinar esse dinheiro para proteção ambiental e os mais pobres” e uma outra leva de argumentos que vem desde o século 19, mas que justificam a continuidade da exploração petroleira nos dias de hoje.
A tendência posta é que irão explorar o petróleo da foz do Amazonas e onde mais ele estiver. Entretanto, as consequências são absolutamente previsíveis. Estamos modificando a atmosfera terrestre, muita gente já paga com a vida essas mudanças e bilhões de outros estarão sujeitos à morte pelo calor. Sim, bilhões, esse é o último cálculo do aquecimento global acima de 1,5º C, como se tivéssemos mesmo controle sobre os cenários futuros (Um Só Planeta).
Como diz o ditado popular, “a cobra muda de pele, mas não perde o veneno”.
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