Terrorismo na USP: tentaram mandar o Sintusp pelos ares
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- Celso Lungaretti
- 18/01/2012
Já não é mais uma escalada autoritária o que se vê na Universidade de São Paulo: agora se trata de um processo de fascistização plenamente configurado, cada vez mais agressivo e de conseqüências imprevisíveis.
As ocupações militares da USP e da cracolândia são as duas faces da mesma moeda: a tentativa de reabilitar o recurso abusivo à força como solução para tudo e dissuasivo a ser empregado contra todos.
Não foi por acaso que um herdeiro espiritual da ditadura militar completou a chapa de José Serra na última eleição presidencial. Nem é por acaso que a identidade política do novo governo de Geraldo Alckmin esteja sendo dada... pela Polícia Militar!
Como nos antecedentes da última quartelada, a oposição começa a rondar as portas de quartéis. Três derrotas acachapantes e a possibilidade de uma quarta em 2014 estão enlouquecendo os tucanos, que cada vez mais se transformam em corvos.
Se não reagirmos de imediato e com máxima firmeza, as consequências, adiante, serão as mais nefastas. O ovo da serpente já eclodiu, mas ainda estamos em tempo de esmagar o réptil.
Da horda de invasores do Serra à tropa de ocupação do Alckmin
Na USP, o quadro veio se agravando ano a ano, mês a mês, dia a dia, até chegar-se ao quadro atual, que é assustador. O reinício das aulas ocorrerá sob os piores augúrios.
Em 2007 (vejam aqui), o ex-governador José Serra tentou impor-lhe quatro decretos autoritários e foi obrigado a recuar pela vigorosa defesa da autonomia universitária por parte de estudantes, professores e funcionários.
Atentado ao Riocentro, em 1981: o feitiço virou contra o feiticeiro
A gestão de Serra foi também marcada pela volta da repressão mais brutal contra manifestantes e pela permissão para invadir e agredir, concedida a contingentes policiais extremamente identificados com a ditadura de 1964/85. É patético que, ex-presidente da UNE, ele tenha agido exatamente como os inimigos que então o perseguiam e por causa dos quais teve de procurar o exílio.
Como legado, Serra deixou a USP entregue a quem os membros do Conselho Universitário e dos Conselhos Centrais não queriam como reitor, tanto que o preteriram na lista tríplice, por saberem muito bem que lhe faltavam méritos acadêmicos e sobravam convicções ultra-direitistas: João Grandino Rodas. Desde o notório Paulo Maluf, nenhum governador de São Paulo afrontava a posição dos Conselhos, deixando de escolher o primeiro colocado da lista.
Tido como integrante da medievalista e anticomunista Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade, Rodas desconversou ao ser indagado sobre isto numa entrevista. Foi membro da Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos, quando conseguiu encontrar pretextos até para negar a responsabilidade dos carrascos da ditadura em casos notórios e indiscutíveis como os de Stuart Angel e Edson Souto. E, ao dirigir a Faculdade de Direito da USP, requereu o assalto da Polícia Militar àquela unidade e perseguiu de forma tão atrabiliária seus desafetos que acabou sendo declarado persona non grata pelos acadêmicos.
Coerentemente, Rodas aproveitou a primeira chance que teve (o assalto e morte de um estudante) para completar a obra de Serra, concedendo à PM, desta vez, permissão para ocupar e provocar.
A sucessão de intimidações e humilhações a que a tropa de ocupação submeteu os universitários causou uma revolta espontânea contra a PM, seguida de mais repressão, mais abusos de poder e mais reincidências nas práticas ditatoriais: em dezembro foi o famigerado decreto 477 que se reeditou na prática, ao expulsarem-se sumariamente seis estudantes.
E, como o terrorismo oficial vem sempre acompanhado do oficioso, ecos do frustrado atentado ao Riocentro ressoam na denúncia do Sindicato dos Trabalhadores da USP, de que acaba de ocorrer uma "criminosa tentativa de sabotagem no Sintusp": quando os funcionários chegaram para trabalhar no dia 12, encontraram pastas e documentos revirados e todos os botões do fogão industrial abertos, sem que tivessem sido violados os cadeados de entrada nem as fechaduras das portas que dão acesso à entidade e salas internas.
Funcionários e estudantes se recordam de terem visto, na véspera, vigilantes da empresa Evik e policiais à paisana rondando o sindicato.
SNI do Rodas espiona até os diretores de unidades da USP
Em sua nota, o Sintusp destaca que a ação terrorista ocorreu na seqüência dos seguintes episódios recentes:
- dia 6 - uma estudante grávida foi agredida por integrantes da Guarda Universitária na presença de PMs;
- dia 9 - diretores do Sintusp discutiram com guardas universitários e PMs, ao defenderem o estudante Nicolas Menezes Barreto da agressão do sargento André Ferreira;
- dia 9 – a revista Fórum publica (veja aqui) relatórios da espionagem a que estão sendo submetidos sindicalistas, professores, estudantes e até diretores de unidades da USP (o que, por si só, já é motivo mais do que suficiente para Rodas ser afastado do cargo).
Termina assim a nota da diretoria colegiada plena do Sintusp sobre o ato terrorista:
“Este é o último capítulo de uma tragédia anunciada pela assinatura de um convênio que perpetua a PM em nossa universidade, como parte de uma verdadeira ofensiva repressiva feita por parte da reitoria e do governo, que se dá através de processos administrativos, criminais e ações de espionagem contra os diretores e ativistas do sindicato e estudantes que lutam em defesa de uma educação pública, gratuita e de qualidade para todos.
Assim, denunciamos esta criminosa atitude de ataque ao Sintusp e responsabilizamos a reitoria e o governo pela integridade física de todos.
Finalmente, pedimos as entidades sindicais, populares, estudantis, intelectuais e parlamentares a manifestarem repúdio a mais essa ação criminosa e devida apuração dos fatos, conseqüentemente, a responsabilização de seus autores”.
A entidade sugere o envio de mensagens às seguintes autoridades:
- secretário estadual de Segurança Pública, Antônio Ferreira Pinto (Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.);
- reitor João Grandino Rodas (Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.);
- procurador-geral de justiça Fernando Grella Vieira (Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.); e presidente da Assembléia Legislativa, deputado Barros Munhoz (Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.).
Celso Lungaretti é jornalista e escritor.
Blog: Náufrago da Utopia.
Comentários
Escrever este artigo posando de esquerdista anti serra, é fácil, pois tirando um ou outro (aliás estes se manifestam mais, como vemos aqui no próprio Correio).
como pode alguém, como Celso Lungaretti se dizer de esquerda e compartilhar, em questões que não esta coturnada na USP, de opiniões com pensadores emblemáticos da direita brasileira como são Merval Pereira (colunista d'O Globo)e o geógrafo anti Milton Santos, o geógrafo Demétrio Magnoli.
Explico: Celso Lungaretti, já buscando alguma visibilidade, resolveu oferecer-se como "anti candidato" para fazer parte desta mentirosa Comissão da Verdade, urdida no clube militar e aceita por DiLLma e ainda chamando as iniciativas contrárias a esta farsa, por parte do Grupo Tortura Nunca Mais e as da digna dep. Luíza Erundina, como ações panfletárias. E ainda dizia este candidato de mais um partido que se diz de esquerda, mas não faz jus ao que se propõe, e desenvolve a tese, recentemente defendida pelo Merval pereira em sua coluna, que não devemos exigir a punição dos torturadores, "pois em algumas coisas não vemos mexer". Celso Lungaretti diz (e tenho cópia de e-mail dele defendendo o que vai a seguir) que "não devemos privar de liberdade, prendendo velhinhos já no fim da vida, pois seria desumano".
E, atualmente, de acordo com o, a meu ver, politicamente execrável Demétrio Magnolli, Celso Lungaretti faz a campanha contra Cuba, exigindo o "direito de ir e vir" (mesmo que seja as custas de grana dos EUA) da blogueira-que-faz-o-discurso-d a-CIA (mas não é da CIA, segundo o "bem informado" Celso Lungaretti), como mais uma maneira de atacar o Regime Cubano que, se pelo qual não nutro grandes concordâncias no atacado, não ieri atacar no varejo, co0mo se não tivesee a Revolução Cubana também legado coisas boas para seu Povo, além de serem ainda, uma resistência ao império, o que cada dia é mais necessário.
Enquanto defende a pauta da direita, Celso Lungaretti esquiva-se e nega uma linha que seja na defesa da libertação dos 5 cubanos presos ilegalmente nos EUA, por terem denunciado atividades clandestinas de treinamento para militar armado anti cubanas, em solo da maior democracia do mundo.
Este é o Celso Lungaretti real, o do artigo para conquistar os votos da juventude, denunciando o massacre da USP, é aquele que joga para a platéia, em busca de visibilidade eleitoreira.
Gosto de sua forma de pensar, mas não posso acreditar ou imaginar que drogaditos sejam pessoas saudaveis à sociedade.
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