Por que não há segurança na Cidade Universitária?
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- Coletivo A USP que queremos
- 19/05/2011
Ao final do ano passado nos deparamos com uma situação estarrecedora: um estudante morreu após horas sem socorro ao lado da Reitoria da Universidade. Dia 18/05 desse ano, novamente somos surpreendidos com o homicídio de um estudante da Universidade que supostamente sofreria um assalto. Somos solidários aos familiares e amigos dessas vítimas e lamentamos muito os acontecimentos. É hora de dar um basta a esse descaso.
Ao longo desses primeiros meses do ano vimos inúmeras notícias sobre furtos, roubos e até seqüestros relâmpagos no campus. Além disso, sabemos da ocorrência de diversos casos de estupro. Falta iluminação em pontos de ônibus e diversas ruas do campus e, além disso, há muitos locais sem manutenção que se tornam grandes matagais inóspitos dentro da Universidade. Num primeiro momento, pode parecer que a saída para esse problema tão grave é o aumento de policiamento, catracas e câmeras na USP. Mas será mesmo essa a solução?
A USP Butantã é um gigantesco campus, com diversas unidades e pessoas circulando o tempo todo. O que poderia ser um pólo atrativo para a região, de integração e convívio com a comunidade universitária, na verdade é um espaço cercado, fechado à comunidade exterior a seus muros.
USP – Universidade Pública?
Não se entra na USP depois de determinado horário sem carteirinha. Não raro, a Guarda Universitária age de forma discriminatória com a população pobre e negra caso tente entrar na universidade.
Os moradores das comunidades do entorno precisam passar pelas pouquíssimas portarias e muitas vezes ser tratados de forma discriminatória dentro do campus. Não há atividades que sirvam à incorporação e acesso de qualquer pessoa que não tenha vínculo Universitário, ou seja, atraída por atividades acadêmicas (excetuando raras ocasiões).
Quando a Universidade se abre, mantém claramente seu corte social, a exemplo das maratonas privadas (Nike, Pão de Açúcar), de público seleto, que aqui ocorrem.
Como disse o diretor da FEA , a USP é um ‘aquário’, um local sujeito a crimes, porém, ao contrário do que diz, a resposta não é uma Guarda Universitária armada. Temos uma GU alheia à comunidade, preconceituosa (com homossexuais e mulheres agredidas), preocupada centralmente com a defesa do patrimônio e repressão aos estudantes.
A Reitoria ao resumir o debate em "mais polícia no campus" se exime de sua responsabilidade nesta que é a crônica de uma morte anunciada (roubos, seqüestros, morte por inadimplência). Propõe câmera e catracas ao invés de mais pontos de ônibus (inclusive se recusa a atender a demanda de ônibus circular gratuito até o metrô Butantã), iluminação, manutenção e guarda universitária preparada a nos atender.
Na verdade, o que vemos na prática é o descaso com as reais demandas e o investimento das verbas públicas naquilo que não é prioridade para a maioria da comunidade universitária – e nem para a população.
Por uma universidade pública, gratuita, de qualidade e aberta a todos e todas!
Para garantir um campus seguro é necessário, ao invés da presença da PM, um corpo de funcionários públicos da Universidade que tenha relação com a comunidade e como principal meta a prevenção de delitos. Precisamos de mais iluminação, manutenção de toda a estrutura do campus (em dia, sem matagais!) e nos abrir à comunidade que financia essa instituição pública.
Só uma USP que faça parte da realidade da cidade e que entenda de fato seu caráter público pode superar os problemas de segurança.
Militarizar a Universidade não resolve nossos problemas, restringe a autonomia universitária, não mudará a vida dos que aqui trabalham e estudam e subverte o caráter da USP que queremos.
Queremos uma segurança preventiva na Universidade, composta por trabalhadores públicos e gerida pela comunidade, com iluminação e manutenção de todas as áreas do campus, além de democracia na gestão de recursos da Universidade.
USP pública e aberta a todos!
Coletivo A USP que queremos.
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Comentários
É comprovado que a história se repete!Temos os fatos como informacoes; mas o que se tem feito para evitar? Todos sao brasileiros,todos se precisa!Entao me pergunto:O que é democracia? O que é direitos Humanos?Para que fabricas de armas?O que acham? Conhecimento nao é poder.Conhecimentos dar possibilidades.
Infelizmente a mentalidade colonialista está muito enrraizada.Que a sombra de Lampiao, se tornou Rambo ou Hulk e vivem em muitos adultos atualmente.Criancas sao tem os adultos como exemplo,entao o que esperamos?
Outro ponto é: Como será a contratação desses funcionários especiais? Haverá concurso público? Quem treinará essas pessoas para lidar com criminosos armados prontos para atirar a menor ameaça? Por que não aliar mais monitoramento por câmeras, guarda universitária existente treinada para lidar com a comunidade e policiais militares?
Não esqueçamos que policiais militares também são funcionários públicos. É lógico que o modelo de existente tem o ranço da repressão, é violenta e despreparada para lidar com as diferenças, mas, por que não treinar a polícia para o monitoramento dos campi universitários? Afinal de contas, a polícia deve ser formada para lidar com a sociedade na sua integralidade.
Precisamos mudar isso. Houve a repressão nos tristes anos da Ditadura, mas não podemos ficar parados no tempo. A polícia tem que se atualizada, educada e bem formada para atuar em prol do coletivo.
A polícia é paga por todos e deve respeitar a todos. A comunidade universitária não é somente composta por alunos, professores e funcionários. A universidade precisa receber investimentos que ampliem a segurança e o bem-estar de todos que por ela circulam. A universidade é de TODOS os brasileiros, pois todos nós pagamos impostos.
Se vive-se em tempo de paz!
Melhor evitar do que remediar!
Com satisfação postamos esta matéria em http://seaf-filosofia.blogspot.com/ ressaltando que esse tipo de Problema é frequente nas universidades brasileiras, especialmente naquelas que estão em campus. Vale anotar que, a nosso ver, a "reengenharia" que levou à terceirização de serviços é a grande responsável por isso. Diz-se que terceirizam-se serviços "não essenciais". E o que são serviços essenciais? Vale debater os conceitos na área da administração do campus, exatamente como se debate no hiato da sala de aula!
Sigam.
O Brasil precisa dessa atitude.
Abraço!
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